Valentina Herszage, aos 26 anos, consolidou-se como uma das principais atrizes da nova geração do cinema brasileiro. Nascida no Rio de Janeiro, a atriz sempre teve uma conexão intensa com a arte, influenciada pelo ambiente familiar e por sua curiosidade natural pelo mundo. Desde a infância, Valentina demonstrava interesse pela interpretação, o que a levou, ainda muito jovem, a ingressar em uma escola de musicais. Aos 15 anos, protagonizou o longa-metragem “Mate-Me Por Favor”, dirigido por Anita Rocha da Silveira, o que lhe rendeu o Troféu Redentor no Festival do Rio e o prêmio Bisatto D’Oro no Festival de Veneza. Desde então, sua trajetória tem sido marcada por atuações intensas e uma dedicação exemplar ao ofício, culminando no protagonismo de Vera Paiva no filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e indicado a três categorias no Oscar 2025.
A atriz vive, neste momento, a expectativa de um reconhecimento inédito para sua carreira e para o cinema brasileiro. O filme “Ainda Estou Aqui” concorre a Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva. O impacto do longa transcendeu as telas e despertou o interesse de diversas gerações pela história recente do Brasil. Valentina tornou-se, assim, um símbolo dessa conexão entre a juventude atual e a memória coletiva, ao interpretar com sensibilidade o papel de uma jovem que presencia a prisão do pai durante a ditadura militar no Brasil.
Paralelamente ao sucesso nas telonas, Valentina também conquistou espaço no universo da moda, sendo escolhida como capa da edição de fevereiro da revista Glamour. Sua presença na publicação destaca sua versatilidade e sua capacidade de transitar com naturalidade entre o cinema e a moda, evidenciando um estilo autêntico e marcante.
A imersão de Valentina no papel de Vera Paiva e o impacto de ‘Ainda Estou Aqui’
A construção da personagem Vera Paiva exigiu de Valentina um mergulho profundo na história da família Paiva e no contexto político da ditadura militar brasileira. O filme retrata a ausência paterna após a prisão de Rubens Paiva e a luta de sua esposa, Eunice, para manter a família unida. Para dar vida a Vera, a atriz buscou compreender não apenas os aspectos históricos, mas também as emoções complexas que permeiam o cotidiano de uma família dilacerada pela repressão.
A preparação incluiu encontros com Vera Paiva e outros familiares, além de leituras e pesquisas sobre o período. Valentina destacou a importância de não estereotipar a dor da personagem, mas sim de transmitir a perplexidade e o sentimento de desorientação comuns àqueles que viveram essa realidade. O filme foi gravado em diversas locações no Rio de Janeiro e em São Paulo, com cenas que recriaram fielmente o ambiente da época, desde os figurinos até os objetos de cena.
A repercussão internacional do longa foi imediata. Após a exibição no Festival de Veneza, onde foi aplaudido de pé por mais de dez minutos, “Ainda Estou Aqui” passou a ser considerado um forte candidato ao Oscar. Valentina relata que recebeu mensagens de espectadores de países como Alemanha, Canadá e França, que se emocionaram com a história e destacaram a relevância do tema para a preservação da memória histórica.
O trabalho de preparação e a dinâmica com o elenco
A preparação do elenco foi um dos aspectos fundamentais para o sucesso do filme. Sob a orientação de Amanda Gabriel, os atores passaram por uma imersão intensa nas dinâmicas familiares e na compreensão do contexto sociopolítico da época. Valentina, como a primeira atriz escalada, participou ativamente dos testes com os atores que interpretariam seus irmãos na ficção.
O elenco contou ainda com Selton Mello e Fernanda Torres, dois ícones do cinema nacional, além dos jovens atores Guilherme Silveira e Cora Mora, que estrearam em papéis de destaque. A atriz revelou que a troca com os colegas foi enriquecedora e que a amizade construída nos bastidores refletiu-se na química vista nas telas. O diretor Walter Salles, conhecido por sua sensibilidade na condução de histórias familiares, permitiu que os atores improvisassem em algumas cenas, o que conferiu maior autenticidade às interações.
Durante as gravações, momentos marcantes ficaram gravados na memória da atriz. Entre eles, a filmagem da cena “Take Me Back To Piauí”, que retrata uma das últimas manifestações de alegria da família antes da prisão do patriarca. A cena foi gravada no Aterro do Flamengo, com a participação de dezenas de figurantes e um cuidado minucioso com a ambientação.
O impacto cultural e político de ‘Ainda Estou Aqui’
O filme “Ainda Estou Aqui” aborda uma temática sensível e, ao mesmo tempo, necessária: as marcas deixadas pela ditadura militar nas famílias brasileiras. O longa não foca na violência direta, mas nas consequências emocionais e nas lacunas deixadas pela ausência de entes queridos. A narrativa destaca o cotidiano dos Paiva e as estratégias utilizadas pela mãe, Eunice, para proteger os filhos e manter viva a memória do marido desaparecido.
Para Valentina, a possibilidade de participar de uma produção com essa relevância histórica foi um privilégio. Ela enfatiza que sua geração nem sempre tem acesso a informações detalhadas sobre o período e que o cinema cumpre um papel fundamental na transmissão desses conhecimentos. O impacto educacional do filme foi sentido nas redes sociais, onde jovens passaram a compartilhar reflexões e questionamentos sobre a ditadura.
O Brasil tem um histórico de produções que abordam esse tema, mas poucas conseguiram alcançar o reconhecimento internacional obtido por “Ainda Estou Aqui”. O longa foi exibido em mais de 20 festivais ao redor do mundo e recebeu críticas positivas de veículos especializados, que destacaram a atuação de Valentina e a direção sensível de Salles.
A relação de Valentina Herszage com a moda e sua estreia na capa da Glamour
Além do sucesso no cinema, Valentina tem se destacado no universo da moda. Sua escolha como capa da revista Glamour em fevereiro de 2025 marca o início de uma nova fase em sua carreira. A atriz sempre demonstrou interesse pelo tema, influenciada pela mãe, que foi professora universitária de moda, e pela avó, que possuía uma loja de bijuterias.
Nos eventos de divulgação de “Ainda Estou Aqui”, Valentina chamou atenção por suas escolhas de figurino. Durante o Festival de Veneza, ela optou por um vestido preto clássico, em respeito à temática do filme, evitando extravagâncias que pudessem desviar a atenção da mensagem central. Sua stylist, Rita Lazzarotti, destacou a preocupação da atriz em alinhar suas escolhas de moda com o contexto das produções em que trabalha.
A conexão entre cinema e moda é, para Valentina, uma forma de expressão artística. Ela acredita que ambos os setores refletem as mudanças culturais e sociais, dialogando com o momento histórico vivido pela sociedade.
Projetos futuros e novos desafios na carreira
Com o sucesso de “Ainda Estou Aqui”, Valentina já tem novos projetos confirmados. Um deles é o filme “As Polacas”, que aborda a trajetória de mulheres polonesas trazidas ao Brasil no início do século XX. O longa retrata as dificuldades enfrentadas por essas imigrantes e suas estratégias de resistência. Além disso, a atriz participará da comédia “Coisa de Novela”, uma homenagem aos 60 anos da teledramaturgia brasileira.
Valentina também manifestou interesse em dirigir no futuro. Durante entrevistas recentes, ela comentou sobre sua curiosidade em explorar os bastidores e compreender mais profundamente o processo de criação cinematográfica.
A importância histórica e social da trajetória de Valentina e do filme
O filme “Ainda Estou Aqui” não é apenas um sucesso de bilheteria e crítica, mas também um instrumento de reflexão sobre a memória nacional. A trajetória da família Paiva representa a de milhares de outras que enfrentaram situações semelhantes durante a ditadura militar. Valentina acredita que a arte tem o poder de humanizar essas histórias, tornando-as acessíveis a diferentes públicos.
Para a atriz, interpretar Vera foi um processo de aprendizado e amadurecimento. A relação com Fernanda Torres, Selton Mello e os demais colegas de elenco fortaleceu sua compreensão sobre o papel do cinema na preservação da memória e na formação crítica da sociedade.
Principais momentos e desafios nas filmagens de ‘Ainda Estou Aqui’
As filmagens de “Ainda Estou Aqui” foram repletas de momentos marcantes e desafios técnicos. Algumas das cenas mais complexas exigiram o fechamento de ruas no centro do Rio de Janeiro, para recriar a atmosfera dos anos 1970. O diretor Walter Salles optou por utilizar câmeras analógicas em determinadas sequências, buscando um efeito visual que remetesse à época retratada.
Entre os desafios enfrentados pela equipe, destaca-se a gravação das cenas que retratam a prisão de Rubens Paiva. A emoção dos atores foi evidente, e Valentina revelou que precisou de alguns minutos para se recompor após as filmagens.
Curiosidades sobre o filme e a atuação de Valentina Herszage
- O filme foi gravado em ordem não cronológica, com as primeiras cenas sendo registradas apenas nas últimas semanas de filmagem.
- Valentina teve aulas de dança para interpretar cenas de festas e reuniões familiares, adaptando sua linguagem corporal ao estilo da época.
- Durante as gravações, a equipe contou com consultores históricos para garantir a precisão dos fatos representados.
Estatísticas e dados sobre o impacto do filme
- O longa foi exibido em 50 salas de cinema no Brasil na semana de estreia.
- Mais de 2 milhões de espectadores assistiram ao filme nas primeiras quatro semanas.
- A produção arrecadou R$ 30 milhões em bilheteria até janeiro de 2025.
Cronologia de eventos relevantes na carreira de Valentina Herszage
- 2004: Início das aulas de teatro musical no Rio de Janeiro.
- 2015: Protagoniza “Mate-Me Por Favor” e recebe prêmios nacionais e internacionais.
- 2023: Inicia as gravações de “Ainda Estou Aqui”.
- 2024: Lançamento do filme e reconhecimento internacional.
- 2025: Indicação ao Oscar e capa da revista Glamour.
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