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12 Mar 2025, Wed


No último sábado (8), São Paulo recebeu a data paulista da nova turnê do Offspring pelo Brasil. É a décima segunda vinda, o que, por si só, indica grande proximidade entre o grupo comandado por Dexter Holland (voz e guitarra) e Noodles (guitarra) e o país.

O primeiro sinal dessa relação especial além das turnês apareceu lá em 1998 com a regravação de “Feelings”, clássico romântico setentista do paulista Morris Albert, para o álbum “Americana” (1998). Nada comparado, todavia, ao lançamento do single “Come to Brazil”, o segundo de “Supercharged” (2024). Os perfis oficiais do Offspring ficaram parecendo rua de subúrbio em período de Copa do Mundo, de tanto verde e amarelo associado a eles desde então.

– Advertisement –

Foto: @bmaisca / via Trovoa

A recíproca, que já era verdadeira, foi reforçada pelo anúncio da nova turnê, que incluiria o maior show solo já feito por aqui, em um estádio: o Allianz Parque, em São Paulo, no último sábado (8). Junto deles, um rol de bandas inesperadas como abertura: The Damned, uma das mais importantes da história do punk rock; as novatas The Warning e Amyl & the Sniffers e, no meio termo, Rise Against e Sublime.

Embora fosse um show próprio do Offspring, foi dado pela organização o nome de “Punk is Coming” para o evento. Nesta configuração, coube ao Amyl & the Sniffers estrear o palco.

Amyl & the Sniffers

Pouco antes das 14h, a execução em volume baixo da música “Too Much Too Young” do Specials, foi substituída por “Get Busy”, de Sean Paul, bem mais alta. O guitarrista Declan Mehrtens, o baixista Gus Romer e o baterista Bryce Wilson foram seguidos pela sorridente vocalista Amy Taylor. Logo abriram o set com “Security”.

O rock’n’roll setentista, básico, com um vocal mais próximo do grito do que da melodia — na linha do The Hives —, já havia agradado o público paulista, que esgotou os ingressos para a apresentação solo feita na última quinta-feira (6) no Cine Joia. Isso e, mais importante, uma boa qualidade de som (item que se tornaria escasso ao longo do dia), permitiu que a banda ficasse à vontade para emendar uma canção atrás da outra, enquanto Amy Taylor corria pelo palco. Chegou a lhe faltar fôlego, mas faz parte do charme e parecia até integrar o espetáculo.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Após a terceira música, “Guided by Angels”, Amy falou pela primeira vez com o público, agradeceu por chegarem cedo. De fato, já não era possível dizer que o estádio estava vazio, não só pelo número de pessoas, mas também pelo barulho que faziam, seja cantando as músicas, como em “Got You”, ou os riffs, como em “Tiny Bikini”.

O Dia Internacional da Mulher foi mencionado pela Amy, que complementou a celebração com um “F#ck, Trump, F#ck Putin” antes de “Jerkin’”. Com o jogo ganho, só faltou a banda correr pra galera, o que realmente aconteceu durante “U Should Not Be Doing That”.

Fotos: @bmaisca / via Trovoa

Bem-sucedida, a primeira passagem do Amyl & the Sniffers pelo país mostrou uma banda muito melhor ao vivo do que em disco. Certamente não faltarão oportunidades para o público brasileiro confirmar essa excelente primeira impressão.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Repertório — Amyl & the Sniffers:

  1. Security
  2. Doing in Me Head
  3. Chewing Gum
  4. Guided by Angels
  5. It’s Mine
  6. Some Mutts (Can’t Be Muzzled)
  7. Jerkin’
  8. Tiny Bikini
  9. Got You
  10. GFY
  11. Facts
  12. Big Dreams
  13. U Should Not Be Doing That
  14. Hertz
Foto: @bmaisca / via Trovoa

The Warning

Tão logo o Amyl & the Sniffers saiu do palco, era possível ouvir por todo o estádio um surpreendente “olê, olê, olê, olê, Warning, Warning”. Uma base organizada e barulhenta de fãs se fez notar e não parou até que o show do trio mexicano começasse. Acabou ali qualquer eventual dúvida sobre a pertinência da ordem inicial dos shows.

Tal qual Krisiun e Hanson, o The Warning é formado por um trio de irmãs: Dany (guitarra e vocal), Paulina (bateria e vocal) e Ale (baixo e vocal). Sim, todas cantam e todas tem o sobrenome Villarreal. A sonoridade pode ser resumida como uma fusão entre o lado mais pesado do Muse com Lady Gaga no vocal.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Com o já mencionado “olê, olê”, foram recebidas antes de tocar “S!CK”. Infelizmente, a qualidade sonora que sobrou na apresentação anterior começou a deixar saudade. A guitarra quase inexistente e o vocal abafado que apareceram logo de início pouco melhoraram durante o set. Uma pena, pois Dany Villarreal é uma grande cantora e guitarrista.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

A divisão de vocais ocorre de modo tão harmonioso e inteligente que pega distraído quem não está prestando atenção. Quando a interpretação mais técnica da Dany de repente é substituída por outro mais agressivo, é Paulina, que grita “Que Más Quieres” enquanto mantém as batidas da música homônima. O estilo da baterista remete ao do lendário Alex González, do Maná, no sentido de tocar, cantar e agitar em alto nível.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

O lançamento mais recente, “Keep Me Fed” (2024), serviu como base principal do repertório: sete das onze músicas saíram dele. Houve, contudo, um presente. “Z”, faixa do disco “Error” (2022) que não vinha sendo tocada na turnê, teve em São Paulo sua estreia neste ano.

Dany agradeceu (em inglês e em português) o apoio dos fãs, numerosos, identificáveis por portarem um balão vermelho, visível por todos os setores do estádio. Certamente teriam conseguido apoio maior se tivessem uma equalização adequada, mas ficam as certezas de que: um, o The Warning deve voltar em condições melhores, é uma banda que vale prestar atenção; dois, em pleno 2025 ainda veem sentido em bexiga em show de rock. Até quando?

Repertório — The Warning:

  1. S!CK
  2. Z
  3. Que Más Quieres
  4. Satisfied
  5. MORE
  6. Sharks
  7. DISCIPLE
  8. Hell You Call a Dream
  9. Automatic Sun
  10. EVOLVE
  11. Dull Knives (Cut Better)
Foto: @bmaisca / via Trovoa

The Damned

“What’s happening?”, ou “O que tá rolando?”, perguntou o vocalista Dave Vanian, vestido todo de preto, óculos escuros e luvas pretas. Um jeito descontraído de cumprimentar a plateia que ele, Captain Sensible (guitarra, cujo visual lembra um Eduardo Suplicy fantasiado de Supla), Paul Gray (baixo), Rat Scabies (bateria) e Monti Oxy Moron (teclados) acabaram de pegar de surpresa, ao ocupar o palco 8 minutos antes do horário combinado.

Devem ter surpreendido também o técnico de som, dado que foi difícil reconhecer “Love Song” em função da péssima qualidade do que saía das caixas. É como se a pessoa, em frente ao palco, estivesse ouvindo o show de fora do estádio; algo distante e desconexo.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Acontecer isso com a banda que provavelmente tinha a menor quantidade de fãs presentes fez com que um clima de educação forçada reinasse durante a apresentação. Uma resposta bem abaixo do que uma banda tão carismática quanto importante merecia. Muito diferente da recepção que tiveram na tarde de autógrafos (na quinta, 6) ou no concorrido show solo no Cine Joia (na sexta, 7).

O ex-guitarrista Brian James, um dos principais compositores da primeira fase da banda, faleceu na mesma quinta-feira em que a banda fazia a tarde de autógrafos na London Calling, na Galeria do Rock em São Paulo. “Fan Club” foi dedicada pelo Captain Sensible a ele. Uma nova homenagem ocorreu durante o clássico “New Rose”, com a imagem de Brian sendo exibida no telão.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Repertório — The Damned:

  1. Love Song
  2. Machine Gun Etiquette
  3. Wait for the Blackout
  4. Lively Arts
  5. The History of the World (Part 1)
  6. Stranger on the Town
  7. Fan Club
  8. Eloise (Barry Ryan cover)
  9. Born to Kill
  10. Noise Noise Noise
  11. Ignite
  12. Neat Neat Neat
  13. New Rose
  14. Smash It Up (Part 1)
  15. Smash It Up (Part 2)
Foto: @bmaisca / via Trovoa

Rise Against

Formado por Tim McIlrath (voz e guitarra), Zach Blair (guitarra), Joe Principe (baixo) e Brandon Barnes (bateria), o americano Rise Against era um dos principais nomes do dia. Não à toa, o Allianz Parque já estava, naquele fim de tarde, com a maior parte da ocupação que alcançaria na noite.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

A qualidade sonora aos poucos começou a melhorar e “Re-Education (Through Labor)” botou o povo cantar e pular. A política de boa vizinhança — ou empatia com os menos favorecidos — tão característica da banda foi manifesta quando Mcllrath pediu aplausos para o The Damned (“uma banda lendária”), e a eles dedicou “The Violence”.

Ao longo do set, Tim relembrou das outras vezes que veio ao Brasil, agradeceu pelo apoio de sempre — inclusive naquela noite —, saudou The Warning e Amyl & the Sniffers ao pedir aplausos para ambos e cravou: “o futuro do rock’n’roll está em boas mãos”. Parece conversa de político pedindo voto, mas transpira honestidade, o que ajuda no andamento do show.

Isso fica claro quando o grupo defende o direito de as pessoas procurarem por uma vida melhor e que nenhum ser humano deveria ser considerado ilegal. Mal o povo aprovava com entusiasmo o belo e certeiro discurso, o vocalista anunciou “Prayer of the Refugee”, um hit que botou fogo no recinto. O ponto alto da performance e que já colocava o Rise Against como a melhor atração até o momento.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

O título entrou em risco quando o Tim ficou sozinho para tocar “Swing Life Away” ao violão. Além do momento equivocado, a música tem uma veia pop inadequada, que faria mais sentido estar entre as baladas do Nickelback — não as melhores, diga-se. “Make it Stop” e “Savior” colocaram as coisas de volta no lugar e o set terminou em grande estilo.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Repertório — Rise Against:

  1. Re-Education (Through Labor)
  2. The Violence
  3. Give It All
  4. Help Is On the Way
  5. The Good Left Undone
  6. Satellite
  7. Nod
  8. Ready to Fall
  9. Prayer of the Refugee
  10. Swing Life Away
  11. Make It Stop (September’s Children)
  12. Savior
Foto: @bmaisca / via Trovoa

Sublime

Embora não sejam incompatíveis o uso de violão e o punk rock melódico da escola Bad Religion praticado pelo Rise Against, o dia pedia outra alternativa ao pula-pula e à pancadaria das rodas. O calor exacerbado deu uma folga no sábado (8), o clima chegou a ficar fresco no começo da noite.

Talvez o reggae fosse o conforto adequado que prepararia o público para a farra que seria o show do Offspring. O lineup bem montado e o excelente show do Rise Against proporcionaram as condições ideais para a próxima atração, o Sublime, fazer um show inesquecível.

Não foi o que ocorreu. Infelizmente, é preciso escrever sobre o que foi o show do Sublime.

Seria benéfico não haver registros. Dá vontade de apelar aos recursos legais, pois produzir provas contra si mesmo é proibido. Não pega bem tornar público que alguém foi testemunha — ou cúmplice, já que faltaram, por parte do público, vaias e outros incentivos para que a apresentação se encerrasse mais cedo. Acabou durando 1h20, o mesmo tanto da atração principal.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Jakob Nowell, filho do saudoso vocalista original, Brandon Nowell, juntou-se em 2023 ao baixista Eric Wilson e ao incrível baterista Bud Gaugh. O segundo guitarrista Trey Pangborn — que, na prática, assume também os solos — e o DJ Product acompanham o trio no palco. Era a estreia em São Paulo da nova formação de uma banda muito querida por diferentes segmentos da música. Apesar de tocarem reggae, flertam com o punk rock e têm elementos de ska e hip-hop de uma forma que agrada e une todas as tribos.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

A curiosidade residia, na verdade, sobre a capacidade de Jakob interpretar à altura o repertório do Sublime. Não por uma questão técnica, mas puramente artística: é preciso fazer o povo dançar e, ao mesmo tempo, passar a totalidade do drama de uma menina de doze anos que está prestes a se prostituir (“Wrong Way”) sem deixar o clima pesado. É algo que Kamaitachi consegue fazer aqui no Brasil, mas, definitivamente, não é para quem quer.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Não foi possível chegar nesse nível de análise. Jakob entrou no palco derrubando o microfone, tocando a guitarra de forma displicente. A microfonia não ajudava. Em “Garden Groove”, um reggae lento, pediu para o povo pular como se ainda fosse show do Rise Against.

A resposta apática era o resultado mais difícil de se conseguir, pois o público parecia gostar de Sublime e conhecer o material. Coros tímidos por não terem certeza de que qual música estava sendo cantada, também por culpa da qualidade de som que novamente decaiu, não permite engano quanto a isso.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

O pior era o canto. Sabe quando a pessoa sussurra uma música tentando lembrar a letra? Pois foi assim que o Jakob se apresentou durante toda a noite. Embora as conhecesse, quase murmurava as palavras, vez ou outra parava de cantar.

O som, como enfatizado, estava horrível. A pausa de 40 minutos que antecedeu o show do Sublime pareceu servir para regredir o que até ali havia melhorado. Pelo jeito, era uma tentativa de proteger o público.

O único elemento que funcionou satisfatoriamente foi o ritmo, graças ao fenomenal Gaugh. Se o baterista gerava constrangimento quando era filmado de costas — um sujeito alto e robusto usando um short que não dava conta de cobrir o que deveria —, foi infalível tocando. Viradas, timbre, firmeza nas conduções; tudo preciso e de bom gosto. Mas até isso foi estragado pela ideia de deixar Jakob sozinho no palco para esboçar duas músicas, “Boss DJ” e “Pool Shark”.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Em “What I Got”, Noodles, guitarrista do Offspring, participou tocando a guitarra pouco usada de Jakob. Faria muito mais sentido ele ter subido ao palco no show do The Damned. Além de ser uma influência declarada, já foram contratados da gravadora liderada por Dexter Holland (Nitro Records). Além disso, o Offspring gravou, para o filme “Batman Forever” (1995), um cover de “Smash It Up”, hit original dos britânicos.

Abaixo é possível conferir o tamanho do setlist, que dá a ideia da longuíssima espera por “Santeria”. Deveria ser pela qualidade da música, acabou sendo por sabermos que o sofrimento estava para ser encerrado. Mais uma prova de que talento não se transmite em função da hereditariedade.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Repertório — Sublime:

  1. Garden Grove
  2. Wrong Way
  3. April 29, 1992 (Miami)
  4. “54-46” – That’s My Number (Toots & The Maytals cover)
  5. Ball and Chain
  6. Badfish
  7. Greatest-Hits
  8. Jailhouse (Bob Marley & The Wailers cover)
  9. Right Back
  10. Burritos
  11. Pawn Shop
  12. Doin’ Time
  13. Romeo
  14. What I Got (with Noodles)
  15. Boss DJ
  16. Pool Shark
  17. Waiting for My Ruca
  18. Date Rape
  19. Feel Like That (Stick Figure cover)
  20. Same in the End
  21. Santeria
Foto: @bmaisca / via Trovoa

Offspring

O show do Offspring começou cerca de meia hora antes do show. Complexo, mas explicamos.

Após soar no P.A. “Intermission”, faixa instrumental que divide em duas partes o disco “Ixnay on the Hombre” (1997), os telões foram utilizados para uma série de interações e distrações. Clipes simulando games em 8-bit, apresentação dos itens de merchandising, perguntas sobre a história da banda (você sabia que o primeiro baterista do Offspring se tornou um ginecologista / oncologista?), jogos da bola nos três copos e por aí vai.

A espera rapidamente se passou, o Offspring subiu ao palco 10 minutos antes do previsto (21h30 em vez de 21h40) e “All I Want” — curiosamente, a faixa que sucede “Intermission” — abriu o show. A cantoria começou alta e clara.

Sim, o som continuou capenga, mas quando se tem fogos e temporal de papel picados e serpentinas que viram uma nuvem espessa durante alguns segundos, fica fácil de superar.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Como se não tivessem “Supercharged” para promover, na sequência vem “Come Out and Play”, com a frase “you gotta keep’em separated” sendo dita por um convidado que aparentava ser Bud Gaugh, baterista do Sublime. Bem que dizem que o assassino sempre volta à cena do crime, mas tudo bem, ele pode.

A primeira canção executada de “Supercharged” (2024) foi “Come to Brazil”. Houve quem acreditasse que seria um sucesso, mas não foi bem assim. O povo pareceu não saber muito bem o que fazer com uma declaração dessas ao país. É uma música forte, poderia tranquilamente estar no “Ixnay” – não coincidentemente, foi precedida por “Mota”, que não era tocada ao vivo desde 2019 e estreava na turnê atual.

Fato é que, apesar dos pedidos por escrito em português e em inglês para que o povo agitasse — pois um videoclipe seria gravado —, “Come to Brazil” ficou longe de representar um dos melhores momentos do show.

Que fique a lição: colocar “olê, olê, olê” numa música não ajuda na divulgação dela. O Coldplay tentou em “Don Quixote (Spanish Rain)”, apresentada pela primeira vez em Buenos Aires em 2010. A música é boa. Perto do que eles têm feito desde “Viva La Vida” (2008), então, nem se fala. Todavia, ela ficou lá em 2010 e nem sequer está disponível nas plataformas. Outro nome que tentou foi o Flicts. “Lá Se Vai O Campeonato” tornou-se um dos muitos clássicos do grupo paulistano, mas está entre os menos tocados ao vivo.

“Come to Brazil” à parte, não se pode dizer que o povo não participou ou que houve algum momento fraco do show. E olha que a banda jogou contra em duas ocasiões. Primeiro, praticando o terrível medley, que serve apenas para diminuir a chance de uma música boa ser tocada por inteiro ou de não ter espaço no setlist. “Hit That”, cortada após o primeiro refrão, e “Original Prankster” acabaram emendadas.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Depois, veio o número em que Noodles mostra estar em dia com a guitarra ao tocar trechos incompletos de clássicos do metal. Deve ser para dar um descanso para a voz do Dexter, mas é dispensável. Como também o cover de “Blitzkrieg Bop” do Ramones, que mais transmite a impressão de o show estar rolando ladeira abaixo do que contribui para animar a galera.

Mas aí vem “Bad Habit” e todas as críticas são canceladas. O fato é que a trinca de discos “Smash” (1994), “Ixnay on the Hombre” e “Americana” fornece um sem-número de possiblidades de setlists com canções boas e muito difíceis de se enjoar. Esta faixa em especial sempre marca presença nos repertórios do Offspring, mas é celebrada como se inesperada fosse.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Então veio uma real surpresa: “Gone Away”, em versão original (não a com piano), também inédita desde 2020 e, claro, nesta turnê. Já é linda; com os fogos e toda a produção, foi um presente e tanto.

Para acalmar os ânimos, veio “Why Don’t You Get a Job”, uma exceção à regra das músicas difíceis de enjoar. Popularidade à parte, não está à altura do melhor do Offspring e poderia ceder o lugar nas próximas turnês.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Daí para frente é uma surra de hits para mandar as pessoas sorridentes para casa, com direito a bonecos de vento em “Pretty Fly (for a White Guy)”, muitos fogos e papel picado, e o combo final com “The Kids Aren’t Alright”, “You’re Gonna Go Far, Kid” e “Self Esteem”. Esta última, tocada em um estádio cheio e cantada em uníssono, fica um nível acima no qual já se encontra — se é que isso é possível.

O encerramento deste show em especial deixou claro que, seja em relação ao passado, ao presente ou ao futuro do punk rock/rock’n’roll, o Offpsring ocupa hoje uma posição nítida. Foi, disparada, a melhor atração do dia e está, tranquilamente, entre as melhores bandas de todos os tempos.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Offspring — ao vivo em São Paulo

  • Local: Allianz Parque
  • Data: 8 de março de 2025
  • Turnê: Supercharged in ’25 – Punk is Coming!
  • Produção: 30e

Repertório:

  1. All I Want
  2. Come Out and Play
  3. Want You Bad
  4. Staring at the Sun
  5. Mota
  6. Come to Brazil
  7. Hit That / Original Prankster
  8. Make It All Right
  9. Smoke on the Water / Man on the Silver Mountain / Iron Man / Back in Black / In the Hall of the Mountain King
  10. Blitzkrieg Bop (Ramones cover)
  11. Bad Habit
  12. Gone Away
  13. Why Don’t You Get a Job?
  14. (Can’t Get My) Head Around You
  15. Pretty Fly (for a White Guy)
  16. The Kids Aren’t Alright

Bis:

  1. You’re Gonna Go Far, Kid
  2. Self Esteem

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No último sábado (8), São Paulo recebeu a data paulista da nova turnê do Offspring pelo Brasil. É a décima segunda vinda, o que, por si só, indica grande proximidade entre o grupo comandado por Dexter Holland (voz e guitarra) e Noodles (guitarra) e o país.

O primeiro sinal dessa relação especial além das turnês apareceu lá em 1998 com a regravação de “Feelings”, clássico romântico setentista do paulista Morris Albert, para o álbum “Americana” (1998). Nada comparado, todavia, ao lançamento do single “Come to Brazil”, o segundo de “Supercharged” (2024). Os perfis oficiais do Offspring ficaram parecendo rua de subúrbio em período de Copa do Mundo, de tanto verde e amarelo associado a eles desde então.

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Foto: @bmaisca / via Trovoa

A recíproca, que já era verdadeira, foi reforçada pelo anúncio da nova turnê, que incluiria o maior show solo já feito por aqui, em um estádio: o Allianz Parque, em São Paulo, no último sábado (8). Junto deles, um rol de bandas inesperadas como abertura: The Damned, uma das mais importantes da história do punk rock; as novatas The Warning e Amyl & the Sniffers e, no meio termo, Rise Against e Sublime.

Embora fosse um show próprio do Offspring, foi dado pela organização o nome de “Punk is Coming” para o evento. Nesta configuração, coube ao Amyl & the Sniffers estrear o palco.

Amyl & the Sniffers

Pouco antes das 14h, a execução em volume baixo da música “Too Much Too Young” do Specials, foi substituída por “Get Busy”, de Sean Paul, bem mais alta. O guitarrista Declan Mehrtens, o baixista Gus Romer e o baterista Bryce Wilson foram seguidos pela sorridente vocalista Amy Taylor. Logo abriram o set com “Security”.

O rock’n’roll setentista, básico, com um vocal mais próximo do grito do que da melodia — na linha do The Hives —, já havia agradado o público paulista, que esgotou os ingressos para a apresentação solo feita na última quinta-feira (6) no Cine Joia. Isso e, mais importante, uma boa qualidade de som (item que se tornaria escasso ao longo do dia), permitiu que a banda ficasse à vontade para emendar uma canção atrás da outra, enquanto Amy Taylor corria pelo palco. Chegou a lhe faltar fôlego, mas faz parte do charme e parecia até integrar o espetáculo.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Após a terceira música, “Guided by Angels”, Amy falou pela primeira vez com o público, agradeceu por chegarem cedo. De fato, já não era possível dizer que o estádio estava vazio, não só pelo número de pessoas, mas também pelo barulho que faziam, seja cantando as músicas, como em “Got You”, ou os riffs, como em “Tiny Bikini”.

O Dia Internacional da Mulher foi mencionado pela Amy, que complementou a celebração com um “F#ck, Trump, F#ck Putin” antes de “Jerkin’”. Com o jogo ganho, só faltou a banda correr pra galera, o que realmente aconteceu durante “U Should Not Be Doing That”.

Fotos: @bmaisca / via Trovoa

Bem-sucedida, a primeira passagem do Amyl & the Sniffers pelo país mostrou uma banda muito melhor ao vivo do que em disco. Certamente não faltarão oportunidades para o público brasileiro confirmar essa excelente primeira impressão.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Repertório — Amyl & the Sniffers:

  1. Security
  2. Doing in Me Head
  3. Chewing Gum
  4. Guided by Angels
  5. It’s Mine
  6. Some Mutts (Can’t Be Muzzled)
  7. Jerkin’
  8. Tiny Bikini
  9. Got You
  10. GFY
  11. Facts
  12. Big Dreams
  13. U Should Not Be Doing That
  14. Hertz
Foto: @bmaisca / via Trovoa

The Warning

Tão logo o Amyl & the Sniffers saiu do palco, era possível ouvir por todo o estádio um surpreendente “olê, olê, olê, olê, Warning, Warning”. Uma base organizada e barulhenta de fãs se fez notar e não parou até que o show do trio mexicano começasse. Acabou ali qualquer eventual dúvida sobre a pertinência da ordem inicial dos shows.

Tal qual Krisiun e Hanson, o The Warning é formado por um trio de irmãs: Dany (guitarra e vocal), Paulina (bateria e vocal) e Ale (baixo e vocal). Sim, todas cantam e todas tem o sobrenome Villarreal. A sonoridade pode ser resumida como uma fusão entre o lado mais pesado do Muse com Lady Gaga no vocal.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Com o já mencionado “olê, olê”, foram recebidas antes de tocar “S!CK”. Infelizmente, a qualidade sonora que sobrou na apresentação anterior começou a deixar saudade. A guitarra quase inexistente e o vocal abafado que apareceram logo de início pouco melhoraram durante o set. Uma pena, pois Dany Villarreal é uma grande cantora e guitarrista.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

A divisão de vocais ocorre de modo tão harmonioso e inteligente que pega distraído quem não está prestando atenção. Quando a interpretação mais técnica da Dany de repente é substituída por outro mais agressivo, é Paulina, que grita “Que Más Quieres” enquanto mantém as batidas da música homônima. O estilo da baterista remete ao do lendário Alex González, do Maná, no sentido de tocar, cantar e agitar em alto nível.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

O lançamento mais recente, “Keep Me Fed” (2024), serviu como base principal do repertório: sete das onze músicas saíram dele. Houve, contudo, um presente. “Z”, faixa do disco “Error” (2022) que não vinha sendo tocada na turnê, teve em São Paulo sua estreia neste ano.

Dany agradeceu (em inglês e em português) o apoio dos fãs, numerosos, identificáveis por portarem um balão vermelho, visível por todos os setores do estádio. Certamente teriam conseguido apoio maior se tivessem uma equalização adequada, mas ficam as certezas de que: um, o The Warning deve voltar em condições melhores, é uma banda que vale prestar atenção; dois, em pleno 2025 ainda veem sentido em bexiga em show de rock. Até quando?

Repertório — The Warning:

  1. S!CK
  2. Z
  3. Que Más Quieres
  4. Satisfied
  5. MORE
  6. Sharks
  7. DISCIPLE
  8. Hell You Call a Dream
  9. Automatic Sun
  10. EVOLVE
  11. Dull Knives (Cut Better)
Foto: @bmaisca / via Trovoa

The Damned

“What’s happening?”, ou “O que tá rolando?”, perguntou o vocalista Dave Vanian, vestido todo de preto, óculos escuros e luvas pretas. Um jeito descontraído de cumprimentar a plateia que ele, Captain Sensible (guitarra, cujo visual lembra um Eduardo Suplicy fantasiado de Supla), Paul Gray (baixo), Rat Scabies (bateria) e Monti Oxy Moron (teclados) acabaram de pegar de surpresa, ao ocupar o palco 8 minutos antes do horário combinado.

Devem ter surpreendido também o técnico de som, dado que foi difícil reconhecer “Love Song” em função da péssima qualidade do que saía das caixas. É como se a pessoa, em frente ao palco, estivesse ouvindo o show de fora do estádio; algo distante e desconexo.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Acontecer isso com a banda que provavelmente tinha a menor quantidade de fãs presentes fez com que um clima de educação forçada reinasse durante a apresentação. Uma resposta bem abaixo do que uma banda tão carismática quanto importante merecia. Muito diferente da recepção que tiveram na tarde de autógrafos (na quinta, 6) ou no concorrido show solo no Cine Joia (na sexta, 7).

O ex-guitarrista Brian James, um dos principais compositores da primeira fase da banda, faleceu na mesma quinta-feira em que a banda fazia a tarde de autógrafos na London Calling, na Galeria do Rock em São Paulo. “Fan Club” foi dedicada pelo Captain Sensible a ele. Uma nova homenagem ocorreu durante o clássico “New Rose”, com a imagem de Brian sendo exibida no telão.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

Repertório — The Damned:

  1. Love Song
  2. Machine Gun Etiquette
  3. Wait for the Blackout
  4. Lively Arts
  5. The History of the World (Part 1)
  6. Stranger on the Town
  7. Fan Club
  8. Eloise (Barry Ryan cover)
  9. Born to Kill
  10. Noise Noise Noise
  11. Ignite
  12. Neat Neat Neat
  13. New Rose
  14. Smash It Up (Part 1)
  15. Smash It Up (Part 2)
Foto: @bmaisca / via Trovoa

Rise Against

Formado por Tim McIlrath (voz e guitarra), Zach Blair (guitarra), Joe Principe (baixo) e Brandon Barnes (bateria), o americano Rise Against era um dos principais nomes do dia. Não à toa, o Allianz Parque já estava, naquele fim de tarde, com a maior parte da ocupação que alcançaria na noite.

Foto: @bmaisca / via Trovoa

A qualidade sonora aos poucos começou a melhorar e “Re-Education (Through Labor)” botou o povo cantar e pular. A política de boa vizinhança — ou empatia com os menos favorecidos — tão característica da banda foi manifesta quando Mcllrath pediu aplausos para o The Damned (“uma banda lendária”), e a eles dedicou “The Violence”.

Ao longo do set, Tim relembrou das outras vezes que veio ao Brasil, agradeceu pelo apoio de sempre — inclusive naquela noite —, saudou The Warning e Amyl & the Sniffers ao pedir aplausos para ambos e cravou: “o futuro do rock’n’roll está em boas mãos”. Parece conversa de político pedindo voto, mas transpira honestidade, o que ajuda no andamento do show.

Isso fica claro quando o grupo defende o direito de as pessoas procurarem por uma vida melhor e que nenhum ser humano deveria ser considerado ilegal. Mal o povo aprovava com entusiasmo o belo e certeiro discurso, o vocalista anunciou “Prayer of the Refugee”, um hit que botou fogo no recinto. O ponto alto da performance e que já colocava o Rise Against como a melhor atração até o momento.

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O título entrou em risco quando o Tim ficou sozinho para tocar “Swing Life Away” ao violão. Além do momento equivocado, a música tem uma veia pop inadequada, que faria mais sentido estar entre as baladas do Nickelback — não as melhores, diga-se. “Make it Stop” e “Savior” colocaram as coisas de volta no lugar e o set terminou em grande estilo.

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Repertório — Rise Against:

  1. Re-Education (Through Labor)
  2. The Violence
  3. Give It All
  4. Help Is On the Way
  5. The Good Left Undone
  6. Satellite
  7. Nod
  8. Ready to Fall
  9. Prayer of the Refugee
  10. Swing Life Away
  11. Make It Stop (September’s Children)
  12. Savior
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Sublime

Embora não sejam incompatíveis o uso de violão e o punk rock melódico da escola Bad Religion praticado pelo Rise Against, o dia pedia outra alternativa ao pula-pula e à pancadaria das rodas. O calor exacerbado deu uma folga no sábado (8), o clima chegou a ficar fresco no começo da noite.

Talvez o reggae fosse o conforto adequado que prepararia o público para a farra que seria o show do Offspring. O lineup bem montado e o excelente show do Rise Against proporcionaram as condições ideais para a próxima atração, o Sublime, fazer um show inesquecível.

Não foi o que ocorreu. Infelizmente, é preciso escrever sobre o que foi o show do Sublime.

Seria benéfico não haver registros. Dá vontade de apelar aos recursos legais, pois produzir provas contra si mesmo é proibido. Não pega bem tornar público que alguém foi testemunha — ou cúmplice, já que faltaram, por parte do público, vaias e outros incentivos para que a apresentação se encerrasse mais cedo. Acabou durando 1h20, o mesmo tanto da atração principal.

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Jakob Nowell, filho do saudoso vocalista original, Brandon Nowell, juntou-se em 2023 ao baixista Eric Wilson e ao incrível baterista Bud Gaugh. O segundo guitarrista Trey Pangborn — que, na prática, assume também os solos — e o DJ Product acompanham o trio no palco. Era a estreia em São Paulo da nova formação de uma banda muito querida por diferentes segmentos da música. Apesar de tocarem reggae, flertam com o punk rock e têm elementos de ska e hip-hop de uma forma que agrada e une todas as tribos.

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A curiosidade residia, na verdade, sobre a capacidade de Jakob interpretar à altura o repertório do Sublime. Não por uma questão técnica, mas puramente artística: é preciso fazer o povo dançar e, ao mesmo tempo, passar a totalidade do drama de uma menina de doze anos que está prestes a se prostituir (“Wrong Way”) sem deixar o clima pesado. É algo que Kamaitachi consegue fazer aqui no Brasil, mas, definitivamente, não é para quem quer.

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Não foi possível chegar nesse nível de análise. Jakob entrou no palco derrubando o microfone, tocando a guitarra de forma displicente. A microfonia não ajudava. Em “Garden Groove”, um reggae lento, pediu para o povo pular como se ainda fosse show do Rise Against.

A resposta apática era o resultado mais difícil de se conseguir, pois o público parecia gostar de Sublime e conhecer o material. Coros tímidos por não terem certeza de que qual música estava sendo cantada, também por culpa da qualidade de som que novamente decaiu, não permite engano quanto a isso.

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O pior era o canto. Sabe quando a pessoa sussurra uma música tentando lembrar a letra? Pois foi assim que o Jakob se apresentou durante toda a noite. Embora as conhecesse, quase murmurava as palavras, vez ou outra parava de cantar.

O som, como enfatizado, estava horrível. A pausa de 40 minutos que antecedeu o show do Sublime pareceu servir para regredir o que até ali havia melhorado. Pelo jeito, era uma tentativa de proteger o público.

O único elemento que funcionou satisfatoriamente foi o ritmo, graças ao fenomenal Gaugh. Se o baterista gerava constrangimento quando era filmado de costas — um sujeito alto e robusto usando um short que não dava conta de cobrir o que deveria —, foi infalível tocando. Viradas, timbre, firmeza nas conduções; tudo preciso e de bom gosto. Mas até isso foi estragado pela ideia de deixar Jakob sozinho no palco para esboçar duas músicas, “Boss DJ” e “Pool Shark”.

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Em “What I Got”, Noodles, guitarrista do Offspring, participou tocando a guitarra pouco usada de Jakob. Faria muito mais sentido ele ter subido ao palco no show do The Damned. Além de ser uma influência declarada, já foram contratados da gravadora liderada por Dexter Holland (Nitro Records). Além disso, o Offspring gravou, para o filme “Batman Forever” (1995), um cover de “Smash It Up”, hit original dos britânicos.

Abaixo é possível conferir o tamanho do setlist, que dá a ideia da longuíssima espera por “Santeria”. Deveria ser pela qualidade da música, acabou sendo por sabermos que o sofrimento estava para ser encerrado. Mais uma prova de que talento não se transmite em função da hereditariedade.

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Repertório — Sublime:

  1. Garden Grove
  2. Wrong Way
  3. April 29, 1992 (Miami)
  4. “54-46” – That’s My Number (Toots & The Maytals cover)
  5. Ball and Chain
  6. Badfish
  7. Greatest-Hits
  8. Jailhouse (Bob Marley & The Wailers cover)
  9. Right Back
  10. Burritos
  11. Pawn Shop
  12. Doin’ Time
  13. Romeo
  14. What I Got (with Noodles)
  15. Boss DJ
  16. Pool Shark
  17. Waiting for My Ruca
  18. Date Rape
  19. Feel Like That (Stick Figure cover)
  20. Same in the End
  21. Santeria
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Offspring

O show do Offspring começou cerca de meia hora antes do show. Complexo, mas explicamos.

Após soar no P.A. “Intermission”, faixa instrumental que divide em duas partes o disco “Ixnay on the Hombre” (1997), os telões foram utilizados para uma série de interações e distrações. Clipes simulando games em 8-bit, apresentação dos itens de merchandising, perguntas sobre a história da banda (você sabia que o primeiro baterista do Offspring se tornou um ginecologista / oncologista?), jogos da bola nos três copos e por aí vai.

A espera rapidamente se passou, o Offspring subiu ao palco 10 minutos antes do previsto (21h30 em vez de 21h40) e “All I Want” — curiosamente, a faixa que sucede “Intermission” — abriu o show. A cantoria começou alta e clara.

Sim, o som continuou capenga, mas quando se tem fogos e temporal de papel picados e serpentinas que viram uma nuvem espessa durante alguns segundos, fica fácil de superar.

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Como se não tivessem “Supercharged” para promover, na sequência vem “Come Out and Play”, com a frase “you gotta keep’em separated” sendo dita por um convidado que aparentava ser Bud Gaugh, baterista do Sublime. Bem que dizem que o assassino sempre volta à cena do crime, mas tudo bem, ele pode.

A primeira canção executada de “Supercharged” (2024) foi “Come to Brazil”. Houve quem acreditasse que seria um sucesso, mas não foi bem assim. O povo pareceu não saber muito bem o que fazer com uma declaração dessas ao país. É uma música forte, poderia tranquilamente estar no “Ixnay” – não coincidentemente, foi precedida por “Mota”, que não era tocada ao vivo desde 2019 e estreava na turnê atual.

Fato é que, apesar dos pedidos por escrito em português e em inglês para que o povo agitasse — pois um videoclipe seria gravado —, “Come to Brazil” ficou longe de representar um dos melhores momentos do show.

Que fique a lição: colocar “olê, olê, olê” numa música não ajuda na divulgação dela. O Coldplay tentou em “Don Quixote (Spanish Rain)”, apresentada pela primeira vez em Buenos Aires em 2010. A música é boa. Perto do que eles têm feito desde “Viva La Vida” (2008), então, nem se fala. Todavia, ela ficou lá em 2010 e nem sequer está disponível nas plataformas. Outro nome que tentou foi o Flicts. “Lá Se Vai O Campeonato” tornou-se um dos muitos clássicos do grupo paulistano, mas está entre os menos tocados ao vivo.

“Come to Brazil” à parte, não se pode dizer que o povo não participou ou que houve algum momento fraco do show. E olha que a banda jogou contra em duas ocasiões. Primeiro, praticando o terrível medley, que serve apenas para diminuir a chance de uma música boa ser tocada por inteiro ou de não ter espaço no setlist. “Hit That”, cortada após o primeiro refrão, e “Original Prankster” acabaram emendadas.

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Depois, veio o número em que Noodles mostra estar em dia com a guitarra ao tocar trechos incompletos de clássicos do metal. Deve ser para dar um descanso para a voz do Dexter, mas é dispensável. Como também o cover de “Blitzkrieg Bop” do Ramones, que mais transmite a impressão de o show estar rolando ladeira abaixo do que contribui para animar a galera.

Mas aí vem “Bad Habit” e todas as críticas são canceladas. O fato é que a trinca de discos “Smash” (1994), “Ixnay on the Hombre” e “Americana” fornece um sem-número de possiblidades de setlists com canções boas e muito difíceis de se enjoar. Esta faixa em especial sempre marca presença nos repertórios do Offspring, mas é celebrada como se inesperada fosse.

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Então veio uma real surpresa: “Gone Away”, em versão original (não a com piano), também inédita desde 2020 e, claro, nesta turnê. Já é linda; com os fogos e toda a produção, foi um presente e tanto.

Para acalmar os ânimos, veio “Why Don’t You Get a Job”, uma exceção à regra das músicas difíceis de enjoar. Popularidade à parte, não está à altura do melhor do Offspring e poderia ceder o lugar nas próximas turnês.

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Daí para frente é uma surra de hits para mandar as pessoas sorridentes para casa, com direito a bonecos de vento em “Pretty Fly (for a White Guy)”, muitos fogos e papel picado, e o combo final com “The Kids Aren’t Alright”, “You’re Gonna Go Far, Kid” e “Self Esteem”. Esta última, tocada em um estádio cheio e cantada em uníssono, fica um nível acima no qual já se encontra — se é que isso é possível.

O encerramento deste show em especial deixou claro que, seja em relação ao passado, ao presente ou ao futuro do punk rock/rock’n’roll, o Offpsring ocupa hoje uma posição nítida. Foi, disparada, a melhor atração do dia e está, tranquilamente, entre as melhores bandas de todos os tempos.

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Offspring — ao vivo em São Paulo

  • Local: Allianz Parque
  • Data: 8 de março de 2025
  • Turnê: Supercharged in ’25 – Punk is Coming!
  • Produção: 30e

Repertório:

  1. All I Want
  2. Come Out and Play
  3. Want You Bad
  4. Staring at the Sun
  5. Mota
  6. Come to Brazil
  7. Hit That / Original Prankster
  8. Make It All Right
  9. Smoke on the Water / Man on the Silver Mountain / Iron Man / Back in Black / In the Hall of the Mountain King
  10. Blitzkrieg Bop (Ramones cover)
  11. Bad Habit
  12. Gone Away
  13. Why Don’t You Get a Job?
  14. (Can’t Get My) Head Around You
  15. Pretty Fly (for a White Guy)
  16. The Kids Aren’t Alright

Bis:

  1. You’re Gonna Go Far, Kid
  2. Self Esteem

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