Acúmulo de 200 gatos em casa de SC gera denúncia de vizinhos
Uma situação dramática é denunciada por vizinhos de uma idosa em Ibirama, no Alto Vale do Itajaí. Uma equipe do projeto Cadeia Para Maus-Tratos acompanha a situação envolvendo mais de 200 gatos e busca encontrar uma solução para o acúmulo de animais na localidade.
Ao portal ND Mais, Neusa Pasta, uma das integrantes do projeto, informou que os animais vivem em um tipo de colônia, procriando e fazendo as necessidades nas residências e terrenos locais, o que gera um forte odor e mau cheiro na área.
A casa em questão está situada na região central de Ibirama, próximo ao Rio Hercílio, com acesso inclusive ao Paço Municipal e outros órgãos de representação.
De acordo com Neusa, a idosa está em situação de vulnerabilidade, uma vez que apresenta comportamentos que indicam transtorno de acumulação envolvendo os animais.
Quem passa pela localidade encontra uma grande quantidade de gatos espalhados em cima de casas, na área verde próxima ao rio e em pequenas tendas. A protetora ainda relatou a presença de felinos que aparentam doença de pele e pelos escassos, fora outros animais com deficiência.
“As pessoas param para olhar de tanto gato que tem na margem do rio. Quando bate a fome, eles acabam indo nas casas e, se tiverem acesso ao sótão, lá nascem os filhotes”.
Neusa relatou que os familiares da mulher buscam auxiliar no caso, se colocando à disposição para ajudar e custear os exames necessários de Fiv e Felv dos animais, para encaminhá-los para a adoção responsável. Contudo, a idosa também passou a impedi-los de entrar no local e não se comunica mais com eles.
“Ela consegue tratar [os gatos], às vezes leva médicos veterinários, mas é um rito. Como não são castrados, eles podem ter de três a quatro filhotes em cada ninhada. É uma casa tomada pelos gatos. O odor de fezes no centro da cidade é insustentável”, disse.
Ela explicou ainda que alguns gatos podem apresentar zoonoses, doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas, caso não tratados de forma adequada, como é o caso em questão.
Moradores denunciaram caso para as autoridades
De acordo Neusa, o caso já é monitorado por protetores da cidade há algum tempo, e que os mesmos fizeram várias solicitações junto aos órgãos municipais de fiscalização e bem estar animal. Uma reunião sobre o assunto teria ocorrido em fevereiro de 2023.
Ela relatou que a demanda chegou a ser levada para à Câmara Municipal durante uma das participações dos representantes da Proteção Animal. Na audiência, abordaram a questão dos locais que acumulam animais na cidade, gerando focos de doenças e reproduções descontroladas.
Conforme a integrante do Cadeia Para Maus-Tratos, no dia 11 de outubro deste ano, ela foi até a casa da idosa fazer uma visita, acompanhada de um médico veterinário voluntário, para tentar verificar a situação dos animais. Contudo, foram impedidos de entrar no local.
Em um ano e dez meses, a equipe teria realizado várias conversas junto à Prefeitura Municipal e com conselhos, para tentar resolver a questão do acúmulo de gatos na região. Porém, segundo Neusa, nenhuma atitude foi tomada.
Ao ND Mais, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ibirama encaminhou uma nota, em que diz não possuir amparo legal para solucionar o problema no momento.
“No entanto, está trabalhando em parceria com a 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Ibirama e o Conselho do Bem-Estar Animal de Ibirama na busca por alternativas. Já foram realizadas diligências ao imóvel pelo promotor de justiça, considerando que os agentes de Vigilância Sanitária do município e representantes de Ongs (Organizações Não Governamentais) de proteção animal não são autorizados a entrar no imóvel”, informou em nota.
Situação precária de acúmulo de gatos foi apresentada ao MPSC
A equipe do Cadeia Para Maus-Tratos encaminhou um ofício ao MPSC (Ministério Público de Santa Catarina), em que denuncia a precariedade do acúmulo de gatos em Ibirama e apresenta um planejamento de como lidar com a situação quando está relacionada à acumuladores.
O MPSC informou que foi instaurado uma notícia de fato, procedimento preliminar, para apurar a situação envolvendo os animais na casa ocupada por uma idosa em Ibirama.
“Fizemos algumas diligências iniciais necessárias, evoluímos e estamos com Inquérito Civil para instaurar nos próximos dias, cuja situação é de acúmulo de animais”, explicou.
Neusa relembrou ainda sobre uma emenda de R$ 100 mil enviada ao município para a castração de animais e controle populacional de colônias de gatos.
De acordo com a protetora, esse valor está parado na conta municipal desde maio. Ela diz ter tentado falar com a secretaria de administração para a liberação do recurso, já que o prazo antes do período eleitoral estava prestes a terminar. Porém, ela alega que nada foi feito antes, e nem após a campanha.
Sobre o recurso citado, a Prefeitura Municipal alega que só recebeu o valor três dias antes do início do período eleitoral, e disse que um projeto de lei foi encaminhado para a Câmara de Vereadores para autorizar o repasse para a entidade que ficará responsável por prestar o serviço.
A Ong Quem Ama Castra possui atualmente um termo de colaboração aberto com o município no valor de R$ 50 mil, e precisa prestar contas para acelerar o novo contrato, no valor de R$ 100 mil.
“A entidade já está elaborando o plano de trabalho. O processo de finalização e assinatura do novo termo deve ser finalizado no mês de novembro”, informou a direção da Quem Ama Castra.
Risco de doenças preocupa vizinhos
Não é apenas o odor forte das fezes dos animais que afeta os vizinhos. Neusa informou manter contato com diversos moradores atingidos pela situação precária envolvendo os animais. O risco de doenças como sarnas e problemas de pele já foi identificado na cidade.
Neusa comentou que na semana em que esteve na localidade, foi surpreendida por avisos de surto de escabiose em escolas, inclusive em uma creche próximo à casa onde os gatos vivem.
“Como os gatos são itinerantes, há possibilidade da sarna ter vindo daí. O marido de uma das vizinhas está com um problema de pele há algum tempo, que não consegue identificar, e a gente já pediu uns exames mais especializados”, comentou.
A equipe do Cadeia Para Maus-Tratos segue monitorando a situação e diz esperar encontrar uma solução junto aos órgãos competentes.
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