Atriz, que ocupa o posto pela terceira vez consecutiva, fala em entrevista exclusiva sobre sua preparação para o Carnaval, aborda as mudanças que aconteceram em sua vida nos últimos meses, expõe seu lado frágil e comenta sobre projetos profissionais A rainha está de volta, mas engana-se quem acha que Deborah Secco — que pelo terceiro ano consecutivo vai ocupar esse posto no Camarote Quem O Globo — já está acostumada com a coroa. “Todo ano é uma emoção diferente, principalmente porque a gente tem que se superar. Não dá para entregar menos do que a gente entregou no Carnaval anterior”, diz ela, que esse ano é a rainha da edição comemorativa 100 anos de Globo. Além disso, a atriz, de 45 anos, não se sente a mesma pessoa do passado. “Foi um ano que eu me vi diferente, que eu me escutei diferente. Hoje, eu me vejo pensar diferente. A Deborah do Carnaval passado é uma Deborah muito diferente da de hoje”, garante.
A vida da artista teve grandes movimentos pessoais e profissionais em 2024. Em abril do ano passado, ela anunciou sua separação de Hugo Moura após quase 10 anos de relacionamento. Como atriz, estrelou o remake da novela Elas por Elas, na Globo. Ela também realizou o sonho de apresentar um programa só seu, o Terceira Metade, do Globoplay, e desacelerou para ficar mais tempo com a família e fazer viagens com a filha, Maria Flor, de 9. “Ouso dizer que foi um dos anos mais especiais e felizes da minha vida. Foi um ano muito iluminado, onde também comecei a me entender num outro lugar, me posicionar de uma outra forma e escolher diferente”, conta.
Vista como uma mulher que quebra tabus, Deborah tenta manter a leveza e a liberdade proporcionada pelo Carnaval no restante do ano. “É difícil fazer isso na vida, porque é difícil aceitar as nossas imperfeições”, admite a atriz, que muitas vezes também se sente vulnerável. “Não sou essa mulher tão forte, tão pronta, tão livre. Sou uma mulher em busca, sou uma mulher em evolução com muitas questões, falhas, enfim. Sou muito doce, sou muito frágil. Tenho muitas facetas que talvez as pessoas não saibam e não imaginam”, fala. “Sou uma menina feita de muitas fragilidades e acho que sou, de verdade, bem diferente dessa imagem que as pessoas têm de mim.”
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Para a atriz, a forma direta com a qual ela fala sobre sexo propicia essa imagem de força que as pessoas atribuem a ela. “O sexo ainda é um tabu social muito grande, mas para mim ele não é. Todas as pessoas que existem no mundo são fruto de uma relação sexual”, enfatiza. “Não vejo sexo como algo libidinoso, errado, pecaminoso. Tento olhar para ele como uma necessidade física, como outra qualquer, que todos os seres humanos vão viver de maneira diferente.”
O trabalho segue sendo uma paixão, mas Deborah sente que já conquistou tudo o que desejava. “Eu não tenho nenhum grande sonho ainda a realizar. O que busco hoje é ser feliz e viver de forma mais leve, me cobrando menos, me entendendo mais e me entendendo como ser humano imperfeito. Hoje, os meus maiores sonhos são em relação à minha filha”, conta a atriz, que também não descarta viver um novo romance. “Sou uma mulher que acredita muito no amor e quero me realizar nesse âmbito ainda mais, mas sou muito plana e realizada em tudo que já fiz também. Estou num momento muito bom da minha vida. Meu maior sonho é que tudo continue da forma que está.”
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Este é o terceiro ano que você será rainha do Camarote Quem O Globo. Você já está tranquila neste posto ou é sempre uma emoção diferente?
Eu acho que todo ano é uma emoção diferente, principalmente porque a gente tem que se superar, né? Não dá para entregar menos do que a gente entregou no Carnaval anterior. A gente quebra mais a cabeça para fazer as fantasias e é sempre uma responsabilidade grande.
Você sempre arrasa nos looks. Já fica todo mundo na expectativa para ver seus visuais. O que você pode adiantar das fantasias deste ano?
Já escolhi os looks e já estão todos prontos, inclusive. Agora, estamos quebrando a cabeça aqui para pensar em que conteúdos fazer para apresentar esses looks para o público. O que posso dar de spoiler é que a gente continua homenageando mulheres. Não posso falar muito [sobre como foi a escolha dessas mulheres], porque senão revela o tema dos looks.
Carnaval é, para muitas pessoas, um momento de liberdade. Elas se vestem como querem, se fantasiam, mostram o corpo, mas você já demonstra ser uma mulher livre e sem tabus. Queria saber se pra você o Carnaval também traz algum tipo de liberdade?
Sim, o Carnaval é uma festa que celebra a liberdade. Acho que as pessoas usam essa festa para estarem mais livres e para se divertirem de forma mais livre, sem se cobrar tanto, sem se preocupar tanto com o que vão vestir, com o que vão pensar, mas sou uma mulher que tenta trazer essa liberdade para o ano inteiro. Eu tento estar livre dessas amarras o ano inteiro.
E é difícil fazer isso fora dessa época do ano?
É difícil fazer isso na vida, porque é difícil aceitar as nossas imperfeições. Acho que uma das coisas que faz com que a raça humana ainda exista é a aceitação social, porque quando a gente vive em bando, a gente não é extinto tão facilmente. Então, lá atrás, isso fez com que a gente buscasse uma aceitação alheia para que a gente pudesse conviver em bando. Imagino que isso veio lá dos primórdios da humanidade e a gente segue ainda muito forte com essa cultura de se importar com o que as pessoas pensam e de buscar uma aceitação que vem de fora. Eu venho cada vez mais tentando trazer leveza para minha vida, porque, para mim, a vida é muito importante, única e breve. Hoje, eu busco mais ser feliz do que fazer feliz. É claro que a gente quer fazer feliz também, mas eu busco muito ser feliz, porque quem me ama de verdade vai estar feliz sabendo que eu estou feliz. É muito difícil mesmo quebrar essas amarras, mas com o passar dos anos, a gente vai entendendo que o coletivo é muito plural. Somos diversos e, inevitavelmente, eu não agradarei todo mundo.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Como você lida com as suas imperfeições?
É pesada essa descoberta de que você é imperfeito e que vai cometer falhas, mas está tudo bem também, porque todos somos imperfeitos. Venho trazendo cada vez mais leveza para esse olhar sobre mim e sobre o outro também. Cada um quer existir de um jeito. Mas eu acho também que as pessoas talvez tenham um olhar muito diferente de mim do que eu verdadeiramente sou, sabe? Eu não sou essa mulher tão forte, tão pronta, tão livre. Sou uma mulher em busca, sou uma mulher em evolução com muitas questões, falhas, enfim. Sou muito menina, sou muito doce, sou muito frágil. Tenho muitas facetas que talvez as pessoas não saibam e não imaginam porque… sei lá, o porquê (risos). Talvez porque fiz personagens muito fortes e porque tenho falas que as pessoas julguem muito corajosas, mas ainda sou uma menina feita de muitas fragilidades e acho que sou, de verdade, bem diferente dessa imagem que as pessoas têm de mim.
“Ainda me choca e me surpreende que em 2025 o sexo seja tabu para algumas pessoas”
Você acha que a forma como você fala de sexo sem pudores também influencia nessa imagem que as pessoas têm de você?
Cara, eu acho que sim. A minha família me criou de uma forma muito livre. Eu sempre tive um diálogo muito aberto com a minha família sobre tudo, inclusive sobre sexo. O sexo ainda é um tabu social muito grande, mas para mim ele não é. Todas as pessoas que existem no mundo são fruto de uma relação sexual. Para mim, é até engraçado que as pessoas tenham tanto melindre para falar disso. Eu acho que todas essas questões que a gente tem, como pedofilia e abusos que acontecem contra mulher, vêm dessa falta de diálogo e dessa falta de normalização do sexo. Eu tento olhar pro sexo como eu olho para tomar banho, como eu olho para me alimentar, como eu olho para coisas que todos os seres humanos fazem. Não vejo sexo como algo libidinoso, errado, pecaminoso. Tento olhar para ele como uma necessidade física, como outra qualquer, que todos os seres humanos vão viver de maneira diferente. Olho o sexo com naturalidade e falo dele com naturalidade, porque foi assim que me foi ensinado. Ainda me choca e me surpreende que em 2025 o sexo seja tabu para algumas pessoas.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Voltando ao Carnaval, muito se fala nesse período sobre a preparação, principalmente se uma mulher vai desfilar. Muitas intensificam os exercícios físicos, fazem dieta, mas você não é assim, certo? Você faz algum tipo de preparação?
Voltei a fazer exercício acho que há uns quatro meses. Foi incrível para mim e para minha saúde. Não sou uma pessoa que se preocupa [com o físico], eu tenho uma genética muito abençoada. Então, talvez por eu ter esse privilégio genético, essa nunca foi uma questão para mim. Passei alguns Carnavais sem treinar, esse vai ser um Carnaval que eu estou treinando. Acho que a maior diferença vai ser no meu preparo físico, na minha disposição, porque de fato treinar me faz muito bem e me deixa muito mais resistente. Acredito que esse Carnaval vou me cansar menos. E dieta eu não faço mesmo.
Nesses últimos meses, você fez muitas viagens com a Maria Flor. Como esses momentos ajudaram vocês duas nesse período de mudança da família de vocês?
A gente sempre faz muitas viagens, sempre nos meses de férias dela. No meio do ano passado, a gente foi para a África, também fomos para o navio da Disney, fomos a Paris, fomos a Londres. Esse ano a gente foi esquiar, fomos de novo para Disney. A gente viaja muito, eu amo viajar, é uma das coisas que eu mais amo na vida. Ela ama viajar também, mas como ela estuda, a gente fica limitada. Quando a escola tem uma semana off ou nos meses de férias, a gente viaja. Está cada vez melhor [viajar com ela], são fases muito diferentes, de ela pequenininha pra agora. A Maria Flor é o maior presente da minha vida, sem a menor dúvida, ela é minha parceira, minha companheira, o motivo de tudo e tudo é por ela. Hoje, eu escolho pensando nela, vivo pensando nela, sou a mulher que eu sou pensando nela. Ela é muito valiosa e sempre que estou com ela tenho as melhores experiências da minha vida. Ela é a pessoa mais divertida e mais legal do mundo. Ser amiga dela é muito legal, assim como viajar com ela e rir com ela. Enfim, ela é meu sol.
“A Maria Flor é o maior presente da minha vida. Eu escolho pensando nela, vivo pensando nela, sou a mulher que eu sou pensando nela”
Como é sua relação hoje com o Hugo considerando a criação da Maria Flor?
O Hugo também é uma pessoa que cada vez mais escolhe viver de forma discreta, então eu tenho respeitado muito isso. Mas ele é um grande pai, eu acho que é o melhor pai que ela poderia ter. É muito incrível ver a relação dos dois e a cumplicidade dos dois. A gente vai estar junto sempre por ela. Ela é a coisa mais importante da minha vida e tenho certeza que é a coisa mais importante da vida dele também. A gente vai estar sempre escolhendo juntos por ela. Só prefiro não falar muito, porque sei que ele está querendo ficar cada vez mais discreto.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Como foram os últimos meses e como está emocionalmente?
Eu estou ótima. Tive um ano muito abençoado. Fiz uma novela [Elas por Elas] com mulheres incríveis e com Lazinho [Lázaro Ramos], que é um grande amigo, e fiz também essa transição de sair da Globo já estando com um projeto com a Globo. Eu vinha há bastante tempo querendo migrar para esse lugar de apresentadora, desde que eu engravidei da Maria. Com a coisa da Copa [do Mundo], isso ficou mais presente, me diverti muito fazendo. Quando a novela terminou, a Globo me convidou para apresentar um reality, que é o Terceira Metade. Ter um programa meu foi muito especial. Tive grandes movimentos profissionais nesse ano [que passou], que foi muito incrível. Tive grandes momentos pessoais também, consegui estar com a Maria de forma muito presente, a gente fez viagens incríveis e teve momentos incríveis. Pude estar com a minha família também, minha mãe, meus irmãos. Tive um ano muito abençoado mesmo. Ouso dizer que foi um dos anos mais especiais e felizes da minha vida. Foi um ano muito iluminado, onde também comecei a me entender num outro lugar, me posicionar de uma outra forma e escolher diferente. Eu amo ser essa pessoa que muda de ideia. Amo estar em movimento, mudar de opinião, pensar diferente. Foi um ano que eu me vi diferente, que eu me escutei diferente. Hoje, eu me vejo pensar diferente. A Deborah do Carnaval passado é uma Deborah muito diferente da de hoje. Isso é muito importante mesmo. Sou uma pessoa do movimento. O ano de 2024 foi muito revolucionário, tive grandes movimentos profissionais e pessoais que me fizeram ser diferente.
Você comprou recentemente uma mansão nos Estados Unidos. O que te motivou a investir R$ 6 milhões no imóvel? E colocar seu apartamento no Rio de Janeiro à venda tem relação com essas mudanças na sua vida?
Não, na verdade esse apartamento está para vender há bastante tempo. A gente pensou em se mudar para uma casa uns anos atrás ou para uma cobertura. Mas as coisas não andaram, eu botei esse apartamento para vender e não mexi mais nisso, esqueci, deixei passar. De vez em quando vai alguém lá olhar. Mas não é uma coisa que eu queira vender para hoje, para ontem, está lá. Se alguém pagar o que eu acho que ele vale, a gente vende, senão estou super bem ali, não é uma urgência. Sobre a casa de Orlando, eu já tive casa lá, é um dos lugares que a Maria mais ama, a gente vai duas vezes por ano pelo menos. Ela tem amigos lá, eu tenho amigos lá. Quando a gente viajou [recentemente] nem tinha pretensão de comprar nada, mas eu vi uma casa que eu achei muito legal, linda, num lugar ótimo. Eu falei: “Ah, eu acho que eu vou comprar” (risos).
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Você está se preparando para viver novamente a Bruna Surfistinha, um papel que marcou sua carreira. O que você pode adiantar desse projeto e o que te motivou a aceitar fazer essa sequência?
É uma personagem que eu achei que eu nunca mais fosse fazer, porque eu acho que é linear muito difícil de achar entre o filme comercial e um bom filme. Eu acho o [primeiro] um ótimo filme, fico muito orgulhosa de ter ganhado alguns prêmios como atriz fazendo ele. É um filme que artisticamente fez muito sentido para mim e eu tinha muito medo que esse segundo filme não chegasse nesse lugar. Mas quando eu fui de Bruna no Baile da Vogue, eu vi que as pessoas têm muito carinho por essa personagem. Eu me senti um Mickey, porque eu fiquei o baile todo em pé tirando foto com as pessoas. Tinha uma fila de gente que não acabava. Nunca imaginei que essa personagem ainda ocupasse um lugar de tanto carinho. De fato, fiquei muito impactada. Conversando com o Baldini [diretor do filme], eu falei: “Será que a gente faz? Você faria?”. Ele falou: “Eu faria. Se você fizer, eu faria”. Eu falei: “Ah, se você fizer, talvez eu faça” (risos). Fomos ajeitando essa ideia, foi indo e vai rolar. Ainda estamos escrevendo o roteiro, não está pronto. Tive alguns encontros com a Rachel [Pacheco, que inspirou a história] para ouvir ela e para começar a escrever em cima do que ela nos contou.
Recentemente, você declarou que retiraria o silicone para viver uma caminhoneira. Você de fato pensa em fazer isso?
Eu pretendo, é um filme que eu quero muito fazer. A gente tem um título provisório de Meteoro, mas agora parece que mudou para Sob o Céu de Tocantins. É uma ideia que eu tenho para essa personagem. Acho que ela não tem peitos, então vou ter que tirar. Eu adoro essas transformações físicas, já fiz algumas transformações bem intensas para alguns personagens e eu acho que vai “dar bom”. Essa é uma personagem que merece muito o meu empenho.
Aos 45 anos, o que você sente que ainda não viveu? Quais são seus sonhos pessoais e profissionais?
Acho que “ganhei” de todos os meus sonhos, sabe? Eu fui uma pessoa muito sonhadora, eu sonhei muito alto e eu nunca imaginei que eu pudesse ganhar de todos os meus sonhos. Eu me sinto muito abençoada. Sou uma pessoa que busca trabalhar e me empenho no que eu faço, porque a gente para viver precisa de objetivos, de metas e de coisas que nos ocupem. Então eu fico criando emoções, mas eu não tenho nenhum grande sonho ainda a realizar. O que busco hoje é ser feliz e viver de forma mais leve, me cobrando menos, me entendendo mais e me entendendo como ser humano imperfeito. Hoje, os meus maiores sonhos são em relação à minha filha. Quero que ela seja muito feliz, eu quero que ela realize todos os sonhos dela, quero ser uma mãe que a entenda ela e não a sufoque. E sou uma mulher que acredita muito no amor e quero me realizar nesse âmbito ainda mais, mas sou muito plana e realizada em tudo que já fiz também. Estou num momento muito bom da minha vida. Meu maior sonho é que tudo continue da forma que está.
“Não sou essa mulher tão forte, tão pronta, tão livre. Sou uma mulher em busca, sou uma mulher em evolução”
A Deborah de hoje então é uma Deborah mais tranquila?
Acho que a idade, a maturidade e a realização de muitas coisas fazem com que a gente perca esse anseio, essa urgência. Na minha vida, eu já ganhei, já rolou, já fui muito abençoada. Fiz personagens sensacionais, acho que consegui um lugar profissional de destaque incrível. Quando eu era pequenininha, eu imaginava ser atriz, mas nunca imaginei que eu fosse chegar aonde eu cheguei e ter o tamanho que eu consegui ter, nunca imaginei juntar o dinheiro que eu consegui juntar, nunca imaginei ter os amigos que eu consegui fazer e ter uma vida como a que tenho hoje. Sou muito realizada, então o que vier é lucro.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Atriz, que ocupa o posto pela terceira vez consecutiva, fala em entrevista exclusiva sobre sua preparação para o Carnaval, aborda as mudanças que aconteceram em sua vida nos últimos meses, expõe seu lado frágil e comenta sobre projetos profissionais A rainha está de volta, mas engana-se quem acha que Deborah Secco — que pelo terceiro ano consecutivo vai ocupar esse posto no Camarote Quem O Globo — já está acostumada com a coroa. “Todo ano é uma emoção diferente, principalmente porque a gente tem que se superar. Não dá para entregar menos do que a gente entregou no Carnaval anterior”, diz ela, que esse ano é a rainha da edição comemorativa 100 anos de Globo. Além disso, a atriz, de 45 anos, não se sente a mesma pessoa do passado. “Foi um ano que eu me vi diferente, que eu me escutei diferente. Hoje, eu me vejo pensar diferente. A Deborah do Carnaval passado é uma Deborah muito diferente da de hoje”, garante.
A vida da artista teve grandes movimentos pessoais e profissionais em 2024. Em abril do ano passado, ela anunciou sua separação de Hugo Moura após quase 10 anos de relacionamento. Como atriz, estrelou o remake da novela Elas por Elas, na Globo. Ela também realizou o sonho de apresentar um programa só seu, o Terceira Metade, do Globoplay, e desacelerou para ficar mais tempo com a família e fazer viagens com a filha, Maria Flor, de 9. “Ouso dizer que foi um dos anos mais especiais e felizes da minha vida. Foi um ano muito iluminado, onde também comecei a me entender num outro lugar, me posicionar de uma outra forma e escolher diferente”, conta.
Vista como uma mulher que quebra tabus, Deborah tenta manter a leveza e a liberdade proporcionada pelo Carnaval no restante do ano. “É difícil fazer isso na vida, porque é difícil aceitar as nossas imperfeições”, admite a atriz, que muitas vezes também se sente vulnerável. “Não sou essa mulher tão forte, tão pronta, tão livre. Sou uma mulher em busca, sou uma mulher em evolução com muitas questões, falhas, enfim. Sou muito doce, sou muito frágil. Tenho muitas facetas que talvez as pessoas não saibam e não imaginam”, fala. “Sou uma menina feita de muitas fragilidades e acho que sou, de verdade, bem diferente dessa imagem que as pessoas têm de mim.”
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Para a atriz, a forma direta com a qual ela fala sobre sexo propicia essa imagem de força que as pessoas atribuem a ela. “O sexo ainda é um tabu social muito grande, mas para mim ele não é. Todas as pessoas que existem no mundo são fruto de uma relação sexual”, enfatiza. “Não vejo sexo como algo libidinoso, errado, pecaminoso. Tento olhar para ele como uma necessidade física, como outra qualquer, que todos os seres humanos vão viver de maneira diferente.”
O trabalho segue sendo uma paixão, mas Deborah sente que já conquistou tudo o que desejava. “Eu não tenho nenhum grande sonho ainda a realizar. O que busco hoje é ser feliz e viver de forma mais leve, me cobrando menos, me entendendo mais e me entendendo como ser humano imperfeito. Hoje, os meus maiores sonhos são em relação à minha filha”, conta a atriz, que também não descarta viver um novo romance. “Sou uma mulher que acredita muito no amor e quero me realizar nesse âmbito ainda mais, mas sou muito plana e realizada em tudo que já fiz também. Estou num momento muito bom da minha vida. Meu maior sonho é que tudo continue da forma que está.”
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Este é o terceiro ano que você será rainha do Camarote Quem O Globo. Você já está tranquila neste posto ou é sempre uma emoção diferente?
Eu acho que todo ano é uma emoção diferente, principalmente porque a gente tem que se superar, né? Não dá para entregar menos do que a gente entregou no Carnaval anterior. A gente quebra mais a cabeça para fazer as fantasias e é sempre uma responsabilidade grande.
Você sempre arrasa nos looks. Já fica todo mundo na expectativa para ver seus visuais. O que você pode adiantar das fantasias deste ano?
Já escolhi os looks e já estão todos prontos, inclusive. Agora, estamos quebrando a cabeça aqui para pensar em que conteúdos fazer para apresentar esses looks para o público. O que posso dar de spoiler é que a gente continua homenageando mulheres. Não posso falar muito [sobre como foi a escolha dessas mulheres], porque senão revela o tema dos looks.
Carnaval é, para muitas pessoas, um momento de liberdade. Elas se vestem como querem, se fantasiam, mostram o corpo, mas você já demonstra ser uma mulher livre e sem tabus. Queria saber se pra você o Carnaval também traz algum tipo de liberdade?
Sim, o Carnaval é uma festa que celebra a liberdade. Acho que as pessoas usam essa festa para estarem mais livres e para se divertirem de forma mais livre, sem se cobrar tanto, sem se preocupar tanto com o que vão vestir, com o que vão pensar, mas sou uma mulher que tenta trazer essa liberdade para o ano inteiro. Eu tento estar livre dessas amarras o ano inteiro.
E é difícil fazer isso fora dessa época do ano?
É difícil fazer isso na vida, porque é difícil aceitar as nossas imperfeições. Acho que uma das coisas que faz com que a raça humana ainda exista é a aceitação social, porque quando a gente vive em bando, a gente não é extinto tão facilmente. Então, lá atrás, isso fez com que a gente buscasse uma aceitação alheia para que a gente pudesse conviver em bando. Imagino que isso veio lá dos primórdios da humanidade e a gente segue ainda muito forte com essa cultura de se importar com o que as pessoas pensam e de buscar uma aceitação que vem de fora. Eu venho cada vez mais tentando trazer leveza para minha vida, porque, para mim, a vida é muito importante, única e breve. Hoje, eu busco mais ser feliz do que fazer feliz. É claro que a gente quer fazer feliz também, mas eu busco muito ser feliz, porque quem me ama de verdade vai estar feliz sabendo que eu estou feliz. É muito difícil mesmo quebrar essas amarras, mas com o passar dos anos, a gente vai entendendo que o coletivo é muito plural. Somos diversos e, inevitavelmente, eu não agradarei todo mundo.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Como você lida com as suas imperfeições?
É pesada essa descoberta de que você é imperfeito e que vai cometer falhas, mas está tudo bem também, porque todos somos imperfeitos. Venho trazendo cada vez mais leveza para esse olhar sobre mim e sobre o outro também. Cada um quer existir de um jeito. Mas eu acho também que as pessoas talvez tenham um olhar muito diferente de mim do que eu verdadeiramente sou, sabe? Eu não sou essa mulher tão forte, tão pronta, tão livre. Sou uma mulher em busca, sou uma mulher em evolução com muitas questões, falhas, enfim. Sou muito menina, sou muito doce, sou muito frágil. Tenho muitas facetas que talvez as pessoas não saibam e não imaginam porque… sei lá, o porquê (risos). Talvez porque fiz personagens muito fortes e porque tenho falas que as pessoas julguem muito corajosas, mas ainda sou uma menina feita de muitas fragilidades e acho que sou, de verdade, bem diferente dessa imagem que as pessoas têm de mim.
“Ainda me choca e me surpreende que em 2025 o sexo seja tabu para algumas pessoas”
Você acha que a forma como você fala de sexo sem pudores também influencia nessa imagem que as pessoas têm de você?
Cara, eu acho que sim. A minha família me criou de uma forma muito livre. Eu sempre tive um diálogo muito aberto com a minha família sobre tudo, inclusive sobre sexo. O sexo ainda é um tabu social muito grande, mas para mim ele não é. Todas as pessoas que existem no mundo são fruto de uma relação sexual. Para mim, é até engraçado que as pessoas tenham tanto melindre para falar disso. Eu acho que todas essas questões que a gente tem, como pedofilia e abusos que acontecem contra mulher, vêm dessa falta de diálogo e dessa falta de normalização do sexo. Eu tento olhar pro sexo como eu olho para tomar banho, como eu olho para me alimentar, como eu olho para coisas que todos os seres humanos fazem. Não vejo sexo como algo libidinoso, errado, pecaminoso. Tento olhar para ele como uma necessidade física, como outra qualquer, que todos os seres humanos vão viver de maneira diferente. Olho o sexo com naturalidade e falo dele com naturalidade, porque foi assim que me foi ensinado. Ainda me choca e me surpreende que em 2025 o sexo seja tabu para algumas pessoas.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Voltando ao Carnaval, muito se fala nesse período sobre a preparação, principalmente se uma mulher vai desfilar. Muitas intensificam os exercícios físicos, fazem dieta, mas você não é assim, certo? Você faz algum tipo de preparação?
Voltei a fazer exercício acho que há uns quatro meses. Foi incrível para mim e para minha saúde. Não sou uma pessoa que se preocupa [com o físico], eu tenho uma genética muito abençoada. Então, talvez por eu ter esse privilégio genético, essa nunca foi uma questão para mim. Passei alguns Carnavais sem treinar, esse vai ser um Carnaval que eu estou treinando. Acho que a maior diferença vai ser no meu preparo físico, na minha disposição, porque de fato treinar me faz muito bem e me deixa muito mais resistente. Acredito que esse Carnaval vou me cansar menos. E dieta eu não faço mesmo.
Nesses últimos meses, você fez muitas viagens com a Maria Flor. Como esses momentos ajudaram vocês duas nesse período de mudança da família de vocês?
A gente sempre faz muitas viagens, sempre nos meses de férias dela. No meio do ano passado, a gente foi para a África, também fomos para o navio da Disney, fomos a Paris, fomos a Londres. Esse ano a gente foi esquiar, fomos de novo para Disney. A gente viaja muito, eu amo viajar, é uma das coisas que eu mais amo na vida. Ela ama viajar também, mas como ela estuda, a gente fica limitada. Quando a escola tem uma semana off ou nos meses de férias, a gente viaja. Está cada vez melhor [viajar com ela], são fases muito diferentes, de ela pequenininha pra agora. A Maria Flor é o maior presente da minha vida, sem a menor dúvida, ela é minha parceira, minha companheira, o motivo de tudo e tudo é por ela. Hoje, eu escolho pensando nela, vivo pensando nela, sou a mulher que eu sou pensando nela. Ela é muito valiosa e sempre que estou com ela tenho as melhores experiências da minha vida. Ela é a pessoa mais divertida e mais legal do mundo. Ser amiga dela é muito legal, assim como viajar com ela e rir com ela. Enfim, ela é meu sol.
“A Maria Flor é o maior presente da minha vida. Eu escolho pensando nela, vivo pensando nela, sou a mulher que eu sou pensando nela”
Como é sua relação hoje com o Hugo considerando a criação da Maria Flor?
O Hugo também é uma pessoa que cada vez mais escolhe viver de forma discreta, então eu tenho respeitado muito isso. Mas ele é um grande pai, eu acho que é o melhor pai que ela poderia ter. É muito incrível ver a relação dos dois e a cumplicidade dos dois. A gente vai estar junto sempre por ela. Ela é a coisa mais importante da minha vida e tenho certeza que é a coisa mais importante da vida dele também. A gente vai estar sempre escolhendo juntos por ela. Só prefiro não falar muito, porque sei que ele está querendo ficar cada vez mais discreto.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Como foram os últimos meses e como está emocionalmente?
Eu estou ótima. Tive um ano muito abençoado. Fiz uma novela [Elas por Elas] com mulheres incríveis e com Lazinho [Lázaro Ramos], que é um grande amigo, e fiz também essa transição de sair da Globo já estando com um projeto com a Globo. Eu vinha há bastante tempo querendo migrar para esse lugar de apresentadora, desde que eu engravidei da Maria. Com a coisa da Copa [do Mundo], isso ficou mais presente, me diverti muito fazendo. Quando a novela terminou, a Globo me convidou para apresentar um reality, que é o Terceira Metade. Ter um programa meu foi muito especial. Tive grandes movimentos profissionais nesse ano [que passou], que foi muito incrível. Tive grandes momentos pessoais também, consegui estar com a Maria de forma muito presente, a gente fez viagens incríveis e teve momentos incríveis. Pude estar com a minha família também, minha mãe, meus irmãos. Tive um ano muito abençoado mesmo. Ouso dizer que foi um dos anos mais especiais e felizes da minha vida. Foi um ano muito iluminado, onde também comecei a me entender num outro lugar, me posicionar de uma outra forma e escolher diferente. Eu amo ser essa pessoa que muda de ideia. Amo estar em movimento, mudar de opinião, pensar diferente. Foi um ano que eu me vi diferente, que eu me escutei diferente. Hoje, eu me vejo pensar diferente. A Deborah do Carnaval passado é uma Deborah muito diferente da de hoje. Isso é muito importante mesmo. Sou uma pessoa do movimento. O ano de 2024 foi muito revolucionário, tive grandes movimentos profissionais e pessoais que me fizeram ser diferente.
Você comprou recentemente uma mansão nos Estados Unidos. O que te motivou a investir R$ 6 milhões no imóvel? E colocar seu apartamento no Rio de Janeiro à venda tem relação com essas mudanças na sua vida?
Não, na verdade esse apartamento está para vender há bastante tempo. A gente pensou em se mudar para uma casa uns anos atrás ou para uma cobertura. Mas as coisas não andaram, eu botei esse apartamento para vender e não mexi mais nisso, esqueci, deixei passar. De vez em quando vai alguém lá olhar. Mas não é uma coisa que eu queira vender para hoje, para ontem, está lá. Se alguém pagar o que eu acho que ele vale, a gente vende, senão estou super bem ali, não é uma urgência. Sobre a casa de Orlando, eu já tive casa lá, é um dos lugares que a Maria mais ama, a gente vai duas vezes por ano pelo menos. Ela tem amigos lá, eu tenho amigos lá. Quando a gente viajou [recentemente] nem tinha pretensão de comprar nada, mas eu vi uma casa que eu achei muito legal, linda, num lugar ótimo. Eu falei: “Ah, eu acho que eu vou comprar” (risos).
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Você está se preparando para viver novamente a Bruna Surfistinha, um papel que marcou sua carreira. O que você pode adiantar desse projeto e o que te motivou a aceitar fazer essa sequência?
É uma personagem que eu achei que eu nunca mais fosse fazer, porque eu acho que é linear muito difícil de achar entre o filme comercial e um bom filme. Eu acho o [primeiro] um ótimo filme, fico muito orgulhosa de ter ganhado alguns prêmios como atriz fazendo ele. É um filme que artisticamente fez muito sentido para mim e eu tinha muito medo que esse segundo filme não chegasse nesse lugar. Mas quando eu fui de Bruna no Baile da Vogue, eu vi que as pessoas têm muito carinho por essa personagem. Eu me senti um Mickey, porque eu fiquei o baile todo em pé tirando foto com as pessoas. Tinha uma fila de gente que não acabava. Nunca imaginei que essa personagem ainda ocupasse um lugar de tanto carinho. De fato, fiquei muito impactada. Conversando com o Baldini [diretor do filme], eu falei: “Será que a gente faz? Você faria?”. Ele falou: “Eu faria. Se você fizer, eu faria”. Eu falei: “Ah, se você fizer, talvez eu faça” (risos). Fomos ajeitando essa ideia, foi indo e vai rolar. Ainda estamos escrevendo o roteiro, não está pronto. Tive alguns encontros com a Rachel [Pacheco, que inspirou a história] para ouvir ela e para começar a escrever em cima do que ela nos contou.
Recentemente, você declarou que retiraria o silicone para viver uma caminhoneira. Você de fato pensa em fazer isso?
Eu pretendo, é um filme que eu quero muito fazer. A gente tem um título provisório de Meteoro, mas agora parece que mudou para Sob o Céu de Tocantins. É uma ideia que eu tenho para essa personagem. Acho que ela não tem peitos, então vou ter que tirar. Eu adoro essas transformações físicas, já fiz algumas transformações bem intensas para alguns personagens e eu acho que vai “dar bom”. Essa é uma personagem que merece muito o meu empenho.
Aos 45 anos, o que você sente que ainda não viveu? Quais são seus sonhos pessoais e profissionais?
Acho que “ganhei” de todos os meus sonhos, sabe? Eu fui uma pessoa muito sonhadora, eu sonhei muito alto e eu nunca imaginei que eu pudesse ganhar de todos os meus sonhos. Eu me sinto muito abençoada. Sou uma pessoa que busca trabalhar e me empenho no que eu faço, porque a gente para viver precisa de objetivos, de metas e de coisas que nos ocupem. Então eu fico criando emoções, mas eu não tenho nenhum grande sonho ainda a realizar. O que busco hoje é ser feliz e viver de forma mais leve, me cobrando menos, me entendendo mais e me entendendo como ser humano imperfeito. Hoje, os meus maiores sonhos são em relação à minha filha. Quero que ela seja muito feliz, eu quero que ela realize todos os sonhos dela, quero ser uma mãe que a entenda ela e não a sufoque. E sou uma mulher que acredita muito no amor e quero me realizar nesse âmbito ainda mais, mas sou muito plana e realizada em tudo que já fiz também. Estou num momento muito bom da minha vida. Meu maior sonho é que tudo continue da forma que está.
“Não sou essa mulher tão forte, tão pronta, tão livre. Sou uma mulher em busca, sou uma mulher em evolução”
A Deborah de hoje então é uma Deborah mais tranquila?
Acho que a idade, a maturidade e a realização de muitas coisas fazem com que a gente perca esse anseio, essa urgência. Na minha vida, eu já ganhei, já rolou, já fui muito abençoada. Fiz personagens sensacionais, acho que consegui um lugar profissional de destaque incrível. Quando eu era pequenininha, eu imaginava ser atriz, mas nunca imaginei que eu fosse chegar aonde eu cheguei e ter o tamanho que eu consegui ter, nunca imaginei juntar o dinheiro que eu consegui juntar, nunca imaginei ter os amigos que eu consegui fazer e ter uma vida como a que tenho hoje. Sou muito realizada, então o que vier é lucro.
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes
Deborah Secco
Lucas Mennezes