Contratos previam 16 mil testes de HIV de laboratório interditado
Os contratos públicos com o laboratório privado PCS Lab Saleme (foto em destaque), de Nova Iguaçu (RJ), previam cerca de 16 mil diferentes testes de HIV em várias unidades de saúde do Rio de Janeiro. Esse laboratório foi interditado depois que seis pacientes receberam órgãos transplantados infectados com HIV. Os exames do PCS teriam dado resultados errados.
Pelo menos seis pacientes testaram positivo para HIV depois de passarem pelo transplante. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Rio realiza um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores. O Ministério da Saúde fará uma auditoria e determinou novos testes nos doadores de órgãos cujo material passou pela unidade agora investigada.
A situação é sem precedentes e ainda não há um cálculo preciso do tamanho do problema. Uma análise dos contratos da Fundação Saúde, órgão ligado à SES, dá um caminho para ter uma noção dessa situação.
Em um primeiro contrato emergencial sem licitação de outubro do ano passado, de R$ 3,9 milhões, foi prevista a realização de 366 testes de HIV no período de seis meses no Hospital Estadual Dr. Ricardo Cruz.
Já um segundo contrato, de dezembro, de R$ 9,8 milhões, prevê uma quantidade de 15.686 testes no período de 12 meses em diferentes unidades de saúde. Ambos os contratos previam outros tipos diferentes de exames e testes.
Laboratório antigo
A PCS Lab Saleme tem mais de 50 anos de atuação na Baixada Fluminense. Em seu site oficial, informa que realiza exames a preço popular. Além de Nova Iguaçu (RJ), o laboratório possui uma unidade em Belford Roxo (RJ).
Dois dos três sócios do laboratório são parentes do deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), que é ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro. Walter Vieira e Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira são tio e primo do deputado, respectivamente.
O deputado nega qualquer interferência na escolha do laboratório e diz que deseja uma punição exemplar para os responsáveis por esses gravíssimos casos de contaminação.
Matheus não atendeu aos contatos da reportagem, mas a assessoria do laboratório informou uma nota dizendo que realiza uma sindicância interna e que está prestando apoio para os pacientes infectados. Além disso, alegou que realiza testes recomendados pela Anvisa e pelo Ministério da Saúde.
A Secretaria de Saúde do Rio chamou o caso de inadmissível e abriu uma investigação para punir os responsáveis. O laboratório teve os serviços suspensos e foi interditado cautelarmente. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados.
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