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12 Mar 2025, Wed

Pode fazer sexo em altas montanhas? – 12/02/2025 – É Logo Ali


Sabe aquela sensação de euforia que, depois de uma grande conquista, leva a gente a agarrar a pessoa mais próxima, cobri-la de beijos e querer sair pulando, rindo e arrancando as roupas rumo ao matinho mais próximo? Bom, essa descarga de adrenalina, serotonina, endorfina e mais um monte de pílulas de felicidade, que não pesam na mochila e aliviam todos os perrengues passados, podem levar a situações bem estranhas quando estamos numa montanha, cheios de tesão e amor para dar —mas, ao mesmo tempo, exaustos, suados, semi-congelados, cobertos de lama ou rodeados de insetos ávidos por nossos fluídos. Pronto, passou o tesão. Mas será que passa mesmo?

Por óbvio, quando pensei no tema desta prosa, fui atrás de especialistas em alta montanha, esses seres que vivem muito acima do nível do comum dos mortais a maior parte de suas vidas de adultos saudáveis. E a maioria fugiu da conversa ou, como o montanhista e guia de altas montanhas Moeses Fiamoncini, disse que nos mais altos picos, “as pessoas estão mais preocupadas em sobreviver”. Compreensível, convenhamos, quando você está na zona da morte, acima dos 8 mil metros de altitude. Mas sempre é bom lembrar que de lá se desce o mais rapidamente possível.

Vale aqui um alerta, dado pelo também montanhista e guia Pedro Hauck: se o leitor está imaginando um momento caliente nos acampamentos do Everest, melhor poupar a camisinha. Para os sherpas, guias que viabilizam as escaladas mais difíceis no Himalaia, o Sagarmatha, como eles chamam a montanha mais alta do mundo, é sagrada e lá não se deve praticar safadeza. Afinal, o nome nepalês significa “deusa mãe do mundo”. E com mãe dos outros, é sabido, não se tomam certas liberdades.

No livro “Viciado no perigo”, Jim Wickwire e Dorothy Bullet relatam o caso de um casal de amigos flagrados por sherpas praticando o ato sexual no Everest —e responsabilizados por um acidente que ocorreria na montanha logo depois. Essa mãe é brava.

Extremos à parte, fui perguntar a uma médica que uniu a paixão pelo montanhismo à carreira como é esse negócio de sexo em montanhas. Juliana Schlaad, mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e pós graduada em Medicina em Expedição e Natureza pela Royal College de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, é montanhista amadora desde 2007 e sobe altas montanhas desde 2015.

“Do ponto de vista fisiológico, é seguro fazer sexo em um ambiente de alta montanha, desde que o praticante tenha condições físicas para isso”, afirma Juliana. “Um indivíduo que se prepara fisicamente para praticar montanhismo em altitude muito provavelmente está apto, do ponto de vista cardiovascular, para praticar sexo, pois geralmente está acostumado a um regime rigoroso de treino de resistência aeróbica”, completa.

Mas, aí, a doutora solta o alerta: “Mesmo assim, vale ressaltar que a exaustão física e a desidratação aumentam a chance de desenvolver doenças agudas relacionadas à altitude, por isso é importante que os montanhistas mantenham-se bem hidratados e evitem atividades muito extenuantes até que estejam bem aclimatados”.

Além do cansaço, ela cita o risco de congelamento de extremidades. “Em alta montanha, em alguns casos de temperaturas extremamente baixas, alguns minutos apenas de exposição da pele ao ar frio ou ao gelo podem causar lesões muito graves, incluindo perda de função e até amputação”, explica. E, sim, é isso mesmo que o leitor pensou: “Há relatos em literatura médica de congelamento de pênis e nádegas. Portanto, deve-se ter cuidado ao despir-se e, preferencialmente, não fazer isso em um ambiente aberto”, resume.

Para a também médica R., que pede para não se identificar, importante é identificar a capacidade de cada um. “A partir de 3.000 metros de altitude, a quantidade de oxigênio por metro cúbico começa a ficar mais rala, há a chamada hipóxia hipobárica, e aí o limite é seu cansaço e sua aclimatação”, afirma, contando que já fez sexo a caminho de um cume, mas ainda “a uns 2.000 metros de altitude apenas”.

“Sempre é uma boa oportunidade de ter uma troca legal com alguém, né?”, brinca a médica, acrescentando que tudo “depende do feeling da pessoa com quem você está, se você está escalando com um amigo, vocês nunca tiveram tesão, mas aí o tesão surgiu ali no momento e tal, porque é muito excitante, empolgante fazer isso, por que não?”

Para a montanhista e palestrante Thais Pérola Caviccchioli, a grande preocupação envolvida numa boa transa na montanha é a higiene. “Você vai estar numa barraca há dias, tem que ver como vai se limpar de forma segura, não só pelos cheiros, mas pela saúde, se vai querer sair para fazer xixi logo depois do sexo, como vai ser e tal”.

Ela, que percorreu mais de 208 quilômetros no Himalaia a pé e sozinha, avalia que “o complicômetro é realmente a respiração”.

“No Himalaia, tentei usar muitas técnicas de respiração que eu ensino, para manter a mente em paz, não ficar ansiosa, você trabalha várias velocidades de respiração, e eu não conseguia fazer. Quando tentava respirar mais rápido ou profundo, não conseguia pela falta de oxigênio. Então, eu acho que a principal dificuldade lá em cima é justamente isso, você já respira diferente, e respirar diferente no sexo dá uma piorada no desempenho”.

Por outro lado, ela ressalta que, se o processo de aclimatação já exige muita energia de seu corpo, tudo é uma questão de custo versus benefício. “Há ônus e bônus, né? Tem o ônus de que você está a gastar energia que usaria para subir a montanha ou se aclimatar para fazer sexo. Mas, por outro lado, a injeção dos hormônios serotonina e endorfina te dá um gás a mais para caminhar no dia seguinte. Ou seja, tudo é uma questão de equilíbrio e de identificar o momento em que vai dar para transar sem problemas”.

Então é isso. Calculando direitinho, tudo vai dar. Ou não.

Sabe aquela sensação de euforia que, depois de uma grande conquista, leva a gente a agarrar a pessoa mais próxima, cobri-la de beijos e querer sair pulando, rindo e arrancando as roupas rumo ao matinho mais próximo? Bom, essa descarga de adrenalina, serotonina, endorfina e mais um monte de pílulas de felicidade, que não pesam na mochila e aliviam todos os perrengues passados, podem levar a situações bem estranhas quando estamos numa montanha, cheios de tesão e amor para dar —mas, ao mesmo tempo, exaustos, suados, semi-congelados, cobertos de lama ou rodeados de insetos ávidos por nossos fluídos. Pronto, passou o tesão. Mas será que passa mesmo?

Por óbvio, quando pensei no tema desta prosa, fui atrás de especialistas em alta montanha, esses seres que vivem muito acima do nível do comum dos mortais a maior parte de suas vidas de adultos saudáveis. E a maioria fugiu da conversa ou, como o montanhista e guia de altas montanhas Moeses Fiamoncini, disse que nos mais altos picos, “as pessoas estão mais preocupadas em sobreviver”. Compreensível, convenhamos, quando você está na zona da morte, acima dos 8 mil metros de altitude. Mas sempre é bom lembrar que de lá se desce o mais rapidamente possível.

Vale aqui um alerta, dado pelo também montanhista e guia Pedro Hauck: se o leitor está imaginando um momento caliente nos acampamentos do Everest, melhor poupar a camisinha. Para os sherpas, guias que viabilizam as escaladas mais difíceis no Himalaia, o Sagarmatha, como eles chamam a montanha mais alta do mundo, é sagrada e lá não se deve praticar safadeza. Afinal, o nome nepalês significa “deusa mãe do mundo”. E com mãe dos outros, é sabido, não se tomam certas liberdades.

No livro “Viciado no perigo”, Jim Wickwire e Dorothy Bullet relatam o caso de um casal de amigos flagrados por sherpas praticando o ato sexual no Everest —e responsabilizados por um acidente que ocorreria na montanha logo depois. Essa mãe é brava.

Extremos à parte, fui perguntar a uma médica que uniu a paixão pelo montanhismo à carreira como é esse negócio de sexo em montanhas. Juliana Schlaad, mestre e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e pós graduada em Medicina em Expedição e Natureza pela Royal College de Médicos e Cirurgiões de Glasgow, é montanhista amadora desde 2007 e sobe altas montanhas desde 2015.

“Do ponto de vista fisiológico, é seguro fazer sexo em um ambiente de alta montanha, desde que o praticante tenha condições físicas para isso”, afirma Juliana. “Um indivíduo que se prepara fisicamente para praticar montanhismo em altitude muito provavelmente está apto, do ponto de vista cardiovascular, para praticar sexo, pois geralmente está acostumado a um regime rigoroso de treino de resistência aeróbica”, completa.

Mas, aí, a doutora solta o alerta: “Mesmo assim, vale ressaltar que a exaustão física e a desidratação aumentam a chance de desenvolver doenças agudas relacionadas à altitude, por isso é importante que os montanhistas mantenham-se bem hidratados e evitem atividades muito extenuantes até que estejam bem aclimatados”.

Além do cansaço, ela cita o risco de congelamento de extremidades. “Em alta montanha, em alguns casos de temperaturas extremamente baixas, alguns minutos apenas de exposição da pele ao ar frio ou ao gelo podem causar lesões muito graves, incluindo perda de função e até amputação”, explica. E, sim, é isso mesmo que o leitor pensou: “Há relatos em literatura médica de congelamento de pênis e nádegas. Portanto, deve-se ter cuidado ao despir-se e, preferencialmente, não fazer isso em um ambiente aberto”, resume.

Para a também médica R., que pede para não se identificar, importante é identificar a capacidade de cada um. “A partir de 3.000 metros de altitude, a quantidade de oxigênio por metro cúbico começa a ficar mais rala, há a chamada hipóxia hipobárica, e aí o limite é seu cansaço e sua aclimatação”, afirma, contando que já fez sexo a caminho de um cume, mas ainda “a uns 2.000 metros de altitude apenas”.

“Sempre é uma boa oportunidade de ter uma troca legal com alguém, né?”, brinca a médica, acrescentando que tudo “depende do feeling da pessoa com quem você está, se você está escalando com um amigo, vocês nunca tiveram tesão, mas aí o tesão surgiu ali no momento e tal, porque é muito excitante, empolgante fazer isso, por que não?”

Para a montanhista e palestrante Thais Pérola Caviccchioli, a grande preocupação envolvida numa boa transa na montanha é a higiene. “Você vai estar numa barraca há dias, tem que ver como vai se limpar de forma segura, não só pelos cheiros, mas pela saúde, se vai querer sair para fazer xixi logo depois do sexo, como vai ser e tal”.

Ela, que percorreu mais de 208 quilômetros no Himalaia a pé e sozinha, avalia que “o complicômetro é realmente a respiração”.

“No Himalaia, tentei usar muitas técnicas de respiração que eu ensino, para manter a mente em paz, não ficar ansiosa, você trabalha várias velocidades de respiração, e eu não conseguia fazer. Quando tentava respirar mais rápido ou profundo, não conseguia pela falta de oxigênio. Então, eu acho que a principal dificuldade lá em cima é justamente isso, você já respira diferente, e respirar diferente no sexo dá uma piorada no desempenho”.

Por outro lado, ela ressalta que, se o processo de aclimatação já exige muita energia de seu corpo, tudo é uma questão de custo versus benefício. “Há ônus e bônus, né? Tem o ônus de que você está a gastar energia que usaria para subir a montanha ou se aclimatar para fazer sexo. Mas, por outro lado, a injeção dos hormônios serotonina e endorfina te dá um gás a mais para caminhar no dia seguinte. Ou seja, tudo é uma questão de equilíbrio e de identificar o momento em que vai dar para transar sem problemas”.

Então é isso. Calculando direitinho, tudo vai dar. Ou não.



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