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13 Mar 2025, Thu

Leila Pereira defende gramado sintético e provoca jogadores em debate na CBF

Leila Pereira


A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, tornou-se o centro das atenções em uma reunião do Conselho Técnico da CBF, realizada no dia 12 de março de 2025, no Rio de Janeiro, ao rebater críticas de jogadores sobre o uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro. O encontro, que reuniu representantes dos 20 clubes da Série A, discutiu temas como o aumento do número de estrangeiros nas equipes e a polêmica envolvendo os pisos artificiais, adotados por clubes como Palmeiras, Botafogo, Athletico-PR e Atlético-MG. Leila não mediu palavras ao responder ao manifesto publicado em fevereiro por atletas renomados, como Neymar, Thiago Silva, Philippe Coutinho, Bruno Henrique e Gabigol, que pediram o fim do gramado sintético, alegando que ele compromete a qualidade do jogo e a saúde dos jogadores. Para a dirigente, a resistência ao piso artificial é infundada e reflete mais uma tentativa de veteranos de justificar dificuldades do que uma preocupação legítima. Durante a reunião, a CBF apresentou estudos que, segundo Leila, mostram a ausência de evidências científicas sobre danos causados pelo gramado sintético, reacendendo o debate que divide o futebol nacional.

Ísis não hesita em afirmar que o problema real está na precariedade dos gramados naturais no Brasil, muitas vezes mal conservados devido ao intenso calendário de jogos e à falta de infraestrutura adequada. “Não é possível comparar gramados europeus com a situação brasileira. É muito melhor ter um gramado sintético de primeira linha do que jogar em gramados naturais esburacados”, declarou a presidente, destacando a experiência positiva do Palmeiras com o Allianz Parque, que utiliza o piso artificial desde 2020. O clube, aliás, foi um dos pioneiros na adoção da tecnologia, que também permite a realização de eventos como shows, gerando receita extra. A discussão ganhou força após o manifesto dos jogadores, mas Leila ironizou os críticos, sugerindo que muitos deles, por serem mais velhos, “já deveriam ter parado de jogar” em vez de culpar o gramado por eventuais problemas físicos ou de desempenho.

O embate reflete uma tensão crescente no futebol brasileiro, onde o uso de gramados sintéticos divide opiniões entre dirigentes, atletas e torcedores. Enquanto clubes como Palmeiras e Botafogo defendem o piso artificial por sua durabilidade e custo-benefício, outros, como São Paulo e Fluminense, lideram o movimento pela volta exclusiva aos gramados naturais. A CBF, por sua vez, optou por não tomar uma decisão imediata, mas formou um conselho com seis clubes – Palmeiras, Flamengo, Fortaleza, Internacional, São Paulo e Vasco – para analisar o tema ao longo de 2025. O desfecho promete impactar o futuro das competições nacionais, em um cenário onde a qualidade dos campos, sintéticos ou não, segue como um dos maiores desafios do esporte no país.

Reação ao manifesto: Leila ironiza atletas e questiona argumentos

Leila Pereira não deixou passar em branco o manifesto dos jogadores que, em fevereiro, usaram as redes sociais para protestar contra os gramados sintéticos. Nomes de peso como Neymar, atualmente no Santos, Thiago Silva, do Fluminense, e Gabigol, do Cruzeiro, compartilharam a mensagem “Futebol profissional não se joga em gramado sintético”, argumentando que o piso artificial prejudica o espetáculo e aumenta o risco de lesões. A presidente do Palmeiras, no entanto, rebateu com ironia, sugerindo que as reclamações partem sobretudo de atletas mais velhos preocupados com o fim da carreira. “Eles acham que isso pode encurtar a vida útil deles como atletas, mas são jogadores que já deveriam ter parado”, disparou.

A fala de Leila gerou repercussão imediata, especialmente por colocar em xeque a legitimidade das críticas. Ela destacou que o Palmeiras, com seu gramado sintético certificado pela Fifa no Allianz Parque, tem um dos menores índices de lesões na Série A nos últimos cinco anos, desafiando a narrativa de que o piso artificial seria mais perigoso. A dirigente também aproveitou para comparar a realidade brasileira com a europeia, onde gramados naturais de alta qualidade são padrão, mas inviáveis no Brasil devido ao volume de jogos e às condições climáticas. “Se os gramados europeus são tão bons, fiquem lá, não venham pra cá”, provocou, reforçando que a solução passa por investir em alternativas viáveis, como o sintético.

Estudos da CBF: ciência entra no debate sobre gramados

No centro da discussão, a CBF trouxe dados para embasar o diálogo. Durante a reunião, o médico Jorge Pagura, chefe da Comissão Nacional de Médicos do Futebol, apresentou um estudo detalhado sobre os impactos dos gramados sintéticos. Segundo Leila, os resultados foram claros: não há comprovação científica de que o piso artificial cause mais danos aos atletas do que o natural. “O doutor Pagura fez uma bela apresentação, e a conclusão é que não existe nenhuma evidência de que o gramado sintético prejudique os jogadores”, afirmou a presidente, usando o levantamento como argumento para defender a continuidade do uso do material.

A pesquisa analisou índices de lesões em diferentes superfícies e comparou o desempenho de equipes em gramados sintéticos e naturais. Clubes como Palmeiras e Botafogo, que utilizam o piso artificial há anos, registraram aproveitamentos expressivos em casa – o Palmeiras, por exemplo, alcançou 70,4% de aproveitamento na primeira temporada com o sintético, em 2020, enquanto o Botafogo se destacou como melhor visitante no Brasileirão de 2024. Esses números contrastam com as críticas dos jogadores, que apontam dificuldades de adaptação e um suposto aumento no risco de contusões, especialmente em articulações como joelhos e tornozelos.

Gramados no Brasil: o dilema entre natural e sintético

A qualidade dos gramados brasileiros há anos é motivo de debate, e a reunião na CBF reacendeu essa questão. Enquanto o manifesto dos jogadores defende que o futebol profissional deve ser jogado em grama natural, Leila Pereira e outros dirigentes argumentam que a realidade nacional não permite esse luxo. Estádios como Maracanã, Mineirão e Arena Pantanal frequentemente enfrentam críticas por campos irregulares, resultado de um calendário apertado que impede a manutenção adequada. Em 2023, o Maracanã sediou mais de 70 partidas, número que compromete qualquer gramado natural, por mais bem cuidado que seja.

Por outro lado, os gramados sintéticos oferecem vantagens práticas. Além da maior resistência ao desgaste, eles exigem menos manutenção – sem necessidade de irrigação constante ou replantio – e suportam eventos extracampo, como shows, que geram receita significativa. O Allianz Parque, por exemplo, já recebeu apresentações de artistas como Taylor Swift, mas isso também trouxe problemas: o técnico Abel Ferreira já reclamou das “miçangas” deixadas pelos fãs, que afetaram o piso. Ainda assim, Leila defende que um sintético de qualidade supera um natural mal conservado, posição compartilhada por clubes como Athletico-PR, pioneiro no uso do material desde 2016.

A discussão também expõe uma disparidade entre os clubes. Enquanto Palmeiras e Botafogo investiram em gramados sintéticos certificados pela Fifa, outros, como São Paulo e Fluminense, mantêm a preferência pelo natural, mesmo enfrentando dificuldades para garantir condições ideais. O São Paulo, por exemplo, troca a grama do Morumbi duas vezes por ano, mas já teve quatro jogadores lesionados no Allianz Parque só em 2023, fato que alimenta a resistência ao sintético entre os tricolores.

Conselho da CBF: o futuro dos gramados em 2025

Para evitar decisões precipitadas, a CBF optou por aprofundar o debate. Seis clubes – Palmeiras, Flamengo, Fortaleza, Internacional, São Paulo e Vasco – foram eleitos para formar um conselho que estudará o tema ao longo de 2025, com o objetivo de chegar a um consenso que atenda a todos. “Não houve votação sobre o fim do gramado sintético, mas um compromisso de discutir mais e encontrar uma solução”, explicou Leila Pereira, destacando a complexidade do assunto em um país com realidades tão distintas.

O calendário desse grupo prevê reuniões periódicas e a possibilidade de contratar uma consultoria internacional para avaliar os impactos do piso artificial. Confira as principais etapas planejadas:

  • Março a junho: Coleta de dados sobre lesões e desempenho em gramados sintéticos e naturais.
  • Julho a setembro: Análise de estudos internacionais e comparação com a realidade brasileira.
  • Outubro a dezembro: Definição de recomendações para a temporada 2026.

Enquanto isso, os clubes que utilizam gramados sintéticos, como Palmeiras e Botafogo, terão de permitir treinos dos adversários em seus estádios na véspera das partidas, medida já em vigor em 2024 para facilitar a adaptação ao piso.

Vantagens e críticas: o que dizem os números

Os gramados sintéticos dividem opiniões, mas os números ajudam a entender o cenário. Desde que adotou o piso artificial, o Palmeiras conquistou títulos como o Paulistão e a Libertadores de 2020, enquanto o Athletico-PR saltou de 63,9% para 79,8% de aproveitamento em casa entre 2015 e 2016. Já o Botafogo, com o sintético no Nilton Santos desde 2023, liderou o Brasileirão em pontos fora de casa no último ano, mostrando que a adaptação ao piso não é um obstáculo intransponível.

Por outro lado, os críticos apontam riscos à saúde. Embora estudos como o publicado na revista The Lancet em 2023 indiquem que a incidência geral de lesões é menor em gramados sintéticos, há relatos de maior desconforto em articulações e tendões, especialmente entre jogadores habituados ao natural. No Allianz Parque, adversários como São Paulo e Fluminense já culparam o piso por lesões graves, como as de Ferraresi e Galoppo em 2023, embora o Palmeiras contra-argumente com seu baixo índice de contusões.

Curiosidades sobre o embate entre sintético e natural

O debate sobre gramados no Brasil vai além da técnica e envolve aspectos culturais e práticos. Veja alguns pontos que ajudam a entender a polêmica:

  • Pioneirismo paranaense: O Athletico-PR foi o primeiro da Série A a adotar o sintético, em 2016, inspirando outros clubes.
  • Certificação Fifa: Todos os gramados sintéticos da elite brasileira têm o selo Fifa Quality Pro, exigido para competições profissionais.
  • Calor em jogo: Em dias quentes, a temperatura no sintético pode chegar a 70 graus, 20 a 30 graus acima do natural, segundo especialistas.

Esses fatores mostram que a escolha entre sintético e natural não é apenas questão de preferência, mas de adaptação às condições locais e às demandas do futebol moderno.

Vozes do campo: o que pensam jogadores e técnicos

Atletas e treinadores também entram na discussão com visões distintas. Neymar, um dos líderes do manifesto, já declarou que o sintético dificulta carrinhos e queima os pés em dias quentes, enquanto Gabigol chamou o gramado da Ligga Arena de “horrível” em 2023. Por outro lado, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, já defendeu o sintético em algumas ocasiões, mas também pediu sua troca no Allianz Parque em dezembro de 2023, alegando desgaste após shows.

A resistência dos jogadores muitas vezes reflete o hábito com o natural, comum na formação dos brasileiros. “Cresci acostumado à grama natural, o sintético é diferente”, disse Lucas Moura, do São Paulo, ecoando o sentimento de muitos colegas. Já o Botafogo, em nota oficial, destacou que seu gramado sintético foi elogiado por adversários e comparado a padrões da Premier League, reforçando a qualidade do investimento.

Realidade brasileira: um desafio além do gramado

O futebol brasileiro enfrenta um dilema estrutural que vai além da escolha entre sintético e natural. Com um calendário que inclui estaduais, Brasileirão, Copa do Brasil e competições internacionais, os estádios raramente têm tempo para recuperar a grama natural. O Maracanã, por exemplo, chegou a receber três jogos em uma semana em 2023, enquanto o Allianz Parque equilibra partidas e eventos como o show de Taylor Swift, que deixou resíduos no campo.

Leila Pereira defende que o sintético é uma solução prática para esse cenário, mas reconhece que a qualidade geral dos gramados precisa melhorar. “A gente tem que discutir a qualidade dos gramados no Brasil como um todo”, afirmou, apontando que campos naturais mal mantidos, como os do Castelão e da Arena Pantanal, já foram alvos de reclamações de jogadores da Seleção Brasileira em 2023. A posição do Palmeiras, compartilhada por clubes como Athletico-PR, é que o sintético certificado oferece consistência e segurança, algo que o natural raramente consegue em larga escala no país.

A discussão seguirá em 2025, com o conselho da CBF buscando um equilíbrio entre tradição e modernidade. Por enquanto, o embate entre Leila e os jogadores mostra que o tema está longe de um consenso, mas já mexe com as paixões do futebol brasileiro.



A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, tornou-se o centro das atenções em uma reunião do Conselho Técnico da CBF, realizada no dia 12 de março de 2025, no Rio de Janeiro, ao rebater críticas de jogadores sobre o uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro. O encontro, que reuniu representantes dos 20 clubes da Série A, discutiu temas como o aumento do número de estrangeiros nas equipes e a polêmica envolvendo os pisos artificiais, adotados por clubes como Palmeiras, Botafogo, Athletico-PR e Atlético-MG. Leila não mediu palavras ao responder ao manifesto publicado em fevereiro por atletas renomados, como Neymar, Thiago Silva, Philippe Coutinho, Bruno Henrique e Gabigol, que pediram o fim do gramado sintético, alegando que ele compromete a qualidade do jogo e a saúde dos jogadores. Para a dirigente, a resistência ao piso artificial é infundada e reflete mais uma tentativa de veteranos de justificar dificuldades do que uma preocupação legítima. Durante a reunião, a CBF apresentou estudos que, segundo Leila, mostram a ausência de evidências científicas sobre danos causados pelo gramado sintético, reacendendo o debate que divide o futebol nacional.

Ísis não hesita em afirmar que o problema real está na precariedade dos gramados naturais no Brasil, muitas vezes mal conservados devido ao intenso calendário de jogos e à falta de infraestrutura adequada. “Não é possível comparar gramados europeus com a situação brasileira. É muito melhor ter um gramado sintético de primeira linha do que jogar em gramados naturais esburacados”, declarou a presidente, destacando a experiência positiva do Palmeiras com o Allianz Parque, que utiliza o piso artificial desde 2020. O clube, aliás, foi um dos pioneiros na adoção da tecnologia, que também permite a realização de eventos como shows, gerando receita extra. A discussão ganhou força após o manifesto dos jogadores, mas Leila ironizou os críticos, sugerindo que muitos deles, por serem mais velhos, “já deveriam ter parado de jogar” em vez de culpar o gramado por eventuais problemas físicos ou de desempenho.

O embate reflete uma tensão crescente no futebol brasileiro, onde o uso de gramados sintéticos divide opiniões entre dirigentes, atletas e torcedores. Enquanto clubes como Palmeiras e Botafogo defendem o piso artificial por sua durabilidade e custo-benefício, outros, como São Paulo e Fluminense, lideram o movimento pela volta exclusiva aos gramados naturais. A CBF, por sua vez, optou por não tomar uma decisão imediata, mas formou um conselho com seis clubes – Palmeiras, Flamengo, Fortaleza, Internacional, São Paulo e Vasco – para analisar o tema ao longo de 2025. O desfecho promete impactar o futuro das competições nacionais, em um cenário onde a qualidade dos campos, sintéticos ou não, segue como um dos maiores desafios do esporte no país.

Reação ao manifesto: Leila ironiza atletas e questiona argumentos

Leila Pereira não deixou passar em branco o manifesto dos jogadores que, em fevereiro, usaram as redes sociais para protestar contra os gramados sintéticos. Nomes de peso como Neymar, atualmente no Santos, Thiago Silva, do Fluminense, e Gabigol, do Cruzeiro, compartilharam a mensagem “Futebol profissional não se joga em gramado sintético”, argumentando que o piso artificial prejudica o espetáculo e aumenta o risco de lesões. A presidente do Palmeiras, no entanto, rebateu com ironia, sugerindo que as reclamações partem sobretudo de atletas mais velhos preocupados com o fim da carreira. “Eles acham que isso pode encurtar a vida útil deles como atletas, mas são jogadores que já deveriam ter parado”, disparou.

A fala de Leila gerou repercussão imediata, especialmente por colocar em xeque a legitimidade das críticas. Ela destacou que o Palmeiras, com seu gramado sintético certificado pela Fifa no Allianz Parque, tem um dos menores índices de lesões na Série A nos últimos cinco anos, desafiando a narrativa de que o piso artificial seria mais perigoso. A dirigente também aproveitou para comparar a realidade brasileira com a europeia, onde gramados naturais de alta qualidade são padrão, mas inviáveis no Brasil devido ao volume de jogos e às condições climáticas. “Se os gramados europeus são tão bons, fiquem lá, não venham pra cá”, provocou, reforçando que a solução passa por investir em alternativas viáveis, como o sintético.

Estudos da CBF: ciência entra no debate sobre gramados

No centro da discussão, a CBF trouxe dados para embasar o diálogo. Durante a reunião, o médico Jorge Pagura, chefe da Comissão Nacional de Médicos do Futebol, apresentou um estudo detalhado sobre os impactos dos gramados sintéticos. Segundo Leila, os resultados foram claros: não há comprovação científica de que o piso artificial cause mais danos aos atletas do que o natural. “O doutor Pagura fez uma bela apresentação, e a conclusão é que não existe nenhuma evidência de que o gramado sintético prejudique os jogadores”, afirmou a presidente, usando o levantamento como argumento para defender a continuidade do uso do material.

A pesquisa analisou índices de lesões em diferentes superfícies e comparou o desempenho de equipes em gramados sintéticos e naturais. Clubes como Palmeiras e Botafogo, que utilizam o piso artificial há anos, registraram aproveitamentos expressivos em casa – o Palmeiras, por exemplo, alcançou 70,4% de aproveitamento na primeira temporada com o sintético, em 2020, enquanto o Botafogo se destacou como melhor visitante no Brasileirão de 2024. Esses números contrastam com as críticas dos jogadores, que apontam dificuldades de adaptação e um suposto aumento no risco de contusões, especialmente em articulações como joelhos e tornozelos.

Gramados no Brasil: o dilema entre natural e sintético

A qualidade dos gramados brasileiros há anos é motivo de debate, e a reunião na CBF reacendeu essa questão. Enquanto o manifesto dos jogadores defende que o futebol profissional deve ser jogado em grama natural, Leila Pereira e outros dirigentes argumentam que a realidade nacional não permite esse luxo. Estádios como Maracanã, Mineirão e Arena Pantanal frequentemente enfrentam críticas por campos irregulares, resultado de um calendário apertado que impede a manutenção adequada. Em 2023, o Maracanã sediou mais de 70 partidas, número que compromete qualquer gramado natural, por mais bem cuidado que seja.

Por outro lado, os gramados sintéticos oferecem vantagens práticas. Além da maior resistência ao desgaste, eles exigem menos manutenção – sem necessidade de irrigação constante ou replantio – e suportam eventos extracampo, como shows, que geram receita significativa. O Allianz Parque, por exemplo, já recebeu apresentações de artistas como Taylor Swift, mas isso também trouxe problemas: o técnico Abel Ferreira já reclamou das “miçangas” deixadas pelos fãs, que afetaram o piso. Ainda assim, Leila defende que um sintético de qualidade supera um natural mal conservado, posição compartilhada por clubes como Athletico-PR, pioneiro no uso do material desde 2016.

A discussão também expõe uma disparidade entre os clubes. Enquanto Palmeiras e Botafogo investiram em gramados sintéticos certificados pela Fifa, outros, como São Paulo e Fluminense, mantêm a preferência pelo natural, mesmo enfrentando dificuldades para garantir condições ideais. O São Paulo, por exemplo, troca a grama do Morumbi duas vezes por ano, mas já teve quatro jogadores lesionados no Allianz Parque só em 2023, fato que alimenta a resistência ao sintético entre os tricolores.

Conselho da CBF: o futuro dos gramados em 2025

Para evitar decisões precipitadas, a CBF optou por aprofundar o debate. Seis clubes – Palmeiras, Flamengo, Fortaleza, Internacional, São Paulo e Vasco – foram eleitos para formar um conselho que estudará o tema ao longo de 2025, com o objetivo de chegar a um consenso que atenda a todos. “Não houve votação sobre o fim do gramado sintético, mas um compromisso de discutir mais e encontrar uma solução”, explicou Leila Pereira, destacando a complexidade do assunto em um país com realidades tão distintas.

O calendário desse grupo prevê reuniões periódicas e a possibilidade de contratar uma consultoria internacional para avaliar os impactos do piso artificial. Confira as principais etapas planejadas:

  • Março a junho: Coleta de dados sobre lesões e desempenho em gramados sintéticos e naturais.
  • Julho a setembro: Análise de estudos internacionais e comparação com a realidade brasileira.
  • Outubro a dezembro: Definição de recomendações para a temporada 2026.

Enquanto isso, os clubes que utilizam gramados sintéticos, como Palmeiras e Botafogo, terão de permitir treinos dos adversários em seus estádios na véspera das partidas, medida já em vigor em 2024 para facilitar a adaptação ao piso.

Vantagens e críticas: o que dizem os números

Os gramados sintéticos dividem opiniões, mas os números ajudam a entender o cenário. Desde que adotou o piso artificial, o Palmeiras conquistou títulos como o Paulistão e a Libertadores de 2020, enquanto o Athletico-PR saltou de 63,9% para 79,8% de aproveitamento em casa entre 2015 e 2016. Já o Botafogo, com o sintético no Nilton Santos desde 2023, liderou o Brasileirão em pontos fora de casa no último ano, mostrando que a adaptação ao piso não é um obstáculo intransponível.

Por outro lado, os críticos apontam riscos à saúde. Embora estudos como o publicado na revista The Lancet em 2023 indiquem que a incidência geral de lesões é menor em gramados sintéticos, há relatos de maior desconforto em articulações e tendões, especialmente entre jogadores habituados ao natural. No Allianz Parque, adversários como São Paulo e Fluminense já culparam o piso por lesões graves, como as de Ferraresi e Galoppo em 2023, embora o Palmeiras contra-argumente com seu baixo índice de contusões.

Curiosidades sobre o embate entre sintético e natural

O debate sobre gramados no Brasil vai além da técnica e envolve aspectos culturais e práticos. Veja alguns pontos que ajudam a entender a polêmica:

  • Pioneirismo paranaense: O Athletico-PR foi o primeiro da Série A a adotar o sintético, em 2016, inspirando outros clubes.
  • Certificação Fifa: Todos os gramados sintéticos da elite brasileira têm o selo Fifa Quality Pro, exigido para competições profissionais.
  • Calor em jogo: Em dias quentes, a temperatura no sintético pode chegar a 70 graus, 20 a 30 graus acima do natural, segundo especialistas.

Esses fatores mostram que a escolha entre sintético e natural não é apenas questão de preferência, mas de adaptação às condições locais e às demandas do futebol moderno.

Vozes do campo: o que pensam jogadores e técnicos

Atletas e treinadores também entram na discussão com visões distintas. Neymar, um dos líderes do manifesto, já declarou que o sintético dificulta carrinhos e queima os pés em dias quentes, enquanto Gabigol chamou o gramado da Ligga Arena de “horrível” em 2023. Por outro lado, Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, já defendeu o sintético em algumas ocasiões, mas também pediu sua troca no Allianz Parque em dezembro de 2023, alegando desgaste após shows.

A resistência dos jogadores muitas vezes reflete o hábito com o natural, comum na formação dos brasileiros. “Cresci acostumado à grama natural, o sintético é diferente”, disse Lucas Moura, do São Paulo, ecoando o sentimento de muitos colegas. Já o Botafogo, em nota oficial, destacou que seu gramado sintético foi elogiado por adversários e comparado a padrões da Premier League, reforçando a qualidade do investimento.

Realidade brasileira: um desafio além do gramado

O futebol brasileiro enfrenta um dilema estrutural que vai além da escolha entre sintético e natural. Com um calendário que inclui estaduais, Brasileirão, Copa do Brasil e competições internacionais, os estádios raramente têm tempo para recuperar a grama natural. O Maracanã, por exemplo, chegou a receber três jogos em uma semana em 2023, enquanto o Allianz Parque equilibra partidas e eventos como o show de Taylor Swift, que deixou resíduos no campo.

Leila Pereira defende que o sintético é uma solução prática para esse cenário, mas reconhece que a qualidade geral dos gramados precisa melhorar. “A gente tem que discutir a qualidade dos gramados no Brasil como um todo”, afirmou, apontando que campos naturais mal mantidos, como os do Castelão e da Arena Pantanal, já foram alvos de reclamações de jogadores da Seleção Brasileira em 2023. A posição do Palmeiras, compartilhada por clubes como Athletico-PR, é que o sintético certificado oferece consistência e segurança, algo que o natural raramente consegue em larga escala no país.

A discussão seguirá em 2025, com o conselho da CBF buscando um equilíbrio entre tradição e modernidade. Por enquanto, o embate entre Leila e os jogadores mostra que o tema está longe de um consenso, mas já mexe com as paixões do futebol brasileiro.



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