“Sou Coloninha, eu sou. Uma explosão de amor”. Com o tradicional prelúdio, a Unidos da Coloninha mais uma vez levantou a plateia da Nego Quirido. Penúltima a desfilar na madrugada de sexta-feira (28) para sábado (1º), a escola da região continental de Florianópolis levou o tema “Benzimento: o poder das 7 Ervas Sagradas” à avenida.

Apesar do espetáculo carregado de energia, a escola entrou na passarela já com uma penalização garantida, por não ter entregado o book — documento técnico com detalhes do desfile — aos jurados.
“A gente quer mostrar que é a gigante do Continente só por desfilar. Com book ou sem book, vamos passar e ser avaliados sim porque nós estamos com um lindo carnaval”, disparou o presidente da escola, Duda Neto, sobre a falta de entrega do book.
Por esse motivo, integrantes ergueram placas que indicavam aos jurados o nome de cada ala. O diretor Ademilson Manoel da Cunha, conhecido como Badeco, explica que a medida não foi uma exigência da LIESF (Liga das Escolas de Samba de Florianópolis), e sim uma escolha da Coloninha.
“A gente mostrou aquelas placas para os jurados identificarem o que significava as alas. Tem muitos jurados que não identificam a ala, às vezes dão a nota e não sabem o significado”, aponta.

A “gigante do Continente” levou 2,5 mil pessoas à avenida, 23 alas, três alegorias e um elemento cenográfico. O samba-enredo entoou os poderes de sete ervas usadas em religiões de matriz africana: Espada de São Jorge, Manjericão, Alecrim, Arruda, Comigo-ninguém-pode, Pimenta e Guiné.
O primeiro carro a entrar, ao contrário do que muitos pensaram, não foi o abre-alas, mas um elemento cenográfico sobre o qual a Comissão de Frente dançou. Com a imagem de “Ossain”, o elemento homenageou o orixá das folhas sagradas.
Comissão de frente da Unidos da Coloninha dançou em cima de um elemento cenográfico – Vídeo: Beatriz Rohde/ND
Desde o início do desfile, o mestre-sala Pablo Sorriso fez jus ao sobrenome ao lado da porta-bandeira Monique Gil. “Vai ser meu décimo ano como primeiro mestre-sala. Com a Monique, estamos indo pro terceiro Carnaval juntos”.
Assim que a Unidos da Coloninha pisou na Passarela Nego Quirido, por volta das 1h20 da manhã, Ana Carolina Eusébio Garcia, de 30 anos, passou a cantar palavra por palavra do samba-enredo.
“Meu coração é Consulado, mas eu gosto da Coloninha porque eles falam da Umbanda e trazem nossa ancestralidade”, disse a espectadora na plateia.

O abre-alas trouxe como figura central o rosto da mãe África. A escultura central era de Ogum montado sobre seu cavalo, com a lança e o dragão. No sincretismo religioso, o orixá guerreiro é conhecido como São Jorge.
“Salve o povo macumbeiro… O Continente vai baixar nesse terreiro!”, diz o samba-enredo dos compositores PH, Arlindinho, Lucas Donato, Rafael Tubino, Jacson do Cavaco, Jad Romão.
O abre-alas trouxe como figura central o rosto da mãe África e Ogum montado sobre seu cavalo – Vídeo: Júlia Reis/ND
Nem mesmo um cachorro caramelo resistiu ao batuque. O animal entrou na passarela, ganhou carinho da rainha de bateria e acompanhou os integrantes que empurravam o último carro alegórico até o fim.
Denise Costa, de 57 anos, veio com a marido assistir ao espetáculo. Ela torce pela Coloninha há 20 anos e não perde um desfile: “Torço porque eu sou do Continente e a Coloninha é do Continente. Vai ser sempre a escola do coração”.
A rainha de bateria Camila Ventura representou a deusa Tulsi, que caiu dos céus e tinha o poder do manjericão em suas mãos. Na Índia, país de origem da lenda, comer uma folha de manjericão promete felicidade e prosperidade

“Apesar dos pesares que a escola vem passando, a gente veio fazer um belo desfile na avenida”, assegurou Camila.
Coloninha deixa a passarela com emoção e gritaria
A Coloninha se propôs a fazer uma “encruzilhada”, em vez de um desfile linear, e levou o público em uma viagem pela África, Américas, Império Romano, Índia e Grécia. Uma ala inteira de olho grego em azul vibrante entrou para afastar as más energias. O segundo carro alegórico representou a Odisseia dos Deuses com estátuas de Atena e Zeus.
O segundo carro alegórico da Coloninha representou a Odisseia dos Deuses com estátuas de Atena e Zeus – Vídeo: Júlia Reis/ND
O barulho das palmas e dos leques na plateia acompanhava a batida do samba-enredo. Os passistas mirins eram aclamados pelo público enquanto a escola se apressava para terminar a tempo.
O coro abafava os gritos do presidente Duda Neto. Como um técnico de futebol, ele berrava ordens nas margens da avenida, estressado com a possibilidade de estourar o limite de 70 minutos.

Já no fim do desfile, ele pediu para segurar o último carro alegórico, o que criou um espaço vazio na passarela. Os demais coordenadores esbravejaram palavrões até que a alegoria voltou a andar.
O terceiro e último carro trouxe o terreiro de Vovó Cambina para a passarela Nego Quirido. A preta velha é entidade da Umbanda, vem da Costa Rica e é filha de babalaô. Como figura central, Nega Cambina abençoou o desfile da Coloninha.

Após cruzar a linha de chegada, Maria de Lurdes Alves da Cunha, de 70 anos, começou a enxugar as lágrimas. Ela viu a fundação da escola de perto, em 1962. Primeiro na harmonia e hoje na ala dos amigos, a veterana desfila pela Coloninha desde os 10 anos de idade.
“Estou emocionada de ver a minha escola, que nasceu na frente da minha casa. Sempre desfilamos, eu e minha família. Os fundadores da escola são meus tios” revela.

“Sou Coloninha, eu sou. Uma explosão de amor”. Com o tradicional prelúdio, a Unidos da Coloninha mais uma vez levantou a plateia da Nego Quirido. Penúltima a desfilar na madrugada de sexta-feira (28) para sábado (1º), a escola da região continental de Florianópolis levou o tema “Benzimento: o poder das 7 Ervas Sagradas” à avenida.

Apesar do espetáculo carregado de energia, a escola entrou na passarela já com uma penalização garantida, por não ter entregado o book — documento técnico com detalhes do desfile — aos jurados.
“A gente quer mostrar que é a gigante do Continente só por desfilar. Com book ou sem book, vamos passar e ser avaliados sim porque nós estamos com um lindo carnaval”, disparou o presidente da escola, Duda Neto, sobre a falta de entrega do book.
Por esse motivo, integrantes ergueram placas que indicavam aos jurados o nome de cada ala. O diretor Ademilson Manoel da Cunha, conhecido como Badeco, explica que a medida não foi uma exigência da LIESF (Liga das Escolas de Samba de Florianópolis), e sim uma escolha da Coloninha.
“A gente mostrou aquelas placas para os jurados identificarem o que significava as alas. Tem muitos jurados que não identificam a ala, às vezes dão a nota e não sabem o significado”, aponta.

A “gigante do Continente” levou 2,5 mil pessoas à avenida, 23 alas, três alegorias e um elemento cenográfico. O samba-enredo entoou os poderes de sete ervas usadas em religiões de matriz africana: Espada de São Jorge, Manjericão, Alecrim, Arruda, Comigo-ninguém-pode, Pimenta e Guiné.
O primeiro carro a entrar, ao contrário do que muitos pensaram, não foi o abre-alas, mas um elemento cenográfico sobre o qual a Comissão de Frente dançou. Com a imagem de “Ossain”, o elemento homenageou o orixá das folhas sagradas.
Comissão de frente da Unidos da Coloninha dançou em cima de um elemento cenográfico – Vídeo: Beatriz Rohde/ND
Desde o início do desfile, o mestre-sala Pablo Sorriso fez jus ao sobrenome ao lado da porta-bandeira Monique Gil. “Vai ser meu décimo ano como primeiro mestre-sala. Com a Monique, estamos indo pro terceiro Carnaval juntos”.
Assim que a Unidos da Coloninha pisou na Passarela Nego Quirido, por volta das 1h20 da manhã, Ana Carolina Eusébio Garcia, de 30 anos, passou a cantar palavra por palavra do samba-enredo.
“Meu coração é Consulado, mas eu gosto da Coloninha porque eles falam da Umbanda e trazem nossa ancestralidade”, disse a espectadora na plateia.

O abre-alas trouxe como figura central o rosto da mãe África. A escultura central era de Ogum montado sobre seu cavalo, com a lança e o dragão. No sincretismo religioso, o orixá guerreiro é conhecido como São Jorge.
“Salve o povo macumbeiro… O Continente vai baixar nesse terreiro!”, diz o samba-enredo dos compositores PH, Arlindinho, Lucas Donato, Rafael Tubino, Jacson do Cavaco, Jad Romão.
O abre-alas trouxe como figura central o rosto da mãe África e Ogum montado sobre seu cavalo – Vídeo: Júlia Reis/ND
Nem mesmo um cachorro caramelo resistiu ao batuque. O animal entrou na passarela, ganhou carinho da rainha de bateria e acompanhou os integrantes que empurravam o último carro alegórico até o fim.
Denise Costa, de 57 anos, veio com a marido assistir ao espetáculo. Ela torce pela Coloninha há 20 anos e não perde um desfile: “Torço porque eu sou do Continente e a Coloninha é do Continente. Vai ser sempre a escola do coração”.
A rainha de bateria Camila Ventura representou a deusa Tulsi, que caiu dos céus e tinha o poder do manjericão em suas mãos. Na Índia, país de origem da lenda, comer uma folha de manjericão promete felicidade e prosperidade

“Apesar dos pesares que a escola vem passando, a gente veio fazer um belo desfile na avenida”, assegurou Camila.
Coloninha deixa a passarela com emoção e gritaria
A Coloninha se propôs a fazer uma “encruzilhada”, em vez de um desfile linear, e levou o público em uma viagem pela África, Américas, Império Romano, Índia e Grécia. Uma ala inteira de olho grego em azul vibrante entrou para afastar as más energias. O segundo carro alegórico representou a Odisseia dos Deuses com estátuas de Atena e Zeus.
O segundo carro alegórico da Coloninha representou a Odisseia dos Deuses com estátuas de Atena e Zeus – Vídeo: Júlia Reis/ND
O barulho das palmas e dos leques na plateia acompanhava a batida do samba-enredo. Os passistas mirins eram aclamados pelo público enquanto a escola se apressava para terminar a tempo.
O coro abafava os gritos do presidente Duda Neto. Como um técnico de futebol, ele berrava ordens nas margens da avenida, estressado com a possibilidade de estourar o limite de 70 minutos.

Já no fim do desfile, ele pediu para segurar o último carro alegórico, o que criou um espaço vazio na passarela. Os demais coordenadores esbravejaram palavrões até que a alegoria voltou a andar.
O terceiro e último carro trouxe o terreiro de Vovó Cambina para a passarela Nego Quirido. A preta velha é entidade da Umbanda, vem da Costa Rica e é filha de babalaô. Como figura central, Nega Cambina abençoou o desfile da Coloninha.

Após cruzar a linha de chegada, Maria de Lurdes Alves da Cunha, de 70 anos, começou a enxugar as lágrimas. Ela viu a fundação da escola de perto, em 1962. Primeiro na harmonia e hoje na ala dos amigos, a veterana desfila pela Coloninha desde os 10 anos de idade.
“Estou emocionada de ver a minha escola, que nasceu na frente da minha casa. Sempre desfilamos, eu e minha família. Os fundadores da escola são meus tios” revela.
