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12 Mar 2025, Wed

Novo Nordisk barateia Wegovy nos EUA; Brasil ainda paga caro

Frei Gilson


A Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa líder no mercado de medicamentos para obesidade, deu um passo estratégico ao reduzir o preço do Wegovy, seu principal remédio para emagrecimento, nos Estados Unidos. A partir de março deste ano, o medicamento passou a ser vendido por US$ 499 ao mês por meio da plataforma online NovoCare, uma queda significativa em relação ao valor de tabela de US$ 1.349. A iniciativa, que corta o custo em mais de 50%, visa ampliar o acesso a pacientes sem cobertura de seguro saúde, em um mercado que movimenta bilhões e enfrenta concorrência crescente. No Brasil, onde o Wegovy chegou às farmácias em agosto de 2024, ainda não há informações sobre uma redução semelhante, mas a novidade americana reacende debates sobre preços e acessibilidade no combate à obesidade. Com mais de 100 milhões de americanos e 41 milhões de brasileiros vivendo com a condição, a demanda por tratamentos eficazes segue em alta.

A decisão veio após o fim da escassez do Wegovy nos EUA, declarada pela Food and Drug Administration (FDA) em fevereiro deste ano, permitindo que a empresa atendesse à demanda reprimida. A NovoCare, além de oferecer preços reduzidos, inclui serviços como entrega a domicílio e suporte personalizado, fortalecendo a relação direta com os consumidores. No Brasil, o medicamento é comercializado com preço médio de R$ 1.500 por mês, variando conforme a dose, o que o torna inacessível para grande parte da população.

Com vendas globais do Wegovy crescendo 79% no terceiro trimestre de 2024, gerando US$ 2,3 bilhões, a Novo Nordisk busca manter sua liderança em um setor disputado por gigantes como a Eli Lilly, que também cortou preços de seu concorrente Zepbound. A competição promete transformar o acesso a esses tratamentos no mundo.

Estratégia da Novo Nordisk nos EUA

A redução do preço do Wegovy nos Estados Unidos marca uma mudança de rumo para a Novo Nordisk. Antes vendido por mais de US$ 1.000 ao mês sem subsídios, o medicamento agora é oferecido por US$ 499 na NovoCare, plataforma lançada em 5 de março. A estratégia foca em pacientes que pagam diretamente, sem depender de seguradoras, um grupo estimado em mais de 90% dos usuários sem cobertura específica para remédios de emagrecimento.

Nos EUA, cerca de 55 milhões de pessoas têm planos de saúde que cobrem o Wegovy, com 90% pagando entre zero e US$ 25 mensais. Para os demais, porém, o custo elevado era uma barreira. A Novo Nordisk também planeja estender os descontos a farmácias tradicionais para quem paga em dinheiro, ampliando ainda mais o alcance.

Contexto do mercado de obesidade

A obesidade afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo 100 milhões nos EUA e 41 milhões no Brasil, segundo dados recentes. No mercado americano, a demanda por medicamentos como o Wegovy explodiu, mas os altos preços levaram muitos a buscar versões manipuladas mais baratas, prática que a Novo Nordisk tentou coibir em 2024, sem sucesso total.

Wegovy no Brasil: preços e desafios

No Brasil, o Wegovy desembarcou em agosto de 2024, após aprovação da Anvisa em janeiro de 2023. Indicado para obesidade e sobrepeso, o medicamento à base de semaglutida (2,4 mg por dose) custa entre R$ 1.200 e R$ 1.800 mensais, dependendo da dose e da região. Esse valor o coloca fora do alcance da maioria, especialmente em um país onde 61,4% dos adultos têm sobrepeso e 24,3% vivem com obesidade.

Diferentemente dos EUA, não há sinal de redução de preço ou venda direta no Brasil. A Novo Nordisk tem negociado com o governo federal para incluir medicamentos contra obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), mas o processo enfrenta barreiras orçamentárias e pode levar anos. Enquanto isso, o Ozempic, outro produto da empresa com semaglutida (1 mg), é usado off-label para emagrecimento, custando cerca de R$ 900 por mês.

Concorrência aquece o setor

A Eli Lilly, principal rival da Novo Nordisk, reagiu rápido. Em janeiro de 2024, lançou a LillyDirect, vendendo o Zepbound por até metade do preço de tabela (US$ 1.000). Em março deste ano, a empresa ampliou a oferta com frascos de dose única, intensificando a guerra de preços. Ambos os medicamentos, baseados em análogos do GLP-1, lideram um mercado projetado para atingir US$ 130 bilhões até 2030.

A Novo Nordisk, que já foi a empresa mais valiosa da Europa em 2024, com US$ 604 bilhões, viu seu valor recuar para US$ 300 bilhões após tropeços, como o fracasso do CagriSema, que perdeu apenas 20,4% do peso em testes, abaixo dos 25% esperados. Ainda assim, o Wegovy segue como carro-chefe.

Cronograma dos avanços da Novo Nordisk

A trajetória da empresa no combate à obesidade é marcada por inovação:

  • 1991: início das pesquisas com GLP-1 por Lotte Bjerre Knudsen
  • 2009: lançamento da liraglutida (Saxenda) para emagrecimento
  • 2021: Wegovy é aprovado nos EUA com semaglutida 2,4 mg
  • Agosto de 2024: chegada do Wegovy ao Brasil
  • Março de 2025: redução de preço nos EUA via NovoCare

Esses marcos consolidam a Novo Nordisk como pioneira, mas a pressão por acessibilidade cresce.

Impacto econômico e social

A injeção de preços mais baixos nos EUA já movimenta a economia local. Com mais de 100 milhões de americanos com obesidade ou sobrepeso, o acesso ampliado ao Wegovy pode reduzir custos de saúde a longo prazo, como os relacionados a diabetes e doenças cardíacas. Em 2023, a empresa impactou 41 milhões de pessoas com seus esforços contra a obesidade.

No Brasil, a realidade é outra. Sem subsídios ou redução de preços, o tratamento permanece elitizado. A projeção para 2035 indica que 41% dos adultos brasileiros terão obesidade, aumentando a urgência por soluções acessíveis. A fábrica da Novo Nordisk em Montes Claros (MG), que produz 12% da insulina mundial, poderia ser uma aposta para baratear o Wegovy localmente.

Benefícios do Wegovy para a saúde

Baseado em décadas de pesquisa, o Wegovy oferece resultados expressivos. Estudos mostram perda média de 15% do peso corporal em 68 semanas, além de melhoras em índices como pressão arterial e triglicerídeos. No Brasil, onde 67% das pessoas com excesso de peso querem emagrecer, o medicamento é uma ferramenta poderosa, mas restrita pelo custo.

A semaglutida age retardando o esvaziamento gástrico e regulando o apetite no cérebro, promovendo saciedade prolongada. Esses efeitos o diferenciam de opções mais antigas, como a sibutramina, e explicam seu sucesso global.

O que esperar do futuro

A redução de preço nos EUA pode ser um teste para estratégias globais. Com a patente da semaglutida expirando em 2026, concorrentes entrarão no mercado, forçando quedas naturais nos custos. A Novo Nordisk já desenvolve novos tratamentos, como o amycretin, que alcançou 13,1% de perda de peso em 12 semanas em testes iniciais.

No Brasil, a inclusão no SUS segue em discussão. A vice-presidente de assuntos corporativos da empresa, Simone Tcherniakovsky, afirmou que o processo depende de tempo e recursos, mas é visto como viável. Até lá, o Wegovy continua sendo uma promessa distante para milhões de brasileiros.



A Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa líder no mercado de medicamentos para obesidade, deu um passo estratégico ao reduzir o preço do Wegovy, seu principal remédio para emagrecimento, nos Estados Unidos. A partir de março deste ano, o medicamento passou a ser vendido por US$ 499 ao mês por meio da plataforma online NovoCare, uma queda significativa em relação ao valor de tabela de US$ 1.349. A iniciativa, que corta o custo em mais de 50%, visa ampliar o acesso a pacientes sem cobertura de seguro saúde, em um mercado que movimenta bilhões e enfrenta concorrência crescente. No Brasil, onde o Wegovy chegou às farmácias em agosto de 2024, ainda não há informações sobre uma redução semelhante, mas a novidade americana reacende debates sobre preços e acessibilidade no combate à obesidade. Com mais de 100 milhões de americanos e 41 milhões de brasileiros vivendo com a condição, a demanda por tratamentos eficazes segue em alta.

A decisão veio após o fim da escassez do Wegovy nos EUA, declarada pela Food and Drug Administration (FDA) em fevereiro deste ano, permitindo que a empresa atendesse à demanda reprimida. A NovoCare, além de oferecer preços reduzidos, inclui serviços como entrega a domicílio e suporte personalizado, fortalecendo a relação direta com os consumidores. No Brasil, o medicamento é comercializado com preço médio de R$ 1.500 por mês, variando conforme a dose, o que o torna inacessível para grande parte da população.

Com vendas globais do Wegovy crescendo 79% no terceiro trimestre de 2024, gerando US$ 2,3 bilhões, a Novo Nordisk busca manter sua liderança em um setor disputado por gigantes como a Eli Lilly, que também cortou preços de seu concorrente Zepbound. A competição promete transformar o acesso a esses tratamentos no mundo.

Estratégia da Novo Nordisk nos EUA

A redução do preço do Wegovy nos Estados Unidos marca uma mudança de rumo para a Novo Nordisk. Antes vendido por mais de US$ 1.000 ao mês sem subsídios, o medicamento agora é oferecido por US$ 499 na NovoCare, plataforma lançada em 5 de março. A estratégia foca em pacientes que pagam diretamente, sem depender de seguradoras, um grupo estimado em mais de 90% dos usuários sem cobertura específica para remédios de emagrecimento.

Nos EUA, cerca de 55 milhões de pessoas têm planos de saúde que cobrem o Wegovy, com 90% pagando entre zero e US$ 25 mensais. Para os demais, porém, o custo elevado era uma barreira. A Novo Nordisk também planeja estender os descontos a farmácias tradicionais para quem paga em dinheiro, ampliando ainda mais o alcance.

Contexto do mercado de obesidade

A obesidade afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo 100 milhões nos EUA e 41 milhões no Brasil, segundo dados recentes. No mercado americano, a demanda por medicamentos como o Wegovy explodiu, mas os altos preços levaram muitos a buscar versões manipuladas mais baratas, prática que a Novo Nordisk tentou coibir em 2024, sem sucesso total.

Wegovy no Brasil: preços e desafios

No Brasil, o Wegovy desembarcou em agosto de 2024, após aprovação da Anvisa em janeiro de 2023. Indicado para obesidade e sobrepeso, o medicamento à base de semaglutida (2,4 mg por dose) custa entre R$ 1.200 e R$ 1.800 mensais, dependendo da dose e da região. Esse valor o coloca fora do alcance da maioria, especialmente em um país onde 61,4% dos adultos têm sobrepeso e 24,3% vivem com obesidade.

Diferentemente dos EUA, não há sinal de redução de preço ou venda direta no Brasil. A Novo Nordisk tem negociado com o governo federal para incluir medicamentos contra obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS), mas o processo enfrenta barreiras orçamentárias e pode levar anos. Enquanto isso, o Ozempic, outro produto da empresa com semaglutida (1 mg), é usado off-label para emagrecimento, custando cerca de R$ 900 por mês.

Concorrência aquece o setor

A Eli Lilly, principal rival da Novo Nordisk, reagiu rápido. Em janeiro de 2024, lançou a LillyDirect, vendendo o Zepbound por até metade do preço de tabela (US$ 1.000). Em março deste ano, a empresa ampliou a oferta com frascos de dose única, intensificando a guerra de preços. Ambos os medicamentos, baseados em análogos do GLP-1, lideram um mercado projetado para atingir US$ 130 bilhões até 2030.

A Novo Nordisk, que já foi a empresa mais valiosa da Europa em 2024, com US$ 604 bilhões, viu seu valor recuar para US$ 300 bilhões após tropeços, como o fracasso do CagriSema, que perdeu apenas 20,4% do peso em testes, abaixo dos 25% esperados. Ainda assim, o Wegovy segue como carro-chefe.

Cronograma dos avanços da Novo Nordisk

A trajetória da empresa no combate à obesidade é marcada por inovação:

  • 1991: início das pesquisas com GLP-1 por Lotte Bjerre Knudsen
  • 2009: lançamento da liraglutida (Saxenda) para emagrecimento
  • 2021: Wegovy é aprovado nos EUA com semaglutida 2,4 mg
  • Agosto de 2024: chegada do Wegovy ao Brasil
  • Março de 2025: redução de preço nos EUA via NovoCare

Esses marcos consolidam a Novo Nordisk como pioneira, mas a pressão por acessibilidade cresce.

Impacto econômico e social

A injeção de preços mais baixos nos EUA já movimenta a economia local. Com mais de 100 milhões de americanos com obesidade ou sobrepeso, o acesso ampliado ao Wegovy pode reduzir custos de saúde a longo prazo, como os relacionados a diabetes e doenças cardíacas. Em 2023, a empresa impactou 41 milhões de pessoas com seus esforços contra a obesidade.

No Brasil, a realidade é outra. Sem subsídios ou redução de preços, o tratamento permanece elitizado. A projeção para 2035 indica que 41% dos adultos brasileiros terão obesidade, aumentando a urgência por soluções acessíveis. A fábrica da Novo Nordisk em Montes Claros (MG), que produz 12% da insulina mundial, poderia ser uma aposta para baratear o Wegovy localmente.

Benefícios do Wegovy para a saúde

Baseado em décadas de pesquisa, o Wegovy oferece resultados expressivos. Estudos mostram perda média de 15% do peso corporal em 68 semanas, além de melhoras em índices como pressão arterial e triglicerídeos. No Brasil, onde 67% das pessoas com excesso de peso querem emagrecer, o medicamento é uma ferramenta poderosa, mas restrita pelo custo.

A semaglutida age retardando o esvaziamento gástrico e regulando o apetite no cérebro, promovendo saciedade prolongada. Esses efeitos o diferenciam de opções mais antigas, como a sibutramina, e explicam seu sucesso global.

O que esperar do futuro

A redução de preço nos EUA pode ser um teste para estratégias globais. Com a patente da semaglutida expirando em 2026, concorrentes entrarão no mercado, forçando quedas naturais nos custos. A Novo Nordisk já desenvolve novos tratamentos, como o amycretin, que alcançou 13,1% de perda de peso em 12 semanas em testes iniciais.

No Brasil, a inclusão no SUS segue em discussão. A vice-presidente de assuntos corporativos da empresa, Simone Tcherniakovsky, afirmou que o processo depende de tempo e recursos, mas é visto como viável. Até lá, o Wegovy continua sendo uma promessa distante para milhões de brasileiros.



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