Romeu Tuma Jr não ocupa mais, ao menos temporariamente, a presidência do Conselho Deliberativo do Corinthians. A decisão foi tomada pela Comissão de Ética e Disciplina do clube em caráter liminar, atendendo a pedidos apresentados pelo presidente do clube, Augusto Melo, e por um conselheiro. O afastamento preventivo foi confirmado no dia 10 de abril de 2025, marcando mais um capítulo na conturbada política interna do Parque São Jorge. Acusado de agir com parcialidade e de prejudicar a imagem do Corinthians com declarações públicas, Tuma Jr poderá apresentar sua defesa antes de uma decisão final. O caso reflete meses de atritos com a atual gestão e expõe as tensões que dominam os bastidores do clube.
A crise política no Corinthians ganhou força nos últimos tempos, especialmente após o processo de impeachment contra Augusto Melo, que teve votação suspensa em janeiro deste ano. Romeu Tuma Jr, figura central na condução desse processo, foi alvo de críticas por supostamente favorecer a oposição e agir sem neutralidade. A relação entre ele e Melo, que já foi de aliança no início da gestão, azedou ao longo de 2024, culminando em trocas públicas de acusações e ações formais para destituição de ambos os lados. O afastamento de Tuma Jr é visto como uma vitória parcial da gestão atual, mas o desfecho ainda depende de novos capítulos no âmbito interno do clube.
Por enquanto, a saída temporária de Tuma Jr da presidência do Conselho Deliberativo coloca Roberson Medeiros, vice-presidente do órgão, como substituto interino. A medida ocorre em um momento delicado para o Corinthians, que enfrenta desafios dentro e fora de campo. Além das questões administrativas, o clube lida com a aprovação de contas de 2023, que revelaram um déficit significativo, e com a ratificação de uma Recuperação Judicial Extrajudicial (RCE), sinalizando esforços para reorganizar suas finanças. O afastamento de Tuma Jr reacende debates sobre a governança do Timão e o futuro de sua diretoria.
O que levou ao afastamento de Romeu Tuma Jr
A decisão da Comissão de Ética não surgiu do nada. Romeu Tuma Jr enfrentava pressões crescentes desde o segundo semestre de 2024, quando sua condução do Conselho Deliberativo passou a ser questionada por aliados de Augusto Melo. O estopim foi o processo de impeachment contra o presidente do clube, que Tuma liderou como chefe do Conselho. Em janeiro de 2025, uma reunião para votar o afastamento de Melo terminou em tumulto e suspensão, com acusações de que Tuma agiu como “ditador” ao limitar a defesa da gestão. Esse episódio intensificou os pedidos por sua destituição.
Augusto Melo, em resposta, protocolou um requerimento formal no fim de janeiro, alegando que Tuma Jr não mantinha a imparcialidade exigida pelo cargo. O presidente do Corinthians argumentou que as ações de Tuma, incluindo declarações à imprensa, manchavam a reputação do clube e serviam a interesses políticos pessoais. Um conselheiro, cujo nome não foi divulgado, também apresentou denúncia semelhante, reforçando as acusações de parcialidade. A Comissão de Ética, após análise inicial, optou pelo afastamento preventivo enquanto o caso é julgado em definitivo.
Outro fator que pesou foi a percepção de que Tuma Jr, ao longo de seu mandato, se envolveu em polêmicas que ultrapassaram os limites de sua função. Ele foi criticado por conselheiros e torcedores por supostamente conspirar nos bastidores contra a gestão de Melo, além de usar o cargo para influenciar decisões estratégicas do clube. A pressão popular, com manifestações de torcidas organizadas como a Gaviões da Fiel, também contribuiu para o desgaste de sua imagem, culminando na decisão da Comissão.
Histórico de atritos entre Tuma Jr e Augusto Melo
A relação entre Romeu Tuma Jr e Augusto Melo nem sempre foi marcada por conflitos. Em fevereiro de 2024, Tuma foi eleito presidente do Conselho Deliberativo com apoio explícito de Melo, que havia assumido a presidência do clube semanas antes. Na época, a vitória de Tuma sobre Jorge Kalil, por 165 votos a 109, consolidou uma aliança entre os dois, vista como essencial para a estabilidade política do Corinthians. Tuma, sócio do clube desde 1960 e com passagem por cargos como a vice-presidência em 1994 e 1995, trazia experiência ao grupo de Melo.
O cenário mudou drasticamente a partir de meados de 2024. Em setembro, a chapa “União dos Vitalícios”, ligada a Tuma, começou a ensaiar um desembarque da gestão, insatisfeita com o que chamaram de “isolamento” de Osmar Stabile, primeiro vice-presidente e integrante do grupo. A crise escalou quando Tuma cobrou explicações de Melo sobre uma possível ação cautelar de recuperação judicial e a criação de um fundo imobiliário para a Neo Química Arena, sem consulta prévia ao Conselho. Esses episódios marcaram o início do racha.
A tensão explodiu em novembro, com o avanço do pedido de impeachment contra Melo. Tuma marcou uma votação para o dia 28, mas enfrentou resistência de torcedores e da diretoria, que o acusaram de agir em benefício próprio. Em dezembro, uma liminar suspendeu o pleito, e a guerra de narrativas se intensificou. Melo chamou Tuma de “ditador” e “parcial”, enquanto Tuma se defendeu, afirmando cumprir o estatuto do clube. O afastamento de agora é o ápice dessa disputa, que já dura meses.
Principais acusações contra Romeu Tuma Jr
Diversas denúncias sustentam o afastamento de Romeu Tuma Jr. Confira os pontos centrais levantados contra ele:
- Parcialidade na condução do impeachment: Tuma foi acusado de favorecer a oposição ao limitar o direito de defesa de Augusto Melo durante o processo.
- Declarações públicas prejudiciais: Suas falas à imprensa foram apontadas como danosas à imagem do Corinthians, gerando instabilidade institucional.
- Abuso de poder: Conselheiros afirmam que ele usou o cargo para influenciar decisões além de suas atribuições, como na contratação do CEO Fred Luz em 2024.
- Falta de transparência: Há críticas sobre a ausência de investigações contra gestões passadas, sugerindo seletividade em sua atuação.
Essas alegações foram compiladas tanto no pedido de Melo quanto na denúncia do conselheiro, formando a base da decisão liminar da Comissão de Ética.
Repercussão entre conselheiros e torcedores
A notícia do afastamento de Romeu Tuma Jr gerou reações imediatas no Corinthians. Entre os conselheiros, há divisão. Parte celebra a medida, vendo-a como um passo para reduzir a influência de Tuma, enquanto outros temem que o clube mergulhe em mais instabilidade sem uma liderança clara no Conselho. Roberson Medeiros, que assume interinamente, é aliado de Melo, o que pode alinhar o órgão à gestão atual, mas também levantar suspeitas de manipulação política.
Já entre os torcedores, o sentimento é misto. A Gaviões da Fiel, que já havia repudiado Tuma em janeiro por acusações contra a torcida, comemorou nas redes sociais. Outros grupos, porém, cobram foco no futebol, preocupados com o impacto das disputas internas no desempenho do time. Postagens em plataformas como o X refletem essa polarização, com alguns exaltando a saída de Tuma e outros questionando a legitimidade do processo.
O que acontece agora no Conselho Deliberativo
Com Romeu Tuma Jr afastado, o Conselho Deliberativo do Corinthians entra em uma nova fase. Roberson Medeiros assume a presidência interina e terá a missão de conduzir o órgão enquanto a Comissão de Ética julga o caso em definitivo. O prazo para que Tuma apresente sua defesa não foi divulgado, mas processos do tipo no clube costumam levar pelo menos dois meses. Até lá, ele permanece fora do cargo, mas pode recorrer à Justiça Comum para tentar reverter a decisão.
Enquanto isso, o processo de impeachment contra Augusto Melo segue parado. A votação, suspensa em janeiro por questões de segurança, não tem data marcada para retomada. A saída de Tuma pode facilitar a defesa de Melo, mas a oposição acredita que ainda há força para avançar com o pedido. O Conselho de Orientação (Cori) também abriu um novo requerimento contra o presidente, indicando que a crise está longe de acabar.
A interinidade de Medeiros traz outro elemento ao cenário. Como vice-presidente do Conselho e aliado de Melo, ele pode adotar uma postura mais favorável à gestão, influenciando decisões como a aprovação de contas e a análise da RCE. No entanto, sua proximidade com o presidente levanta dúvidas sobre sua imparcialidade, o que pode gerar novas contestações.
Impactos financeiros e administrativos no Corinthians
O afastamento de Tuma Jr ocorre em um momento crítico para o Corinthians fora dos gramados. As contas de 2023, aprovadas em abril de 2025, revelaram um déficit de mais de R$ 200 milhões, herdado de gestões anteriores, mas agravado pela atual administração. A ratificação da Recuperação Judicial Extrajudicial, mencionada em posts recentes no X, é um esforço para reestruturar dívidas que ultrapassam R$ 1 bilhão, incluindo compromissos com a Neo Química Arena.
Sem uma liderança estável no Conselho, a implementação dessas medidas pode enfrentar obstáculos. O órgão é responsável por aprovar orçamentos e fiscalizar a diretoria, e qualquer desequilíbrio interno pode atrasar decisões cruciais. A gestão de Melo aposta na RCE para ganhar fôlego financeiro, mas a oposição teme que a instabilidade política comprometa o processo, afetando credores e patrocinadores.
Dentro de campo, o clube vive uma temporada irregular. Apesar de escapar do rebaixamento no Brasileirão de 2024, o desempenho em 2025 ainda não empolga. A torcida, embora aliviada com a sobrevivência na Série A, cobra reforços e planejamento, mas as disputas nos bastidores desviam o foco da diretoria.

Cronologia dos eventos no Corinthians
Os últimos meses foram turbulentos no Parque São Jorge. Veja os principais acontecimentos que levaram ao afastamento de Romeu Tuma Jr:
- Fevereiro de 2024: Tuma é eleito presidente do Conselho com apoio de Augusto Melo.
- Setembro de 2024: Primeiros sinais de racha entre Tuma e Melo, com críticas sobre transparência.
- Novembro de 2024: Tuma marca votação do impeachment de Melo para o dia 28.
- Dezembro de 2024: Liminar suspende o pleito; Tuma recorre, mas perde força.
- Janeiro de 2025: Reunião do impeachment é suspensa em tumulto; Melo acusa Tuma de parcialidade.
- Abril de 2025: Comissão de Ética afasta Tuma Jr preventivamente.
Essa sequência reflete a escalada de uma crise que transformou aliados em adversários.
Bastidores quentes e o papel da torcida
Nos corredores do Parque São Jorge, o clima é de guerra aberta. Conselheiros relatam reuniões tensas, com troca de insultos e ameaças veladas. Em janeiro, durante a tentativa de votação do impeachment, Melo e Tuma precisaram ser contidos fisicamente para evitar um confronto direto. A suspensão do pleito, por volta das 23h30, foi justificada por questões de segurança, com conselheiros idosos expostos a um ambiente hostil.
A torcida, por sua vez, tem papel ativo nessa novela. A Gaviões da Fiel, principal organizada, já havia se posicionado contra Tuma em janeiro, rejeitando suas acusações de que o grupo recebia benefícios da diretoria. Pichações nos muros do clube e cartazes contra o impeachment marcaram os meses finais de 2024, mostrando o descontentamento popular. A pressão das arquibancadas influenciou a percepção dos conselheiros e da Comissão de Ética, que agora busca apaziguar os ânimos.
A força da Fiel também se faz sentir nas redes sociais. Postagens no X, como as de torcedores que celebraram o afastamento de Tuma, indicam um apoio significativo à gestão de Melo, apesar de suas falhas. Para muitos, a saída de Tuma representa uma chance de renovação, mas há quem veja o episódio como mais um sinal de desordem.
Próximos passos no processo de Tuma Jr
O futuro de Romeu Tuma Jr no Corinthians depende de sua estratégia. Ele tem o direito de apresentar defesa à Comissão de Ética, detalhando sua versão dos fatos e contestando as acusações. Se a decisão final mantiver o afastamento, ele perderá o cargo em definitivo, encerrando um mandato que começou com promessas de estabilidade e terminou em controvérsia. Caso contrário, poderá retornar ao comando do Conselho.
Uma alternativa é recorrer à Justiça Comum, como já sinalizado por aliados de Tuma. Ele pode argumentar que o processo da Comissão foi irregular ou motivado por interesses políticos, pedindo a anulação da liminar. Essa rota, porém, tende a prolongar a crise, levando o caso para além dos muros do clube e aumentando a exposição negativa do Corinthians.
Enquanto isso, a gestão de Augusto Melo ganha tempo para se reorganizar. Com Tuma fora do caminho, pelo menos temporariamente, o presidente pode focar na aprovação de medidas financeiras e na pacificação com conselheiros dissidentes. A oposição, no entanto, promete manter a pressão, indicando que novos pedidos de impeachment podem surgir.
Possíveis desdobramentos para o clube
O afastamento de Romeu Tuma Jr abre diversas possibilidades para o Corinthians. A curto prazo, a interinidade de Roberson Medeiros pode trazer alívio à diretoria, mas também gerar desconfiança entre os opositores de Melo. A médio prazo, o julgamento final de Tuma definirá se o Conselho terá um novo líder ou se o atual retornará com força renovada. A longo prazo, a crise expõe a necessidade de reformas na governança do clube, algo debatido há anos, mas nunca implementado.
Financeiramente, o impacto é incerto. A RCE, se bem-sucedida, pode aliviar as dívidas, mas exige consenso interno para avançar. Administrativamente, a falta de unidade entre Conselho e diretoria ameaça paralisar decisões importantes. Em campo, o elenco sente os reflexos indiretos, com a torcida dividida entre apoiar o time e cobrar soluções nos bastidores.
O Corinthians, com mais de 30 milhões de torcedores, vive um momento de encruzilhada. A saída de Tuma Jr é apenas uma peça no tabuleiro de uma crise que mistura política, finanças e paixão. Os próximos meses serão decisivos para determinar se o clube encontrará equilíbrio ou se afundará ainda mais em disputas internas.
Curiosidades sobre a crise política no Timão
Alguns fatos marcantes ajudam a entender o contexto atual do Corinthians:
- O Conselho Deliberativo tem cerca de 300 membros, entre trienais e vitalícios, responsáveis por decisões-chave.
- Augusto Melo venceu a eleição presidencial em 2023 com 66% dos votos, prometendo renovação.
- Romeu Tuma Jr foi vice-presidente do clube na década de 1990, durante um período de conquistas na base.
- A dívida do Corinthians cresceu 40% entre 2020 e 2023, pressionando a gestão atual.

Romeu Tuma Jr não ocupa mais, ao menos temporariamente, a presidência do Conselho Deliberativo do Corinthians. A decisão foi tomada pela Comissão de Ética e Disciplina do clube em caráter liminar, atendendo a pedidos apresentados pelo presidente do clube, Augusto Melo, e por um conselheiro. O afastamento preventivo foi confirmado no dia 10 de abril de 2025, marcando mais um capítulo na conturbada política interna do Parque São Jorge. Acusado de agir com parcialidade e de prejudicar a imagem do Corinthians com declarações públicas, Tuma Jr poderá apresentar sua defesa antes de uma decisão final. O caso reflete meses de atritos com a atual gestão e expõe as tensões que dominam os bastidores do clube.
A crise política no Corinthians ganhou força nos últimos tempos, especialmente após o processo de impeachment contra Augusto Melo, que teve votação suspensa em janeiro deste ano. Romeu Tuma Jr, figura central na condução desse processo, foi alvo de críticas por supostamente favorecer a oposição e agir sem neutralidade. A relação entre ele e Melo, que já foi de aliança no início da gestão, azedou ao longo de 2024, culminando em trocas públicas de acusações e ações formais para destituição de ambos os lados. O afastamento de Tuma Jr é visto como uma vitória parcial da gestão atual, mas o desfecho ainda depende de novos capítulos no âmbito interno do clube.
Por enquanto, a saída temporária de Tuma Jr da presidência do Conselho Deliberativo coloca Roberson Medeiros, vice-presidente do órgão, como substituto interino. A medida ocorre em um momento delicado para o Corinthians, que enfrenta desafios dentro e fora de campo. Além das questões administrativas, o clube lida com a aprovação de contas de 2023, que revelaram um déficit significativo, e com a ratificação de uma Recuperação Judicial Extrajudicial (RCE), sinalizando esforços para reorganizar suas finanças. O afastamento de Tuma Jr reacende debates sobre a governança do Timão e o futuro de sua diretoria.
O que levou ao afastamento de Romeu Tuma Jr
A decisão da Comissão de Ética não surgiu do nada. Romeu Tuma Jr enfrentava pressões crescentes desde o segundo semestre de 2024, quando sua condução do Conselho Deliberativo passou a ser questionada por aliados de Augusto Melo. O estopim foi o processo de impeachment contra o presidente do clube, que Tuma liderou como chefe do Conselho. Em janeiro de 2025, uma reunião para votar o afastamento de Melo terminou em tumulto e suspensão, com acusações de que Tuma agiu como “ditador” ao limitar a defesa da gestão. Esse episódio intensificou os pedidos por sua destituição.
Augusto Melo, em resposta, protocolou um requerimento formal no fim de janeiro, alegando que Tuma Jr não mantinha a imparcialidade exigida pelo cargo. O presidente do Corinthians argumentou que as ações de Tuma, incluindo declarações à imprensa, manchavam a reputação do clube e serviam a interesses políticos pessoais. Um conselheiro, cujo nome não foi divulgado, também apresentou denúncia semelhante, reforçando as acusações de parcialidade. A Comissão de Ética, após análise inicial, optou pelo afastamento preventivo enquanto o caso é julgado em definitivo.
Outro fator que pesou foi a percepção de que Tuma Jr, ao longo de seu mandato, se envolveu em polêmicas que ultrapassaram os limites de sua função. Ele foi criticado por conselheiros e torcedores por supostamente conspirar nos bastidores contra a gestão de Melo, além de usar o cargo para influenciar decisões estratégicas do clube. A pressão popular, com manifestações de torcidas organizadas como a Gaviões da Fiel, também contribuiu para o desgaste de sua imagem, culminando na decisão da Comissão.
Histórico de atritos entre Tuma Jr e Augusto Melo
A relação entre Romeu Tuma Jr e Augusto Melo nem sempre foi marcada por conflitos. Em fevereiro de 2024, Tuma foi eleito presidente do Conselho Deliberativo com apoio explícito de Melo, que havia assumido a presidência do clube semanas antes. Na época, a vitória de Tuma sobre Jorge Kalil, por 165 votos a 109, consolidou uma aliança entre os dois, vista como essencial para a estabilidade política do Corinthians. Tuma, sócio do clube desde 1960 e com passagem por cargos como a vice-presidência em 1994 e 1995, trazia experiência ao grupo de Melo.
O cenário mudou drasticamente a partir de meados de 2024. Em setembro, a chapa “União dos Vitalícios”, ligada a Tuma, começou a ensaiar um desembarque da gestão, insatisfeita com o que chamaram de “isolamento” de Osmar Stabile, primeiro vice-presidente e integrante do grupo. A crise escalou quando Tuma cobrou explicações de Melo sobre uma possível ação cautelar de recuperação judicial e a criação de um fundo imobiliário para a Neo Química Arena, sem consulta prévia ao Conselho. Esses episódios marcaram o início do racha.
A tensão explodiu em novembro, com o avanço do pedido de impeachment contra Melo. Tuma marcou uma votação para o dia 28, mas enfrentou resistência de torcedores e da diretoria, que o acusaram de agir em benefício próprio. Em dezembro, uma liminar suspendeu o pleito, e a guerra de narrativas se intensificou. Melo chamou Tuma de “ditador” e “parcial”, enquanto Tuma se defendeu, afirmando cumprir o estatuto do clube. O afastamento de agora é o ápice dessa disputa, que já dura meses.
Principais acusações contra Romeu Tuma Jr
Diversas denúncias sustentam o afastamento de Romeu Tuma Jr. Confira os pontos centrais levantados contra ele:
- Parcialidade na condução do impeachment: Tuma foi acusado de favorecer a oposição ao limitar o direito de defesa de Augusto Melo durante o processo.
- Declarações públicas prejudiciais: Suas falas à imprensa foram apontadas como danosas à imagem do Corinthians, gerando instabilidade institucional.
- Abuso de poder: Conselheiros afirmam que ele usou o cargo para influenciar decisões além de suas atribuições, como na contratação do CEO Fred Luz em 2024.
- Falta de transparência: Há críticas sobre a ausência de investigações contra gestões passadas, sugerindo seletividade em sua atuação.
Essas alegações foram compiladas tanto no pedido de Melo quanto na denúncia do conselheiro, formando a base da decisão liminar da Comissão de Ética.
Repercussão entre conselheiros e torcedores
A notícia do afastamento de Romeu Tuma Jr gerou reações imediatas no Corinthians. Entre os conselheiros, há divisão. Parte celebra a medida, vendo-a como um passo para reduzir a influência de Tuma, enquanto outros temem que o clube mergulhe em mais instabilidade sem uma liderança clara no Conselho. Roberson Medeiros, que assume interinamente, é aliado de Melo, o que pode alinhar o órgão à gestão atual, mas também levantar suspeitas de manipulação política.
Já entre os torcedores, o sentimento é misto. A Gaviões da Fiel, que já havia repudiado Tuma em janeiro por acusações contra a torcida, comemorou nas redes sociais. Outros grupos, porém, cobram foco no futebol, preocupados com o impacto das disputas internas no desempenho do time. Postagens em plataformas como o X refletem essa polarização, com alguns exaltando a saída de Tuma e outros questionando a legitimidade do processo.
O que acontece agora no Conselho Deliberativo
Com Romeu Tuma Jr afastado, o Conselho Deliberativo do Corinthians entra em uma nova fase. Roberson Medeiros assume a presidência interina e terá a missão de conduzir o órgão enquanto a Comissão de Ética julga o caso em definitivo. O prazo para que Tuma apresente sua defesa não foi divulgado, mas processos do tipo no clube costumam levar pelo menos dois meses. Até lá, ele permanece fora do cargo, mas pode recorrer à Justiça Comum para tentar reverter a decisão.
Enquanto isso, o processo de impeachment contra Augusto Melo segue parado. A votação, suspensa em janeiro por questões de segurança, não tem data marcada para retomada. A saída de Tuma pode facilitar a defesa de Melo, mas a oposição acredita que ainda há força para avançar com o pedido. O Conselho de Orientação (Cori) também abriu um novo requerimento contra o presidente, indicando que a crise está longe de acabar.
A interinidade de Medeiros traz outro elemento ao cenário. Como vice-presidente do Conselho e aliado de Melo, ele pode adotar uma postura mais favorável à gestão, influenciando decisões como a aprovação de contas e a análise da RCE. No entanto, sua proximidade com o presidente levanta dúvidas sobre sua imparcialidade, o que pode gerar novas contestações.
Impactos financeiros e administrativos no Corinthians
O afastamento de Tuma Jr ocorre em um momento crítico para o Corinthians fora dos gramados. As contas de 2023, aprovadas em abril de 2025, revelaram um déficit de mais de R$ 200 milhões, herdado de gestões anteriores, mas agravado pela atual administração. A ratificação da Recuperação Judicial Extrajudicial, mencionada em posts recentes no X, é um esforço para reestruturar dívidas que ultrapassam R$ 1 bilhão, incluindo compromissos com a Neo Química Arena.
Sem uma liderança estável no Conselho, a implementação dessas medidas pode enfrentar obstáculos. O órgão é responsável por aprovar orçamentos e fiscalizar a diretoria, e qualquer desequilíbrio interno pode atrasar decisões cruciais. A gestão de Melo aposta na RCE para ganhar fôlego financeiro, mas a oposição teme que a instabilidade política comprometa o processo, afetando credores e patrocinadores.
Dentro de campo, o clube vive uma temporada irregular. Apesar de escapar do rebaixamento no Brasileirão de 2024, o desempenho em 2025 ainda não empolga. A torcida, embora aliviada com a sobrevivência na Série A, cobra reforços e planejamento, mas as disputas nos bastidores desviam o foco da diretoria.

Cronologia dos eventos no Corinthians
Os últimos meses foram turbulentos no Parque São Jorge. Veja os principais acontecimentos que levaram ao afastamento de Romeu Tuma Jr:
- Fevereiro de 2024: Tuma é eleito presidente do Conselho com apoio de Augusto Melo.
- Setembro de 2024: Primeiros sinais de racha entre Tuma e Melo, com críticas sobre transparência.
- Novembro de 2024: Tuma marca votação do impeachment de Melo para o dia 28.
- Dezembro de 2024: Liminar suspende o pleito; Tuma recorre, mas perde força.
- Janeiro de 2025: Reunião do impeachment é suspensa em tumulto; Melo acusa Tuma de parcialidade.
- Abril de 2025: Comissão de Ética afasta Tuma Jr preventivamente.
Essa sequência reflete a escalada de uma crise que transformou aliados em adversários.
Bastidores quentes e o papel da torcida
Nos corredores do Parque São Jorge, o clima é de guerra aberta. Conselheiros relatam reuniões tensas, com troca de insultos e ameaças veladas. Em janeiro, durante a tentativa de votação do impeachment, Melo e Tuma precisaram ser contidos fisicamente para evitar um confronto direto. A suspensão do pleito, por volta das 23h30, foi justificada por questões de segurança, com conselheiros idosos expostos a um ambiente hostil.
A torcida, por sua vez, tem papel ativo nessa novela. A Gaviões da Fiel, principal organizada, já havia se posicionado contra Tuma em janeiro, rejeitando suas acusações de que o grupo recebia benefícios da diretoria. Pichações nos muros do clube e cartazes contra o impeachment marcaram os meses finais de 2024, mostrando o descontentamento popular. A pressão das arquibancadas influenciou a percepção dos conselheiros e da Comissão de Ética, que agora busca apaziguar os ânimos.
A força da Fiel também se faz sentir nas redes sociais. Postagens no X, como as de torcedores que celebraram o afastamento de Tuma, indicam um apoio significativo à gestão de Melo, apesar de suas falhas. Para muitos, a saída de Tuma representa uma chance de renovação, mas há quem veja o episódio como mais um sinal de desordem.
Próximos passos no processo de Tuma Jr
O futuro de Romeu Tuma Jr no Corinthians depende de sua estratégia. Ele tem o direito de apresentar defesa à Comissão de Ética, detalhando sua versão dos fatos e contestando as acusações. Se a decisão final mantiver o afastamento, ele perderá o cargo em definitivo, encerrando um mandato que começou com promessas de estabilidade e terminou em controvérsia. Caso contrário, poderá retornar ao comando do Conselho.
Uma alternativa é recorrer à Justiça Comum, como já sinalizado por aliados de Tuma. Ele pode argumentar que o processo da Comissão foi irregular ou motivado por interesses políticos, pedindo a anulação da liminar. Essa rota, porém, tende a prolongar a crise, levando o caso para além dos muros do clube e aumentando a exposição negativa do Corinthians.
Enquanto isso, a gestão de Augusto Melo ganha tempo para se reorganizar. Com Tuma fora do caminho, pelo menos temporariamente, o presidente pode focar na aprovação de medidas financeiras e na pacificação com conselheiros dissidentes. A oposição, no entanto, promete manter a pressão, indicando que novos pedidos de impeachment podem surgir.
Possíveis desdobramentos para o clube
O afastamento de Romeu Tuma Jr abre diversas possibilidades para o Corinthians. A curto prazo, a interinidade de Roberson Medeiros pode trazer alívio à diretoria, mas também gerar desconfiança entre os opositores de Melo. A médio prazo, o julgamento final de Tuma definirá se o Conselho terá um novo líder ou se o atual retornará com força renovada. A longo prazo, a crise expõe a necessidade de reformas na governança do clube, algo debatido há anos, mas nunca implementado.
Financeiramente, o impacto é incerto. A RCE, se bem-sucedida, pode aliviar as dívidas, mas exige consenso interno para avançar. Administrativamente, a falta de unidade entre Conselho e diretoria ameaça paralisar decisões importantes. Em campo, o elenco sente os reflexos indiretos, com a torcida dividida entre apoiar o time e cobrar soluções nos bastidores.
O Corinthians, com mais de 30 milhões de torcedores, vive um momento de encruzilhada. A saída de Tuma Jr é apenas uma peça no tabuleiro de uma crise que mistura política, finanças e paixão. Os próximos meses serão decisivos para determinar se o clube encontrará equilíbrio ou se afundará ainda mais em disputas internas.
Curiosidades sobre a crise política no Timão
Alguns fatos marcantes ajudam a entender o contexto atual do Corinthians:
- O Conselho Deliberativo tem cerca de 300 membros, entre trienais e vitalícios, responsáveis por decisões-chave.
- Augusto Melo venceu a eleição presidencial em 2023 com 66% dos votos, prometendo renovação.
- Romeu Tuma Jr foi vice-presidente do clube na década de 1990, durante um período de conquistas na base.
- A dívida do Corinthians cresceu 40% entre 2020 e 2023, pressionando a gestão atual.
