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15 Mar 2025, Sat

Guerra tributária: qual o impacto do conflito que Trump inseriu os EUA

Imagem colorida de Donald Trump - Metrópoles


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas abrangentes sobre produtos do Canadá, México e da China, os três maiores parceiros comerciais do país. Ele também aplicou taxas sobre o aço e o alumínio brasileiros e produtos da União Europeia. No entanto, o efeito esperado por Trump, com essa estratégia de negociações, não tem se concretizado, levando os países a subirem tarifas sobre os produtos norte-americanos como retaliação.

O especialista em relações internacionais Emanuel Assis Aleixo de Franco explica que esse tarifaço promovido por Trump é muito bem pensado e estratégico. “De fato é uma estratégia de negociar que já existe e é aplicada há bastante tempo. Muito antes do Trump assumir o primeiro ou segundo mandato, ela já era aplicada por outros governos, democratas e republicanos, por outros países também, dentro do sistema internacional”.

No entanto, o gerente de comércio internacional Leandro Barcelos, explica que “a imposição de tarifas por Donald Trump, embora possa parecer uma estratégia para proteger a indústria doméstica e gerar receita, tem impactos complexos e potencialmente negativos para a economia dos EUA”.

“No curto prazo, as tarifas podem elevar os preços para os consumidores americanos, já que as empresas repassam os custos adicionais. Além disso, as tarifas retaliatórias impostas por outros países podem prejudicar as exportações americanas, afetando setores como agricultura e manufatura. A incerteza gerada por essa guerra comercial também pode impactar negativamente o investimento e o crescimento econômico”, ressalta Leandro Barcelos.

Brigas

Emanuel Assis ressalta que “a gente tem observado, ao contrário do que se imaginava, que seriam os países tentando negociar de alguma maneira com os Estados Unidos para que ele conseguisse aproveitar de alguma maneira desse cenário para conseguir acordar. Canadá, México, União Europeia e China já anunciaram tarifas altíssimas para os produtos vindos dos EUA”.

Por exemplo, Doug Ford, primeiro-ministro de Ontário, província canadense, aplicou uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para três estados dos EUA: Nova York, Minnesota e Michigan. O Canadá também prometeu retaliação com taxas de 25% sobre quase US$ 30 bilhões em importações norte-americanas.

“Se a escalada tributária entre Canadá e EUA continuar, ambos os países enfrentarão impactos negativos. Para o Canadá, a dependência do mercado americano torna o país particularmente vulnerável a tarifas retaliatórias. As exportações canadenses podem ser prejudicadas, afetando setores como o de madeira, aço e alumínio”, explica Leandro Barcelos.

Segundo o gerente de comércio internacional, “para os EUA, as tarifas sobre produtos canadenses podem elevar os custos para as empresas americanas e prejudicar a competitividade. Além disso, a escalada do conflito comercial pode prejudicar a relação bilateral entre os dois países, que é historicamente forte”.

A UE aplicou taxas de 50% sobre o uísque norte-americano como resposta às tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos EUA a países como Canadá, México, China e Brasil, além dos europeus.

“Os impactos da guerra tributária para a UE incluem o aumento de custos para importadores, que pode ser repassado aos consumidores, resultando em preços mais altos. Há também o prejuízo ao comércio, com a retaliação levando a uma diminuição nas exportações europeias para os EUA, afetando setores como o automotivo e o agrícola”, explica Leandro Barcelos.

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Presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump

Chip Somodevilla/Getty Images

2 de 13Andrew Harnik/Getty Images
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“Não quer paz enquanto tiver apoio dos EUA”, diz Trump sobre Zelensky

Andrew Harnik/Getty Images)

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Keir Starme e Zelensky

Peter Nicholls – WPA Pool/Getty Images

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Presidente Donald Trump afirmou que tem tido sucesso no mandato

McNamee/Getty Images

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Keir Starmer e Trump

Casa Branca

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Steve Bannon e Trump

Reprodução

8 de 13Mikhail Svetlov/Getty Images
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Kim Jong-un e Donald Trump

API/Gamma-Rapho via Getty Images

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Trump voltou à Casa Branca após 4 anos

Ron Sachs-Pool/Getty Images

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Getty Images

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Trump cobra Musk por postura mais “agressiva” em novo governo nos EUA

Reprodução

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Andrew Harnik/Getty Images

Maga

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs as tarifas em nome de seu slogan Make America Great Again (faça a América grande novamente, ou Maga), afirmando que as tarifas foram criadas para dar maior oportunidade ao mercado interno.

“O Maga entra nesse sentido de fortalecer a indústria norte-americana, aumentar a competitividade e o poder de barganha dos Estados Unidos com esses países taxados para que os EUA consigam  acordos comerciais mais vantajosos para si. Ao mesmo tempo é um risco e pode impactar tanto a balança comercial global, reformular parcerias econômicas históricas, mudar de alguma maneira a rota do mercado internacional, quanto impactar a economia dos Estados Unidos”, explica Emanuel.

Segundo o especialista, essa é uma estratégia que “tem certo fundamento, no sentido de que quando você tem algum tipo de controle sobre um determinado mercado ou quando o país depende muito de um certo setor econômico para se manter, você consegue, a partir das tarifas, controlar de alguma maneira o mercado naquele país. E os EUA definitivamente tem essa influência”.

Impacto das tarifas

Segundo Leandro Barcelos, a estratégia de negociação de Donald Trump, que se baseia na imposição de tarifas e na ameaça de retaliação, apresenta algumas vantagens significativas.

“Em primeiro lugar, essa abordagem pode gerar pressão sobre outros países para que negociem acordos comerciais mais favoráveis aos Estados Unidos, promovendo assim os interesses econômicos americanos. Além disso, ao proteger a indústria doméstica de concorrência desleal, essa estratégia pode fortalecer setores vulneráveis da economia, garantindo a preservação de empregos e a competitividade interna”, afirma Leandro Barcelos.

O gerente de comércio internacional explica que por outro lado, essa mesma estratégia também traz desvantagens consideráveis, como a “imposição de tarifas pode elevar os preços para os consumidores americanos, tornando produtos importados mais caros e impactando o poder de compra da população. Ademais, as tarifas podem prejudicar as exportações americanas, uma vez que outros países podem retaliar com suas próprias tarifas, afetando negativamente os setores que dependem do comércio exterior”.

Segundo Emanuel Assis, a indústria chinesa pode sofrer um impacto maior nesse sentido, porque já existiam taxações pregressas e elas foram aumentadas, o que pode trazer, sim, um impacto econômico para esses países.

Em relação ao México e ao Canadá, o internacionalista diz que elas são “a novidade nessa transição, uma vez que são ainda um dos poucos países no mundo que tem os Estados Unidos como maior parceiro comercial, uma vez que muitos já estão substituindo essa parceria com os EUA pelas parcerias com a China”.

Já em relação ao Brasil, Emanuel destaca que o país é muito estratégico nisso por conta das commodities, do aço, de alumínio, de minérios no geral. “É muito importante para a indústria e é um setor da economia brasileira que depende muito de exportação. Então essas tarifas dão aos Estados Unidos um poder de barganha nesse setor comercial do Brasil”, justifica.

Dentro dos EUA, Emanuel , aponta que as “famílias já vão começar a sentir o impacto no dia a dia com o aumento dos produtos, é especulado que uma família passe a ter que gastar cerca de mil dólares a mais por mês, só devido ao aumento dos produtos gerado por essas taxações”.

“Os impactos disso podem ser ainda maiores para a economia nos Estados Unidos e para o mercado internacional no geral que a gente já viu ter um certo um certo pico na queda das ações de muitas empresas nos Estados Unidos nessa última semana e isso pode se tornar ainda mais comum o mercado e perder uma certa confiança na economia dos Estados Unidos, devido a essa reconfiguração e mudar o eixo de investimentos aí nos próximos anos”, revela o especialista.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas abrangentes sobre produtos do Canadá, México e da China, os três maiores parceiros comerciais do país. Ele também aplicou taxas sobre o aço e o alumínio brasileiros e produtos da União Europeia. No entanto, o efeito esperado por Trump, com essa estratégia de negociações, não tem se concretizado, levando os países a subirem tarifas sobre os produtos norte-americanos como retaliação.

O especialista em relações internacionais Emanuel Assis Aleixo de Franco explica que esse tarifaço promovido por Trump é muito bem pensado e estratégico. “De fato é uma estratégia de negociar que já existe e é aplicada há bastante tempo. Muito antes do Trump assumir o primeiro ou segundo mandato, ela já era aplicada por outros governos, democratas e republicanos, por outros países também, dentro do sistema internacional”.

No entanto, o gerente de comércio internacional Leandro Barcelos, explica que “a imposição de tarifas por Donald Trump, embora possa parecer uma estratégia para proteger a indústria doméstica e gerar receita, tem impactos complexos e potencialmente negativos para a economia dos EUA”.

“No curto prazo, as tarifas podem elevar os preços para os consumidores americanos, já que as empresas repassam os custos adicionais. Além disso, as tarifas retaliatórias impostas por outros países podem prejudicar as exportações americanas, afetando setores como agricultura e manufatura. A incerteza gerada por essa guerra comercial também pode impactar negativamente o investimento e o crescimento econômico”, ressalta Leandro Barcelos.

Brigas

Emanuel Assis ressalta que “a gente tem observado, ao contrário do que se imaginava, que seriam os países tentando negociar de alguma maneira com os Estados Unidos para que ele conseguisse aproveitar de alguma maneira desse cenário para conseguir acordar. Canadá, México, União Europeia e China já anunciaram tarifas altíssimas para os produtos vindos dos EUA”.

Por exemplo, Doug Ford, primeiro-ministro de Ontário, província canadense, aplicou uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para três estados dos EUA: Nova York, Minnesota e Michigan. O Canadá também prometeu retaliação com taxas de 25% sobre quase US$ 30 bilhões em importações norte-americanas.

“Se a escalada tributária entre Canadá e EUA continuar, ambos os países enfrentarão impactos negativos. Para o Canadá, a dependência do mercado americano torna o país particularmente vulnerável a tarifas retaliatórias. As exportações canadenses podem ser prejudicadas, afetando setores como o de madeira, aço e alumínio”, explica Leandro Barcelos.

Segundo o gerente de comércio internacional, “para os EUA, as tarifas sobre produtos canadenses podem elevar os custos para as empresas americanas e prejudicar a competitividade. Além disso, a escalada do conflito comercial pode prejudicar a relação bilateral entre os dois países, que é historicamente forte”.

A UE aplicou taxas de 50% sobre o uísque norte-americano como resposta às tarifas sobre aço e alumínio impostas pelos EUA a países como Canadá, México, China e Brasil, além dos europeus.

“Os impactos da guerra tributária para a UE incluem o aumento de custos para importadores, que pode ser repassado aos consumidores, resultando em preços mais altos. Há também o prejuízo ao comércio, com a retaliação levando a uma diminuição nas exportações europeias para os EUA, afetando setores como o automotivo e o agrícola”, explica Leandro Barcelos.

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Presidentes Emmanuel Macron e Donald Trump

Chip Somodevilla/Getty Images

2 de 13Andrew Harnik/Getty Images
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“Não quer paz enquanto tiver apoio dos EUA”, diz Trump sobre Zelensky

Andrew Harnik/Getty Images)

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Keir Starme e Zelensky

Peter Nicholls – WPA Pool/Getty Images

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Presidente Donald Trump afirmou que tem tido sucesso no mandato

McNamee/Getty Images

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Keir Starmer e Trump

Casa Branca

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Steve Bannon e Trump

Reprodução

8 de 13Mikhail Svetlov/Getty Images
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Kim Jong-un e Donald Trump

API/Gamma-Rapho via Getty Images

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Trump voltou à Casa Branca após 4 anos

Ron Sachs-Pool/Getty Images

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Getty Images

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Trump cobra Musk por postura mais “agressiva” em novo governo nos EUA

Reprodução

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Andrew Harnik/Getty Images

Maga

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs as tarifas em nome de seu slogan Make America Great Again (faça a América grande novamente, ou Maga), afirmando que as tarifas foram criadas para dar maior oportunidade ao mercado interno.

“O Maga entra nesse sentido de fortalecer a indústria norte-americana, aumentar a competitividade e o poder de barganha dos Estados Unidos com esses países taxados para que os EUA consigam  acordos comerciais mais vantajosos para si. Ao mesmo tempo é um risco e pode impactar tanto a balança comercial global, reformular parcerias econômicas históricas, mudar de alguma maneira a rota do mercado internacional, quanto impactar a economia dos Estados Unidos”, explica Emanuel.

Segundo o especialista, essa é uma estratégia que “tem certo fundamento, no sentido de que quando você tem algum tipo de controle sobre um determinado mercado ou quando o país depende muito de um certo setor econômico para se manter, você consegue, a partir das tarifas, controlar de alguma maneira o mercado naquele país. E os EUA definitivamente tem essa influência”.

Impacto das tarifas

Segundo Leandro Barcelos, a estratégia de negociação de Donald Trump, que se baseia na imposição de tarifas e na ameaça de retaliação, apresenta algumas vantagens significativas.

“Em primeiro lugar, essa abordagem pode gerar pressão sobre outros países para que negociem acordos comerciais mais favoráveis aos Estados Unidos, promovendo assim os interesses econômicos americanos. Além disso, ao proteger a indústria doméstica de concorrência desleal, essa estratégia pode fortalecer setores vulneráveis da economia, garantindo a preservação de empregos e a competitividade interna”, afirma Leandro Barcelos.

O gerente de comércio internacional explica que por outro lado, essa mesma estratégia também traz desvantagens consideráveis, como a “imposição de tarifas pode elevar os preços para os consumidores americanos, tornando produtos importados mais caros e impactando o poder de compra da população. Ademais, as tarifas podem prejudicar as exportações americanas, uma vez que outros países podem retaliar com suas próprias tarifas, afetando negativamente os setores que dependem do comércio exterior”.

Segundo Emanuel Assis, a indústria chinesa pode sofrer um impacto maior nesse sentido, porque já existiam taxações pregressas e elas foram aumentadas, o que pode trazer, sim, um impacto econômico para esses países.

Em relação ao México e ao Canadá, o internacionalista diz que elas são “a novidade nessa transição, uma vez que são ainda um dos poucos países no mundo que tem os Estados Unidos como maior parceiro comercial, uma vez que muitos já estão substituindo essa parceria com os EUA pelas parcerias com a China”.

Já em relação ao Brasil, Emanuel destaca que o país é muito estratégico nisso por conta das commodities, do aço, de alumínio, de minérios no geral. “É muito importante para a indústria e é um setor da economia brasileira que depende muito de exportação. Então essas tarifas dão aos Estados Unidos um poder de barganha nesse setor comercial do Brasil”, justifica.

Dentro dos EUA, Emanuel , aponta que as “famílias já vão começar a sentir o impacto no dia a dia com o aumento dos produtos, é especulado que uma família passe a ter que gastar cerca de mil dólares a mais por mês, só devido ao aumento dos produtos gerado por essas taxações”.

“Os impactos disso podem ser ainda maiores para a economia nos Estados Unidos e para o mercado internacional no geral que a gente já viu ter um certo um certo pico na queda das ações de muitas empresas nos Estados Unidos nessa última semana e isso pode se tornar ainda mais comum o mercado e perder uma certa confiança na economia dos Estados Unidos, devido a essa reconfiguração e mudar o eixo de investimentos aí nos próximos anos”, revela o especialista.



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