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12 Mar 2025, Wed

membros da Academia do Oscar admitem ignorar filmes indicados

Oscar


A poucos dias da cerimônia do Oscar, marcada para 2 de março, uma polêmica sacode os bastidores da maior premiação do cinema mundial: muitos dos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não assistem a todos os filmes indicados antes de escolher os vencedores. Relatos anônimos divulgados por veículos especializados apontam que títulos como Ainda Estou Aqui, produção brasileira que concorre em três categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, estão sendo ignorados por parte dos cerca de 9,9 mil membros aptos a votar neste ano. Esse comportamento, que não é novidade, mas ganhou destaque em 2025, tem provocado indignação entre fãs e profissionais do cinema, que questionam a credibilidade do processo. Um votante chegou a admitir que não terminou Duna: Parte 2 por falta de paciência e que sequer viu A Substância, evidenciando critérios subjetivos e controversos na decisão. A situação expõe falhas no sistema de votação e reacende debates sobre a necessidade de reformas na Academia.

O caso de Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, é emblemático. Apesar de seu sucesso no Brasil, onde ultrapassou 5 milhões de espectadores, e de sua aclamação internacional, com prêmios como o de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, o filme não aparece entre os cinco favoritos para Melhor Filme segundo uma pesquisa com 84 votantes entrevistados pela Variety. A categoria de Melhor Filme Internacional, na qual o longa também compete, registrou o maior número de abstenções na votação deste ano, sugerindo desinteresse ou desconhecimento por parte dos membros. Enquanto isso, Fernanda Torres, indicada a Melhor Atriz, enfrenta concorrentes como Demi Moore e Mikey Madison, mas a falta de engajamento dos votantes com o filme pode prejudicar suas chances.

Revoltados, amantes do cinema expressaram sua frustração nas redes sociais. Um comentário no X resume o sentimento geral: “Se for assim, era melhor deixar a gente votar”. A prática de alguns votantes, que admitem basear suas escolhas em opiniões externas ou até na preferência dos netos, como brincou o cineasta brasileiro Daniel Rezende, indicado por Cidade de Deus em 2004, só aumenta a percepção de que o Oscar, muitas vezes, reflete mais conveniências do que mérito artístico. Com 10,9 mil membros na Academia, dos quais cerca de 60 são brasileiros, incluindo nomes como Fernanda Montenegro e Rodrigo Santoro, a escolha dos vencedores parece, mais do que nunca, distante de um consenso informado.

Como funciona a votação do Oscar?

A Academia organiza seus membros em 17 categorias profissionais, como atores, diretores e roteiristas, cada uma votando em sua área durante a fase de indicações. Na etapa final, que começou em 11 de fevereiro e termina no dia 18, todos os votantes ativos podem opinar em todas as 23 categorias, exceto Melhor Filme Internacional, que exige a comprovação de que os cinco indicados foram assistidos. Para Melhor Filme, usa-se um sistema de voto preferencial: os membros listam os dez indicados em ordem de prioridade, e o vencedor precisa alcançar 50% dos votos de primeiro lugar; caso contrário, o menos votado é eliminado até que um alcance o critério.

Surpreendentemente, os votantes não são obrigados a assistir a todos os filmes. A Academia os incentiva a ver o máximo possível e a votar apenas nas obras que conhecem, mas a decisão é opcional, e muitos optam por se abster em categorias específicas. Esse formato flexível explica por que filmes como Wicked, que tem apoio popular e atuações elogiadas de Cynthia Erivo e Ariana Grande, podem ser preteridos por alguns membros que preferem esperar a sequência Wicked: For Good para avaliar a franquia como um todo, a exemplo do que ocorreu com O Senhor dos Anéis.

O processo é auditado pela PricewaterhouseCoopers, e os votos, enviados online, permanecem secretos até a entrega dos envelopes na cerimônia. No entanto, a falta de obrigatoriedade em assistir às obras indicadas levanta questões sobre a imparcialidade da premiação, especialmente em um ano em que o Brasil sonha com sua primeira estatueta principal, algo que dependerá de votantes muitas vezes desinteressados ou mal informados.

Polêmica exposta por votantes anônimos

Declarações anônimas de membros da Academia, divulgadas por publicações como Gold Derby e Entertainment Weekly, escancaram o desleixo de alguns votantes. Um deles confessou não ter assistido a Ainda Estou Aqui nem a A Substância, justificando que “não está com pressa” para encarar produções lengthy como Duna: Parte 2. Outro revelou que seu voto para Melhor Filme, que acabou recaindo sobre Um Completo Desconhecido, foi mais um “processo de eliminação” do que uma escolha apaixonada, indicando uma falta de engajamento com os concorrentes.

Essas revelações não são isoladas. Em anos anteriores, já se sabia que alguns membros delegavam suas escolhas a critérios pouco ortodoxos, como a opinião de familiares jovens para animações. Daniel Rezende, um dos 60 brasileiros votantes, chegou a comentar, em tom leve, que colegas consultam os netos para decidir nessa categoria, uma prática que, embora informal, reflete a desconexão de parte dos membros com os filmes indicados. Em 2025, essa tendência parece ter se intensificado, com abstenções recordes em Melhor Filme Internacional e críticas abertas de votantes sobre a duração ou o apelo de certos títulos.

A situação gerou reações imediatas. Fãs do cinema, especialmente no Brasil, onde Ainda Estou Aqui carrega a esperança de uma conquista histórica, acusam a Academia de negligência. A hashtag #Oscar2025 no X foi inundada por mensagens de indignação, com internautas apontando que a falta de comprometimento dos votantes desvaloriza o trabalho de cineastas e atores como Fernanda Torres, cuja atuação tem sido amplamente elogiada, inclusive pelo perfil oficial do Oscar, que a chamou de “mãe” em um post viral.

Impacto nas chances do Brasil

Com três indicações — Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz —, Ainda Estou Aqui entrou na disputa do Oscar como um marco para o cinema brasileiro. É a primeira vez que um longa totalmente em português concorre na categoria principal, um feito que supera as indicações históricas de filmes como Central do Brasil (1999) e Cidade de Deus (2004). No entanto, a relutância dos votantes em assistir à obra pode minar suas chances, apesar de seu impacto cultural e comercial no Brasil, onde se tornou um dos 15 filmes mais vistos da história do país.

Fernanda Torres, que enfrenta concorrentes como Demi Moore (A Substância) e Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez), recebeu dois votos entre cinco votantes anônimos consultados pela Variety, um sinal positivo, mas insuficiente diante da apatia generalizada. Na categoria de Melhor Filme Internacional, o longa também obteve dois votos nesse mesmo grupo, competindo com The Girl with the Needle e The Seed of the Sacred, mas o alto número de abstenções na categoria preocupa. Especialistas apontam que Emilia Pérez, com 13 indicações, é o favorito, dificultando ainda mais a trajetória brasileira.

O desprezo de alguns votantes por filmes menos mainstream ou de língua não inglesa não é novo. Em 1999, Fernanda Montenegro, indicada por Central do Brasil, perdeu para Gwyneth Paltrow, um resultado que muitos atribuíram à falta de familiaridade dos membros com o cinema brasileiro. Hoje, a história parece se repetir, com o agravante de que a Academia disponibiliza uma plataforma de streaming exclusiva para os votantes assistirem aos indicados, tornando a negligência ainda mais injustificável.

Filmes prejudicados pela falta de atenção

Além de Ainda Estou Aqui, outros indicados sofrem com a desatenção dos votantes. Wicked, adaptação do musical da Broadway, tem sido alvo de comentários curiosos: alguns membros planejam premiá-lo apenas após o lançamento da continuação, em 2026, repetindo a estratégia usada com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, que venceu em 2004 após duas partes ignoradas. Apesar de sua bilheteria global superior a 1 bilhão de dólares e de atuações aclamadas, o filme corre o risco de ser subvalorizado na premiação deste ano.

Outros títulos, como A Substância e Duna: Parte 2, também foram citados por votantes como “difíceis de terminar” ou “longos demais”, mesmo sendo elogiados pela crítica e pelo público. O Brutalista, com dez indicações, e Conclave, outro forte concorrente, parecem escapar dessa rejeição, mas a ausência de um consenso apaixonado entre os votantes sugere que a escolha do Melhor Filme pode ser mais uma questão de descarte do que de celebração.

A seguir, alguns filmes que podem estar sendo injustiçados na disputa:

  • Ainda Estou Aqui: Ignorado por parte dos votantes, apesar de seu peso emocional e histórico.
  • Wicked: Preterido por membros que esperam a sequência para premiá-lo.
  • A Substância: Rejeitado por sua duração e estilo, mesmo com a atuação destacada de Demi Moore.
  • Duna: Parte 2: Criticado por ser “longo demais”, apesar de sua relevância técnica e narrativa.

Cronograma da premiação e o que esperar

A votação para o Oscar 2025 começou em 11 de fevereiro e termina em 18 de fevereiro, com os vencedores sendo anunciados em 2 de março, no Dolby Theatre, em Los Angeles. Veja as datas-chave do processo:

  • 17 de dezembro de 2024: Divulgação da shortlist com os pré-selecionados.
  • 23 de janeiro: Anúncio oficial dos indicados, adiado devido a incêndios em Los Angeles.
  • 11 a 18 de fevereiro: Período de votação final pelos membros da Academia.
  • 2 de março: Cerimônia de premiação, transmitida ao vivo pela TV Globo no Brasil.

O evento será televisionado nos Estados Unidos pela ABC, com expectativa de uma audiência ainda menor que a de 2024, que registrou 18,7 milhões de espectadores, um aumento em relação aos anos anteriores, mas longe dos picos históricos. A presença brasileira, com 60 votantes, incluindo Selton Mello e Walter Salles, ligados diretamente a Ainda Estou Aqui, alimenta a esperança de um resultado positivo, mas o desinteresse de parte dos membros pode frustrar esse sonho.

Reação do público e pressão por mudanças

Fãs do cinema, especialmente brasileiros, não esconderam sua revolta com as revelações dos votantes. Nas redes sociais, mensagens como “o Oscar perdeu a moral” e “deveriam obrigar os votantes a assistir tudo” refletem a insatisfação com um sistema que permite escolhas baseadas em impressões superficiais. A campanha de Ainda Estou Aqui ganhou força no Brasil após seu sucesso em festivais e a comoção gerada por figuras como Preta Gil, que relatou ter revivido o exílio de seus pais ao assistir ao filme.

A pressão por reformas na Academia não é nova. Nos últimos anos, a instituição tentou diversificar seus membros, incluindo mais mulheres, pessoas negras e profissionais de fora dos EUA, mas a questão da obrigatoriedade de assistir aos indicados segue intocada. Com cerca de 1.300 atores entre os votantes, a categoria de atuação é a mais numerosa, e calcula-se que Torres precise de pelo menos 210 votos para garantir uma vaga entre as cinco finalistas — um desafio diante da apatia revelada.

Enquanto a cerimônia se aproxima, o contraste entre o entusiasmo do público e a indiferença de alguns votantes só aumenta. Seja qual for o resultado, o caso de 2025 já marca um ponto de inflexão na percepção do Oscar, expondo suas fragilidades e desafiando sua reputação como o maior termômetro do cinema mundial.

A poucos dias da cerimônia do Oscar, marcada para 2 de março, uma polêmica sacode os bastidores da maior premiação do cinema mundial: muitos dos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não assistem a todos os filmes indicados antes de escolher os vencedores. Relatos anônimos divulgados por veículos especializados apontam que títulos como Ainda Estou Aqui, produção brasileira que concorre em três categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, estão sendo ignorados por parte dos cerca de 9,9 mil membros aptos a votar neste ano. Esse comportamento, que não é novidade, mas ganhou destaque em 2025, tem provocado indignação entre fãs e profissionais do cinema, que questionam a credibilidade do processo. Um votante chegou a admitir que não terminou Duna: Parte 2 por falta de paciência e que sequer viu A Substância, evidenciando critérios subjetivos e controversos na decisão. A situação expõe falhas no sistema de votação e reacende debates sobre a necessidade de reformas na Academia.

O caso de Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, é emblemático. Apesar de seu sucesso no Brasil, onde ultrapassou 5 milhões de espectadores, e de sua aclamação internacional, com prêmios como o de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, o filme não aparece entre os cinco favoritos para Melhor Filme segundo uma pesquisa com 84 votantes entrevistados pela Variety. A categoria de Melhor Filme Internacional, na qual o longa também compete, registrou o maior número de abstenções na votação deste ano, sugerindo desinteresse ou desconhecimento por parte dos membros. Enquanto isso, Fernanda Torres, indicada a Melhor Atriz, enfrenta concorrentes como Demi Moore e Mikey Madison, mas a falta de engajamento dos votantes com o filme pode prejudicar suas chances.

Revoltados, amantes do cinema expressaram sua frustração nas redes sociais. Um comentário no X resume o sentimento geral: “Se for assim, era melhor deixar a gente votar”. A prática de alguns votantes, que admitem basear suas escolhas em opiniões externas ou até na preferência dos netos, como brincou o cineasta brasileiro Daniel Rezende, indicado por Cidade de Deus em 2004, só aumenta a percepção de que o Oscar, muitas vezes, reflete mais conveniências do que mérito artístico. Com 10,9 mil membros na Academia, dos quais cerca de 60 são brasileiros, incluindo nomes como Fernanda Montenegro e Rodrigo Santoro, a escolha dos vencedores parece, mais do que nunca, distante de um consenso informado.

Como funciona a votação do Oscar?

A Academia organiza seus membros em 17 categorias profissionais, como atores, diretores e roteiristas, cada uma votando em sua área durante a fase de indicações. Na etapa final, que começou em 11 de fevereiro e termina no dia 18, todos os votantes ativos podem opinar em todas as 23 categorias, exceto Melhor Filme Internacional, que exige a comprovação de que os cinco indicados foram assistidos. Para Melhor Filme, usa-se um sistema de voto preferencial: os membros listam os dez indicados em ordem de prioridade, e o vencedor precisa alcançar 50% dos votos de primeiro lugar; caso contrário, o menos votado é eliminado até que um alcance o critério.

Surpreendentemente, os votantes não são obrigados a assistir a todos os filmes. A Academia os incentiva a ver o máximo possível e a votar apenas nas obras que conhecem, mas a decisão é opcional, e muitos optam por se abster em categorias específicas. Esse formato flexível explica por que filmes como Wicked, que tem apoio popular e atuações elogiadas de Cynthia Erivo e Ariana Grande, podem ser preteridos por alguns membros que preferem esperar a sequência Wicked: For Good para avaliar a franquia como um todo, a exemplo do que ocorreu com O Senhor dos Anéis.

O processo é auditado pela PricewaterhouseCoopers, e os votos, enviados online, permanecem secretos até a entrega dos envelopes na cerimônia. No entanto, a falta de obrigatoriedade em assistir às obras indicadas levanta questões sobre a imparcialidade da premiação, especialmente em um ano em que o Brasil sonha com sua primeira estatueta principal, algo que dependerá de votantes muitas vezes desinteressados ou mal informados.

Polêmica exposta por votantes anônimos

Declarações anônimas de membros da Academia, divulgadas por publicações como Gold Derby e Entertainment Weekly, escancaram o desleixo de alguns votantes. Um deles confessou não ter assistido a Ainda Estou Aqui nem a A Substância, justificando que “não está com pressa” para encarar produções lengthy como Duna: Parte 2. Outro revelou que seu voto para Melhor Filme, que acabou recaindo sobre Um Completo Desconhecido, foi mais um “processo de eliminação” do que uma escolha apaixonada, indicando uma falta de engajamento com os concorrentes.

Essas revelações não são isoladas. Em anos anteriores, já se sabia que alguns membros delegavam suas escolhas a critérios pouco ortodoxos, como a opinião de familiares jovens para animações. Daniel Rezende, um dos 60 brasileiros votantes, chegou a comentar, em tom leve, que colegas consultam os netos para decidir nessa categoria, uma prática que, embora informal, reflete a desconexão de parte dos membros com os filmes indicados. Em 2025, essa tendência parece ter se intensificado, com abstenções recordes em Melhor Filme Internacional e críticas abertas de votantes sobre a duração ou o apelo de certos títulos.

A situação gerou reações imediatas. Fãs do cinema, especialmente no Brasil, onde Ainda Estou Aqui carrega a esperança de uma conquista histórica, acusam a Academia de negligência. A hashtag #Oscar2025 no X foi inundada por mensagens de indignação, com internautas apontando que a falta de comprometimento dos votantes desvaloriza o trabalho de cineastas e atores como Fernanda Torres, cuja atuação tem sido amplamente elogiada, inclusive pelo perfil oficial do Oscar, que a chamou de “mãe” em um post viral.

Impacto nas chances do Brasil

Com três indicações — Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz —, Ainda Estou Aqui entrou na disputa do Oscar como um marco para o cinema brasileiro. É a primeira vez que um longa totalmente em português concorre na categoria principal, um feito que supera as indicações históricas de filmes como Central do Brasil (1999) e Cidade de Deus (2004). No entanto, a relutância dos votantes em assistir à obra pode minar suas chances, apesar de seu impacto cultural e comercial no Brasil, onde se tornou um dos 15 filmes mais vistos da história do país.

Fernanda Torres, que enfrenta concorrentes como Demi Moore (A Substância) e Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez), recebeu dois votos entre cinco votantes anônimos consultados pela Variety, um sinal positivo, mas insuficiente diante da apatia generalizada. Na categoria de Melhor Filme Internacional, o longa também obteve dois votos nesse mesmo grupo, competindo com The Girl with the Needle e The Seed of the Sacred, mas o alto número de abstenções na categoria preocupa. Especialistas apontam que Emilia Pérez, com 13 indicações, é o favorito, dificultando ainda mais a trajetória brasileira.

O desprezo de alguns votantes por filmes menos mainstream ou de língua não inglesa não é novo. Em 1999, Fernanda Montenegro, indicada por Central do Brasil, perdeu para Gwyneth Paltrow, um resultado que muitos atribuíram à falta de familiaridade dos membros com o cinema brasileiro. Hoje, a história parece se repetir, com o agravante de que a Academia disponibiliza uma plataforma de streaming exclusiva para os votantes assistirem aos indicados, tornando a negligência ainda mais injustificável.

Filmes prejudicados pela falta de atenção

Além de Ainda Estou Aqui, outros indicados sofrem com a desatenção dos votantes. Wicked, adaptação do musical da Broadway, tem sido alvo de comentários curiosos: alguns membros planejam premiá-lo apenas após o lançamento da continuação, em 2026, repetindo a estratégia usada com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, que venceu em 2004 após duas partes ignoradas. Apesar de sua bilheteria global superior a 1 bilhão de dólares e de atuações aclamadas, o filme corre o risco de ser subvalorizado na premiação deste ano.

Outros títulos, como A Substância e Duna: Parte 2, também foram citados por votantes como “difíceis de terminar” ou “longos demais”, mesmo sendo elogiados pela crítica e pelo público. O Brutalista, com dez indicações, e Conclave, outro forte concorrente, parecem escapar dessa rejeição, mas a ausência de um consenso apaixonado entre os votantes sugere que a escolha do Melhor Filme pode ser mais uma questão de descarte do que de celebração.

A seguir, alguns filmes que podem estar sendo injustiçados na disputa:

  • Ainda Estou Aqui: Ignorado por parte dos votantes, apesar de seu peso emocional e histórico.
  • Wicked: Preterido por membros que esperam a sequência para premiá-lo.
  • A Substância: Rejeitado por sua duração e estilo, mesmo com a atuação destacada de Demi Moore.
  • Duna: Parte 2: Criticado por ser “longo demais”, apesar de sua relevância técnica e narrativa.

Cronograma da premiação e o que esperar

A votação para o Oscar 2025 começou em 11 de fevereiro e termina em 18 de fevereiro, com os vencedores sendo anunciados em 2 de março, no Dolby Theatre, em Los Angeles. Veja as datas-chave do processo:

  • 17 de dezembro de 2024: Divulgação da shortlist com os pré-selecionados.
  • 23 de janeiro: Anúncio oficial dos indicados, adiado devido a incêndios em Los Angeles.
  • 11 a 18 de fevereiro: Período de votação final pelos membros da Academia.
  • 2 de março: Cerimônia de premiação, transmitida ao vivo pela TV Globo no Brasil.

O evento será televisionado nos Estados Unidos pela ABC, com expectativa de uma audiência ainda menor que a de 2024, que registrou 18,7 milhões de espectadores, um aumento em relação aos anos anteriores, mas longe dos picos históricos. A presença brasileira, com 60 votantes, incluindo Selton Mello e Walter Salles, ligados diretamente a Ainda Estou Aqui, alimenta a esperança de um resultado positivo, mas o desinteresse de parte dos membros pode frustrar esse sonho.

Reação do público e pressão por mudanças

Fãs do cinema, especialmente brasileiros, não esconderam sua revolta com as revelações dos votantes. Nas redes sociais, mensagens como “o Oscar perdeu a moral” e “deveriam obrigar os votantes a assistir tudo” refletem a insatisfação com um sistema que permite escolhas baseadas em impressões superficiais. A campanha de Ainda Estou Aqui ganhou força no Brasil após seu sucesso em festivais e a comoção gerada por figuras como Preta Gil, que relatou ter revivido o exílio de seus pais ao assistir ao filme.

A pressão por reformas na Academia não é nova. Nos últimos anos, a instituição tentou diversificar seus membros, incluindo mais mulheres, pessoas negras e profissionais de fora dos EUA, mas a questão da obrigatoriedade de assistir aos indicados segue intocada. Com cerca de 1.300 atores entre os votantes, a categoria de atuação é a mais numerosa, e calcula-se que Torres precise de pelo menos 210 votos para garantir uma vaga entre as cinco finalistas — um desafio diante da apatia revelada.

Enquanto a cerimônia se aproxima, o contraste entre o entusiasmo do público e a indiferença de alguns votantes só aumenta. Seja qual for o resultado, o caso de 2025 já marca um ponto de inflexão na percepção do Oscar, expondo suas fragilidades e desafiando sua reputação como o maior termômetro do cinema mundial.

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