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12 Mar 2025, Wed

Após acidente do pai, empresário do Carnaval reforça compromisso com inclusão e diversidade em camarote na Sapucaí




Mickael Noah fala do novo momento a frente do Folia Tropical, um dos únicos camarotes cariocas a promover inclusão para pessoas com deficiência e público LGBT+ Mickael Noah tinha apenas 14 anos quando passou a colaborar no negócio dos pais, Newton Mendonça e Agnes Nilssons, ex-atletas de natação e há quase 40 anos empreendedores do Carnaval carioca.
Hoje, aos 41, está a frente do camarote de alto padrão Folia Tropical, na Marquês de Sapucaí, cofundado por ele e a família no fim de 2012. “Daqui a pouco completo 30 anos nesse meio”, se dá conta em conversa com a GQ Brasil.
Formado em publicidade, com especialização em marketing, o empresário lidera o Grupo Pacífica, fundado em 1985 pelos pais. Apesar dos anos de expertise, agora encara pela primeira vez um outro desafio: honrar o legado do pai, que ficou tetraplégico após um grave acidente em abril do ano passado.
“Ele estava surfando e foi encontrado submerso no mar. Ficou 30 minutos sem batimentos. Sofreu 4 paradas cardíacas. Por sorte, não perdeu a cognição e está plenamente consciente, mas sem os movimentos do corpo”, conta.
No Carnaval passado, o processo de passagem de bastão ao primogênito já havia dado início. “Dialogamos de forma muito honesta e natural. Foi como preparar o território. Por coincidência, recebemos [no Camarote na época] uma pessoa com tetraplegia. Nós falamos com esse homem sem saber o que o destino nos reservava”, recorda ele.
O Folia, como é chamado pelos íntimos, é um dos percursores a promover acessibilidade ao público com rampas para cadeirantes, áudio-descrição do menu gastronômico, intérprete de libras no palco e banheiros adaptados para pessoas com nanismo. Além de ter sido um dos primeiros camarotes a abrir venda de ingressos, antes restritos apenas a convidados. “Um modelo de negócio que revolucionou o Sambódromo”, comenta.
O olhar para a diversidade é o principal mote da empreitada familiar, motivada pelo irmão caçula, Ton, de 35 anos, portador de uma síndrome rara conhecida como “cromossoma 20 em anel”.
Carnaval para todos
Mickael Noah com sua família na Marquês de Sapucaí no pré-Carnaval deste ano.
Instagram/Reprodução
“Não vemos acessibilidade nas cidades, nos espaços públicos, quem dirá nos camarotes, um espaço que por muitos anos foi e ainda é predominantemente branco e padrão”, comenta Noah. “Nos últimos anos fizemos um exercício interno para construir um ambiente mais democrático. Falando sem julgamento, é uma construção. Diria que hoje 90% [dos camarotes] não estão preparados.”
O irmão Ton levou o carioca a criar projetos sociais, como o Instituto Amigos do Ton, com sede no Vidigal, que oferece atividades artísticas e culturais a pessoas com deficiências, além de suas famílias e amigos. Desta iniciativa também surgiu o “Folia dos Amigos do Ton”, a participação das crianças e famílias atendidas pelo projeto no camarote, nos dias de desfiles mirins na Sapucaí.
Com ingressos individuais que custam a partir de R$ 2.990 a R$ 3.990, o recinto tem 3 mil metros quadrados e fica localizado no setor especial 8, em frente ao recuo da bateria. O serviço all inclusive – assinado pela chef Andressa Cabral – oferece uma gama musical generosa, apresentações que vão do samba ao rock (entre as atrações deste ano, aparecem; Criolo, Leci Brandão, Diogo Nogueira, Olodum, Titãs, Majur e Kaê Guajajara).
Além do olhar para a diversidade PCD, o empresário explica que o diferencial do seu negócio é a inclusão da comunidade LGBTQIAPN+ com a Candybox, noite tradicional do camarote que existe há mais de dez anos.
“Como homem gay, criei esse projeto antes mesmo do Folia Tropical nascer. Uma festa que fazemos às sextas-feiras de Carnaval. Levantar essa bandeira foi muito importante e um processo natural. Quisemos preparar o terreno para chegar num ponto de ninguém se sentir um peixe fora d’água”.
Mickael Noah com seu irmão Ton Mendonça
Instagram/Reprodução
Tempo de renascimento
Mickael Noah
Fernando Young/Divulgação
“Das nossas raízes, renascemos” é o manifestou do Folia Tropical do Carnaval de 2025. Todo ano, eles preparam um tema para guiar a edição carnavalesca. “Curiosamente é sobre renascimento. Definimos antes do acidente do meu pai. Calhou de termos que nos reinventar em muitas questões.”
Noah diz que apesar do desafio, lida bem com a condição do patriarca e que agradece por tê-lo por perto. “Para muitas pessoas essa palavra – tetraplégico – ainda é um choque. Mas ele podia ter morrido ou estar em estado vegetativo, a cabeça dele ainda funciona muito bem e podemos conversar”, comenta.
Cofundador de iniciativas socio-econômicas como os Institutos Rede Abrigo e Porto ConVida, Mickael Noah é uma das figuras dos bastidores da Sapucaí e que neste ano aproxima ainda mais essa sua vertente com a do empresário.
Isso porque pela primeira vez vai promover o Prêmio Transformadores Sociais, em busca de reconhecer e celebrar o trabalho de empreendedores sociais. Rene Silva, fundador do Voz das Comunidades e seu amigo pessoal, será o responsável por indicar movimentos de equidade racial. O resultado será divulgado no camarote no dia 8, quando ocorrerá o desfile das campeãs.
“Queremos levar esse brilho e reconhecer quem está de fato transformando a realidade carioca. E o encontro com a arte por si só é um potencializador de transformação.”
Banner de Um Só Planeta 5
Divulgação


Mickael Noah fala do novo momento a frente do Folia Tropical, um dos únicos camarotes cariocas a promover inclusão para pessoas com deficiência e público LGBT+ Mickael Noah tinha apenas 14 anos quando passou a colaborar no negócio dos pais, Newton Mendonça e Agnes Nilssons, ex-atletas de natação e há quase 40 anos empreendedores do Carnaval carioca.
Hoje, aos 41, está a frente do camarote de alto padrão Folia Tropical, na Marquês de Sapucaí, cofundado por ele e a família no fim de 2012. “Daqui a pouco completo 30 anos nesse meio”, se dá conta em conversa com a GQ Brasil.
Formado em publicidade, com especialização em marketing, o empresário lidera o Grupo Pacífica, fundado em 1985 pelos pais. Apesar dos anos de expertise, agora encara pela primeira vez um outro desafio: honrar o legado do pai, que ficou tetraplégico após um grave acidente em abril do ano passado.
“Ele estava surfando e foi encontrado submerso no mar. Ficou 30 minutos sem batimentos. Sofreu 4 paradas cardíacas. Por sorte, não perdeu a cognição e está plenamente consciente, mas sem os movimentos do corpo”, conta.
No Carnaval passado, o processo de passagem de bastão ao primogênito já havia dado início. “Dialogamos de forma muito honesta e natural. Foi como preparar o território. Por coincidência, recebemos [no Camarote na época] uma pessoa com tetraplegia. Nós falamos com esse homem sem saber o que o destino nos reservava”, recorda ele.
O Folia, como é chamado pelos íntimos, é um dos percursores a promover acessibilidade ao público com rampas para cadeirantes, áudio-descrição do menu gastronômico, intérprete de libras no palco e banheiros adaptados para pessoas com nanismo. Além de ter sido um dos primeiros camarotes a abrir venda de ingressos, antes restritos apenas a convidados. “Um modelo de negócio que revolucionou o Sambódromo”, comenta.
O olhar para a diversidade é o principal mote da empreitada familiar, motivada pelo irmão caçula, Ton, de 35 anos, portador de uma síndrome rara conhecida como “cromossoma 20 em anel”.
Carnaval para todos
Mickael Noah com sua família na Marquês de Sapucaí no pré-Carnaval deste ano.
Instagram/Reprodução
“Não vemos acessibilidade nas cidades, nos espaços públicos, quem dirá nos camarotes, um espaço que por muitos anos foi e ainda é predominantemente branco e padrão”, comenta Noah. “Nos últimos anos fizemos um exercício interno para construir um ambiente mais democrático. Falando sem julgamento, é uma construção. Diria que hoje 90% [dos camarotes] não estão preparados.”
O irmão Ton levou o carioca a criar projetos sociais, como o Instituto Amigos do Ton, com sede no Vidigal, que oferece atividades artísticas e culturais a pessoas com deficiências, além de suas famílias e amigos. Desta iniciativa também surgiu o “Folia dos Amigos do Ton”, a participação das crianças e famílias atendidas pelo projeto no camarote, nos dias de desfiles mirins na Sapucaí.
Com ingressos individuais que custam a partir de R$ 2.990 a R$ 3.990, o recinto tem 3 mil metros quadrados e fica localizado no setor especial 8, em frente ao recuo da bateria. O serviço all inclusive – assinado pela chef Andressa Cabral – oferece uma gama musical generosa, apresentações que vão do samba ao rock (entre as atrações deste ano, aparecem; Criolo, Leci Brandão, Diogo Nogueira, Olodum, Titãs, Majur e Kaê Guajajara).
Além do olhar para a diversidade PCD, o empresário explica que o diferencial do seu negócio é a inclusão da comunidade LGBTQIAPN+ com a Candybox, noite tradicional do camarote que existe há mais de dez anos.
“Como homem gay, criei esse projeto antes mesmo do Folia Tropical nascer. Uma festa que fazemos às sextas-feiras de Carnaval. Levantar essa bandeira foi muito importante e um processo natural. Quisemos preparar o terreno para chegar num ponto de ninguém se sentir um peixe fora d’água”.
Mickael Noah com seu irmão Ton Mendonça
Instagram/Reprodução
Tempo de renascimento
Mickael Noah
Fernando Young/Divulgação
“Das nossas raízes, renascemos” é o manifestou do Folia Tropical do Carnaval de 2025. Todo ano, eles preparam um tema para guiar a edição carnavalesca. “Curiosamente é sobre renascimento. Definimos antes do acidente do meu pai. Calhou de termos que nos reinventar em muitas questões.”
Noah diz que apesar do desafio, lida bem com a condição do patriarca e que agradece por tê-lo por perto. “Para muitas pessoas essa palavra – tetraplégico – ainda é um choque. Mas ele podia ter morrido ou estar em estado vegetativo, a cabeça dele ainda funciona muito bem e podemos conversar”, comenta.
Cofundador de iniciativas socio-econômicas como os Institutos Rede Abrigo e Porto ConVida, Mickael Noah é uma das figuras dos bastidores da Sapucaí e que neste ano aproxima ainda mais essa sua vertente com a do empresário.
Isso porque pela primeira vez vai promover o Prêmio Transformadores Sociais, em busca de reconhecer e celebrar o trabalho de empreendedores sociais. Rene Silva, fundador do Voz das Comunidades e seu amigo pessoal, será o responsável por indicar movimentos de equidade racial. O resultado será divulgado no camarote no dia 8, quando ocorrerá o desfile das campeãs.
“Queremos levar esse brilho e reconhecer quem está de fato transformando a realidade carioca. E o encontro com a arte por si só é um potencializador de transformação.”
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Divulgação



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