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18 Apr 2025, Fri

Canelite: tratamento, sintomas, o que é, causas e como evitar




Muito comum entre corredores, inflamação gera dor na canela e é um incômodo durante treinos e provas. Saiba detalhes da condição Entenda tudo sobre dor muscular
A canelite, conhecida cientificamente como Síndrome do Estresse Tibial Medial, é uma inflamação que ocorre na região interna da canela, sendo uma das lesões mais comuns entre corredores, em especial os iniciantes. A condição causa dor na parte medial da tíbia e pode ser confundida com outras lesões, como fratura por estresse. Embora estas não sejam a mesma coisa, a canelite pode evoluir para uma fratura por estresse se não tratada.
+ EU Atleta ganha canal no WhatsApp; veja como seguir
+ Saiba quais são as lesões mais comuns provocadas pela corrida
Canelite é muito comum entre corredores
iStock
A canelite é desenvolvida não necessariamente pela intensidade do movimento, mas sim pela constância dele, segundo o Dr. André Pedrinelli, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
– É por isso que jogadores de futebol, por exemplo, não costumam desenvolver canelite. Eles têm uma atividade de mudança de direção e de intensidade. Agora, os corredores de distâncias como 10km, ficam bastante tempo numa mesma intensidade, e isso acaba gerando o stress que causa as dores da canelite – explica André Pedrinelli.
Quais sintomas da canelite?
Cientificamente falando, a canelite ocorre devido a um estresse excessivo repetitivo sobre a tíbia e os tecidos adjacentes. Isso resulta numa resposta inflamatória na interface entre o periósteo (a membrana que recobre o osso) e os músculos tibiais. Durante a corrida, a tíbia sofre microtraumas repetitivos devido às forças de impacto, especialmente em atletas que aumentaram muito rápido a intensidade ou o volume dos treinos.
A dor é o principal sintoma da canelite, e costuma se manifestar na parte interna da tíbia, numa sensação de queimação. É normal que, após o aquecimento antes de um treino, as dores sumam, mas voltem a aparecer conforme a intensidade e progressão da atividade. Há também pessoas que, com canelite, relatam rigidez e sensibilidade ao redor da tíbia, embora sem um ponto específico de dor intensa. O inchaço também é um dos sintomas mais visíveis e que ajudam no diagnóstico.
+ Dicas para prevenir e reduzir a dor muscular pós-treino
Tratamento da canelite
Segundo o fisioterapeuta esportivo José de Arruda Junior, o tratamento da canelite depende da gravidade da lesão, e geralmente é individualizado. Ele explica que atualmente a fisioterapia conta com recursos para uma rápida recuperação, como liberação miofascial, laser de baixa intensidade, massagem relaxante, crioterapia com botas pneumáticas e alongamentos.
– No entanto, nada disso terá efeito se a causa não for corretamente identificada, seja ela um déficit de força, uma limitação de mobilidade ou fatores biomecânicos. Em casos leves, não é necessário repouso total, apenas ajustes no volume de treino. Nos casos mais graves, onde a dor é intensa e constante, pode ser necessário o uso de anti-inflamatórios sob orientação médica e a interrupção temporária da corrida – diz José de Arruda.
Fisioterapia pode ser aliada no tratamento da canelite
iStock
O tempo de recuperação da canelite varia conforme a gravidade do caso, mas o ortopedista Guilherme Bazzo salienta que, no geral, é interessante alguns dias de descanso ao perceber as dores. Situações mais sérias podem levar a meses de recuperação.
– Em situações mais leves, pode levar de duas a quatro semanas, exigindo apenas uma redução na carga de treino. Para casos moderados, a recuperação pode levar de quatro a oito semanas, podendo ser necessária a fisioterapia e mudanças na estratégia de treinamento. Nos casos mais graves, com dor intensa e persistente, a recuperação pode levar de dois a três meses ou mais, sendo necessária uma pausa na corrida e um trabalho de fortalecimento antes do retorno ao esporte – diz Guilherme.
Dicas de como evitar
Para impedir as dores, André Pedrinelli alerta que é necessário um esforço multifacetário entre fortalecimento muscular, dosagem da intensidade do treino e descanso.
– Há três camadas para a atividade física, sendo elas nutrição, sono e o treino de fato. É importante tudo estar em dia pra não ter problemas com o corpo. Para a canelite, é interessante o corredor também fazer fortalecimento muscular, como treinos de academia, por exemplo, pra fortalecer o músculo e diminuir a intensidade desse impacto. E se for um corredor novato, ir com calma nos treinos, pro corpo acostumar – diz.
O fisioterapeuta esportivo José de Arruda Júnior dá outras dicas para a prevenção, salientando que a biomecânica da corrida é um dos pontos mais importantes para ficar alerta.
Alongamento e fortalecimento muscular, que devem abranger não apenas os membros inferiores, mas também os estabilizadores e a musculatura superior;
Melhorar a mobilidade articular é essencial;
Calçado tem papel importante: o ideal é optar por um tênis que ofereça boa absorção de impacto e seja confortável;
Palmilhas ortopédicas podem ser um recurso útil para pessoas com arco plantar reduzido ou pronação excessiva;
Observar o tipo de solo, uma vez que superfícies duras, como asfalto, aumentam o impacto sobre a tíbia, enquanto a variedade de terrenos pode ajudar a minimizar os riscos;
Procurar avaliação profissional para ajustar possíveis padrões inadequados de movimento na biomecânica da corrida.
Calçado e pisada
André Pedrinelli também alerta sobre a questão dos calçados e da pisada, frequentemente atrelados ao surgimento da canelite. Para o médico, porém, não são questões centrais para o desenvolvimento da condição.
– O calçado, desde que seja um modelo específico para corrida, não tende a interferir no desenvolvimento da canelite, pois a maioria das marcas já oferece tênis com boas tecnologias de amortecimento e estabilidade. O mais importante é escolher um modelo que seja confortável e adequado à sua forma de correr. Algumas dicas úteis incluem experimentar os tênis no fim do dia, quando os pés estão mais inchados, testar com diferentes tipos de meias, medir os dois pés e optar pelo tamanho do maior deles, além de caminhar e correr um pouco com o calçado antes de comprar para garantir um bom ajuste – explica.
Calçado pode ter interferência na canelite
iStock
– Quanto à pisada, desde que os dois pés apresentem um padrão semelhante, não há algo errado a ser corrigido. Cada tipo de pisada está mais propenso a desenvolver determinadas lesões, mas isso não significa necessariamente que um estilo seja melhor do que o outro. O mais relevante é manter um equilíbrio muscular adequado e garantir que a biomecânica da corrida esteja bem ajustada para reduzir o risco de sobrecarga e lesões – complementa.
Fontes:
Dr. André Pedrinelli é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
José de Arruda Junior é especialista em fisioterapia esportiva e membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (SONAFE).
Guilherme Bazzo é médico ortopedista.


Muito comum entre corredores, inflamação gera dor na canela e é um incômodo durante treinos e provas. Saiba detalhes da condição Entenda tudo sobre dor muscular
A canelite, conhecida cientificamente como Síndrome do Estresse Tibial Medial, é uma inflamação que ocorre na região interna da canela, sendo uma das lesões mais comuns entre corredores, em especial os iniciantes. A condição causa dor na parte medial da tíbia e pode ser confundida com outras lesões, como fratura por estresse. Embora estas não sejam a mesma coisa, a canelite pode evoluir para uma fratura por estresse se não tratada.
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+ Saiba quais são as lesões mais comuns provocadas pela corrida
Canelite é muito comum entre corredores
iStock
A canelite é desenvolvida não necessariamente pela intensidade do movimento, mas sim pela constância dele, segundo o Dr. André Pedrinelli, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
– É por isso que jogadores de futebol, por exemplo, não costumam desenvolver canelite. Eles têm uma atividade de mudança de direção e de intensidade. Agora, os corredores de distâncias como 10km, ficam bastante tempo numa mesma intensidade, e isso acaba gerando o stress que causa as dores da canelite – explica André Pedrinelli.
Quais sintomas da canelite?
Cientificamente falando, a canelite ocorre devido a um estresse excessivo repetitivo sobre a tíbia e os tecidos adjacentes. Isso resulta numa resposta inflamatória na interface entre o periósteo (a membrana que recobre o osso) e os músculos tibiais. Durante a corrida, a tíbia sofre microtraumas repetitivos devido às forças de impacto, especialmente em atletas que aumentaram muito rápido a intensidade ou o volume dos treinos.
A dor é o principal sintoma da canelite, e costuma se manifestar na parte interna da tíbia, numa sensação de queimação. É normal que, após o aquecimento antes de um treino, as dores sumam, mas voltem a aparecer conforme a intensidade e progressão da atividade. Há também pessoas que, com canelite, relatam rigidez e sensibilidade ao redor da tíbia, embora sem um ponto específico de dor intensa. O inchaço também é um dos sintomas mais visíveis e que ajudam no diagnóstico.
+ Dicas para prevenir e reduzir a dor muscular pós-treino
Tratamento da canelite
Segundo o fisioterapeuta esportivo José de Arruda Junior, o tratamento da canelite depende da gravidade da lesão, e geralmente é individualizado. Ele explica que atualmente a fisioterapia conta com recursos para uma rápida recuperação, como liberação miofascial, laser de baixa intensidade, massagem relaxante, crioterapia com botas pneumáticas e alongamentos.
– No entanto, nada disso terá efeito se a causa não for corretamente identificada, seja ela um déficit de força, uma limitação de mobilidade ou fatores biomecânicos. Em casos leves, não é necessário repouso total, apenas ajustes no volume de treino. Nos casos mais graves, onde a dor é intensa e constante, pode ser necessário o uso de anti-inflamatórios sob orientação médica e a interrupção temporária da corrida – diz José de Arruda.
Fisioterapia pode ser aliada no tratamento da canelite
iStock
O tempo de recuperação da canelite varia conforme a gravidade do caso, mas o ortopedista Guilherme Bazzo salienta que, no geral, é interessante alguns dias de descanso ao perceber as dores. Situações mais sérias podem levar a meses de recuperação.
– Em situações mais leves, pode levar de duas a quatro semanas, exigindo apenas uma redução na carga de treino. Para casos moderados, a recuperação pode levar de quatro a oito semanas, podendo ser necessária a fisioterapia e mudanças na estratégia de treinamento. Nos casos mais graves, com dor intensa e persistente, a recuperação pode levar de dois a três meses ou mais, sendo necessária uma pausa na corrida e um trabalho de fortalecimento antes do retorno ao esporte – diz Guilherme.
Dicas de como evitar
Para impedir as dores, André Pedrinelli alerta que é necessário um esforço multifacetário entre fortalecimento muscular, dosagem da intensidade do treino e descanso.
– Há três camadas para a atividade física, sendo elas nutrição, sono e o treino de fato. É importante tudo estar em dia pra não ter problemas com o corpo. Para a canelite, é interessante o corredor também fazer fortalecimento muscular, como treinos de academia, por exemplo, pra fortalecer o músculo e diminuir a intensidade desse impacto. E se for um corredor novato, ir com calma nos treinos, pro corpo acostumar – diz.
O fisioterapeuta esportivo José de Arruda Júnior dá outras dicas para a prevenção, salientando que a biomecânica da corrida é um dos pontos mais importantes para ficar alerta.
Alongamento e fortalecimento muscular, que devem abranger não apenas os membros inferiores, mas também os estabilizadores e a musculatura superior;
Melhorar a mobilidade articular é essencial;
Calçado tem papel importante: o ideal é optar por um tênis que ofereça boa absorção de impacto e seja confortável;
Palmilhas ortopédicas podem ser um recurso útil para pessoas com arco plantar reduzido ou pronação excessiva;
Observar o tipo de solo, uma vez que superfícies duras, como asfalto, aumentam o impacto sobre a tíbia, enquanto a variedade de terrenos pode ajudar a minimizar os riscos;
Procurar avaliação profissional para ajustar possíveis padrões inadequados de movimento na biomecânica da corrida.
Calçado e pisada
André Pedrinelli também alerta sobre a questão dos calçados e da pisada, frequentemente atrelados ao surgimento da canelite. Para o médico, porém, não são questões centrais para o desenvolvimento da condição.
– O calçado, desde que seja um modelo específico para corrida, não tende a interferir no desenvolvimento da canelite, pois a maioria das marcas já oferece tênis com boas tecnologias de amortecimento e estabilidade. O mais importante é escolher um modelo que seja confortável e adequado à sua forma de correr. Algumas dicas úteis incluem experimentar os tênis no fim do dia, quando os pés estão mais inchados, testar com diferentes tipos de meias, medir os dois pés e optar pelo tamanho do maior deles, além de caminhar e correr um pouco com o calçado antes de comprar para garantir um bom ajuste – explica.
Calçado pode ter interferência na canelite
iStock
– Quanto à pisada, desde que os dois pés apresentem um padrão semelhante, não há algo errado a ser corrigido. Cada tipo de pisada está mais propenso a desenvolver determinadas lesões, mas isso não significa necessariamente que um estilo seja melhor do que o outro. O mais relevante é manter um equilíbrio muscular adequado e garantir que a biomecânica da corrida esteja bem ajustada para reduzir o risco de sobrecarga e lesões – complementa.
Fontes:
Dr. André Pedrinelli é membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
José de Arruda Junior é especialista em fisioterapia esportiva e membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (SONAFE).
Guilherme Bazzo é médico ortopedista.



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