Clima reduzirá produção negra, diz dono da Café di Preto – 14/11/2024 – Café na Prensa
Fundador de uma torrefação que tem como objetivo fortalecer o papel de pessoas negras na cadeia produtiva do café, Raphael Brandão diz que uma das consequências das mudanças climáticas na agricultura será uma redução da produção negra de café, uma vez que esses agricultores são, em geral, donos de pequenas propriedades e não têm tantas condições de mitigar os impactos quanto os grandes fazendeiros.
Dono da Café di Preto, ele afirma que, se tivesse que escolher um café para tomar pelo resto da vida, escolheria um conilon do Espírito Santo que ele mesmo torra.
Esta é a seção “Um Café e Dois Dedos de Prosa”, na qual toda semana alguma personalidade –seja especialista ou mera apreciadora– responde cinco perguntas sobre a bebida.
Confira abaixo a entrevista com Brandão. Aliás, se você, leitor, pudesse indicar qualquer personalidade para participar desta seção, quem gostaria de ver por aqui?
Um café e dois dedos de prosa com… Raphael Brandão
1. Se tivesse que escolher um café para tomar pelo resto da vida, como seria?
Eu escolheria meu café conilon Rita de Cássia, lá das montanhas do Espírito Santo, do produtor Luis Carlos Gomes e torrado por mim. [risos] Acho um café perfeito para beber todo dia sem enjoar, com um sensorial muito fácil de beber e também aquela dose extra de cafeína para ter um dia produtivo.
2. O que não pode faltar na sua pausa para o café?
Acho que não pode faltar alguém para conversar. Mesmo na correria do dia a dia é sempre muito bom quando consigo tomar café antes do trabalho com minha namorada.
3. Qual sua cafeteria preferida no mundo?
Eu não sou um grande frequentador de cafeteria, mas de todas que eu fui na vida, acho que a Verso Café, em Pinheral (RJ), e a Laylow em São Paulo. E não falo porque trabalham com meu café, mas porque foram ambientes muito acolhedores e receptivos, e com muita coisa gostosa para consumir.
4. O café do futuro será…
Pelos rumos que estamos tomando em relação à crise climática, teremos um café na sua produção cada vez mais desigual, onde só os grandes produtores terão como mitigar os impactos climáticos, reduzindo muito da produção negra de café, que em sua maioria são de agricultura familiar. Eu quero estar muito errado, mas as projeções desse cenário são desanimadoras.
5. Se pudesse escolher qualquer pessoa, com quem gostaria de tomar um café e ter dois dedos de prosa?
Tem muita gente com que eu gostaria de tomar café e bater papo, mas, se pudesse ser alguém que já partiu, escolheria tomar café com Dona Laudelina de Campos, mulher negra pioneira na luta pelo direito das trabalhadoras domésticas. Acho que sairia desse café com uma sabedoria absurda. Dona Laudelina foi uma brasileira muito fora da curva no sentido de pensar na vitória do coletivo. Iria agregar demais na minha caminhada dentro do café, mesmo ela não sendo do café.
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