Pedro Goifman sobre personagem homossexual: “Difícil e complexo”
Vivendo Guto, um homossexual em Garota do Momento, novela das 18h da TV Globo, Pedro Goifman abriu o coração e falou como está sendo a estreia no horário nobre da emissora. Na vida real, o ator se assumiu bissexual e expôs ter vivido uma relação aberta.
Pedro começou na carreira aos oito anos e atuou em Califórnia, um longa de Marina Person. Além do folhetim de sucesso na Vênus Platinada, o artista ainda vai poder se visto em Tarã, série da Disney+ com Xuxa Meneghel e Angélica, que estreia este ano.
Aos 21 anos, Goifman defende a diversidade e o debate sobre orientação sexual e preconceito, ao contrário do que acontecia na trama ambientada nos anos 50. No papo exclusivo com a coluna Fábia Oliveira, o jovem falou da vida pessoal e profissional.
Confira a entrevista completa:
Como surgiu o convite para Garota do Momento?
Primeiro, recebi um monólogo para gravar um vídeo em casa interpretando. A partir disso, fui convidado para uma oficina, aqui no Rio. Foram três dias de testes, em que fizemos tanto exercícios teatrais de improviso, quanto cenas da novela. No fim, fiz um teste de química com outros colegas de elenco. Esperei um tempinho e recebi a aprovação! Alegria total.
É o seu primeiro papel de destaque? Como foi seu início nas artes cênicas?
É a minha primeira novela, meu primeiro trabalho na televisão aberta. Mas já interpretei papéis de destaque no cinema, streaming e teatro. Com uns cinco anos de idade eu comecei a me interessar pela atuação e pelo circo. Comecei a estudar numa escola de circo e enchia o saco dos meus pais pra fazer cinema. Então, fiz testes e passei para atuar em alguns curtas. Porém, foi com uns oito anos que eu entendi que era isso que eu queria fazer da vida, gravando O Olho e o Zarolho, filme que protagonizei. E aí, não parei mais: segui estudando palhaçaria e circo, comecei a fazer aulas de teatro, teatro corporal com máscaras, continuei fazendo cinema, séries e agora, aos 21, estou na minha primeira novela.
O Guto é um bom filho, mas vive no dilema do preconceito da época. Como foi fazer a construção desse personagem?
O Guto é um personagem muito complexo. Um grande presente pra mim. O processo de construção é constante, porque estamos falando de uma obra aberta, que vai mudando. Nem eu sei o que vai acontecer no fim da trama. Antes de começarmos a gravação tivemos uma preparação com a Cris Moura, onde ensaiamos cenas da novela, vimos referências da época e fizemos exercícios de improviso. Além disso, tivemos aulas de etiqueta para entendermos o corpo da época, fono e prosódia [afinal, estou fazendo um personagem carioca e sou paulistano]. Pesquisei bastante os grandes ídolos dos anos 50, como Marlon Brando, Elvis Presley, Rock Hudson e, principalmente, James Dean – que foi a principal referência. Vi muitos filmes da época, séries que remontam esse período e ouvi muita música – principalmente samba, rock e bossa nova.
Guto ainda vai demorar a se assumir para a mãe, para o irmão? Ele esboça vontade, mas ainda não criou coragem.
Primeiro o Guto precisa se entender, se aceitar e se acolher – o que já é um passo gigante, principalmente nos anos 50. Mas vai chegar o momento em que ele vai encontrar pontos de apoio… e de atrito.
Como está sendo viver um homossexual numa época em que nem poderia se falar essa palavra?
É, na novela as pessoas só se referem aos gays [ou a qualquer pessoa que fuja do padrão de masculinidade imposto como “invertidos”, de forma pejorativa. O único personagem que traz o termo “homossexualidade” é o Érico, que viveu um período fora do Brasil, onde novos conceitos estavam sendo concebidos. É um personagem difícil, complexo. Estou muito honrado de interpretá-lo.
Como você vê os dilemas de Guto? Vocês têm algo em comum?
O trabalho do ator é construir um personagem diferente de nós, mas ao mesmo tempo, a principal ferramenta que temos é exatamente nós mesmos, nossos corpos. Os personagens que interpreto [mesmo os mais horríveis – que não é o caso do Guto] sempre estão dentro de mim, em algum lugar. Todos nós convivemos com infinitas possibilidades internamente. E ao mesmo tempo sou completamente diferente do Guto.
E o Pedro, como compara a homofobia de hoje com o tempo da novela?
Olha, não sou historiador e nem cientista social, mas é evidente que, a partir de muita luta, avançamos na diminuição do preconceito. Inclusive, como foi dito, na criação de conceitos. Se a palavra “homossexualidade” quase não era usada, imagina “homofobia”. Porém, ainda vivemos em uma sociedade muito preconceituosa. E, infelizmente, vemos um crescimento grande da extrema direita no mundo, o que me deixa pessimista.
Guto está se apaixonando. Você acha que esse romance vai abalar o círculo em que ele vive?
É impossível não abalar. Inclusive não faria sentido e seria irresponsável tratar dessa questão – ainda mais em uma trama ambientada nos anos 50 – sem falar de preconceito. E a Alessandra [Poggi, autora de Garota do Momento] está tratando o tema com muito respeito e sensibilidade. Porém, espero muito que o Guto fique bem!
Você tem outros projetos fora a novela?
Sim! Atuei em dois longas que devem ser lançados em breve: Eclipse, da Djin Sganzerla; e Não Estou Aqui, do Cristiano Burlan. Tarã, série do Disney+, também já está gravada e vai sair esse ano. E tenho alguns projetos pessoais rolando, como a finalização de Adrenalina, curta-metragem que dirigi.
Quais suas expectativas futuras na carreira?
Quero interpretar bons personagens em boas histórias. Esse é meu maior sonho e minha maior expectativa. Seguir criando e trabalhando.
Vivendo Guto, um homossexual em Garota do Momento, novela das 18h da TV Globo, Pedro Goifman abriu o coração e falou como está sendo a estreia no horário nobre da emissora. Na vida real, o ator se assumiu bissexual e expôs ter vivido uma relação aberta.
Pedro começou na carreira aos oito anos e atuou em Califórnia, um longa de Marina Person. Além do folhetim de sucesso na Vênus Platinada, o artista ainda vai poder se visto em Tarã, série da Disney+ com Xuxa Meneghel e Angélica, que estreia este ano.
Aos 21 anos, Goifman defende a diversidade e o debate sobre orientação sexual e preconceito, ao contrário do que acontecia na trama ambientada nos anos 50. No papo exclusivo com a coluna Fábia Oliveira, o jovem falou da vida pessoal e profissional.
Confira a entrevista completa:
Como surgiu o convite para Garota do Momento?
Primeiro, recebi um monólogo para gravar um vídeo em casa interpretando. A partir disso, fui convidado para uma oficina, aqui no Rio. Foram três dias de testes, em que fizemos tanto exercícios teatrais de improviso, quanto cenas da novela. No fim, fiz um teste de química com outros colegas de elenco. Esperei um tempinho e recebi a aprovação! Alegria total.
É o seu primeiro papel de destaque? Como foi seu início nas artes cênicas?
É a minha primeira novela, meu primeiro trabalho na televisão aberta. Mas já interpretei papéis de destaque no cinema, streaming e teatro. Com uns cinco anos de idade eu comecei a me interessar pela atuação e pelo circo. Comecei a estudar numa escola de circo e enchia o saco dos meus pais pra fazer cinema. Então, fiz testes e passei para atuar em alguns curtas. Porém, foi com uns oito anos que eu entendi que era isso que eu queria fazer da vida, gravando O Olho e o Zarolho, filme que protagonizei. E aí, não parei mais: segui estudando palhaçaria e circo, comecei a fazer aulas de teatro, teatro corporal com máscaras, continuei fazendo cinema, séries e agora, aos 21, estou na minha primeira novela.
O Guto é um bom filho, mas vive no dilema do preconceito da época. Como foi fazer a construção desse personagem?
O Guto é um personagem muito complexo. Um grande presente pra mim. O processo de construção é constante, porque estamos falando de uma obra aberta, que vai mudando. Nem eu sei o que vai acontecer no fim da trama. Antes de começarmos a gravação tivemos uma preparação com a Cris Moura, onde ensaiamos cenas da novela, vimos referências da época e fizemos exercícios de improviso. Além disso, tivemos aulas de etiqueta para entendermos o corpo da época, fono e prosódia [afinal, estou fazendo um personagem carioca e sou paulistano]. Pesquisei bastante os grandes ídolos dos anos 50, como Marlon Brando, Elvis Presley, Rock Hudson e, principalmente, James Dean – que foi a principal referência. Vi muitos filmes da época, séries que remontam esse período e ouvi muita música – principalmente samba, rock e bossa nova.
Guto ainda vai demorar a se assumir para a mãe, para o irmão? Ele esboça vontade, mas ainda não criou coragem.
Primeiro o Guto precisa se entender, se aceitar e se acolher – o que já é um passo gigante, principalmente nos anos 50. Mas vai chegar o momento em que ele vai encontrar pontos de apoio… e de atrito.
Como está sendo viver um homossexual numa época em que nem poderia se falar essa palavra?
É, na novela as pessoas só se referem aos gays [ou a qualquer pessoa que fuja do padrão de masculinidade imposto como “invertidos”, de forma pejorativa. O único personagem que traz o termo “homossexualidade” é o Érico, que viveu um período fora do Brasil, onde novos conceitos estavam sendo concebidos. É um personagem difícil, complexo. Estou muito honrado de interpretá-lo.
Como você vê os dilemas de Guto? Vocês têm algo em comum?
O trabalho do ator é construir um personagem diferente de nós, mas ao mesmo tempo, a principal ferramenta que temos é exatamente nós mesmos, nossos corpos. Os personagens que interpreto [mesmo os mais horríveis – que não é o caso do Guto] sempre estão dentro de mim, em algum lugar. Todos nós convivemos com infinitas possibilidades internamente. E ao mesmo tempo sou completamente diferente do Guto.
E o Pedro, como compara a homofobia de hoje com o tempo da novela?
Olha, não sou historiador e nem cientista social, mas é evidente que, a partir de muita luta, avançamos na diminuição do preconceito. Inclusive, como foi dito, na criação de conceitos. Se a palavra “homossexualidade” quase não era usada, imagina “homofobia”. Porém, ainda vivemos em uma sociedade muito preconceituosa. E, infelizmente, vemos um crescimento grande da extrema direita no mundo, o que me deixa pessimista.
Guto está se apaixonando. Você acha que esse romance vai abalar o círculo em que ele vive?
É impossível não abalar. Inclusive não faria sentido e seria irresponsável tratar dessa questão – ainda mais em uma trama ambientada nos anos 50 – sem falar de preconceito. E a Alessandra [Poggi, autora de Garota do Momento] está tratando o tema com muito respeito e sensibilidade. Porém, espero muito que o Guto fique bem!
Você tem outros projetos fora a novela?
Sim! Atuei em dois longas que devem ser lançados em breve: Eclipse, da Djin Sganzerla; e Não Estou Aqui, do Cristiano Burlan. Tarã, série do Disney+, também já está gravada e vai sair esse ano. E tenho alguns projetos pessoais rolando, como a finalização de Adrenalina, curta-metragem que dirigi.
Quais suas expectativas futuras na carreira?
Quero interpretar bons personagens em boas histórias. Esse é meu maior sonho e minha maior expectativa. Seguir criando e trabalhando.
Post Comment