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13 Mar 2025, Thu

Rosane Gofman celebra fase de amor-próprio: 'Nunca me coloquei em primeiro lugar'




Confirmada no elenco da novela ‘Êta Mundo Melhor’, atriz estreia o monólogo ‘Moderninha’, fala sobre relação com filhos, netos, fim de casamento, trabalho com Cazuza e conta como lidou com diagnóstico de câncer Rosane Gofman, 67 anos de idade, celebra o retorno aos palcos com o inédito espetáculo Moderninha, no Teatro Ziembinski, no Rio de Janeiro, neste sábado (15). No monólogo, a atriz debate o etarismo e celebra seus 50 anos de carreira. “Sou muito realista com a questão da idade. Os 50 anos de carreira chegaram em um momento muito especial da minha vida”, diz.
Saiba-mais taboola
Em conversa com Quem, ela reflete sobre a idade, carreira, saúde e fim de casamento. Reservada para o elenco de Êta Mundo Melhor, próxima novela das 6, Rosane conta que passou por um 2024 delicado, mas deu a volta por cima. “Foi difícil, foi sofrido, mas foi um baita aprendizado. Na questão de saúde, tive um câncer de endométrio — era pequeno e com baixíssima malignidade. Assim que recebi o resultado da biópsia, falei com minha médica. Estava viajando com uma peça e fiz ainda mais duas apresentações. Quando voltei ao Rio, a minha irmã, Betty (Gofman, atriz), já tinha esquematizado tudo. Cheguei ao Rio e fui para a Clínica São Vicente. Já fiz todos os exames para operar. Na operação, tirei tudo — ovário, útero e trompas — e ficou tudo certo. Não tive nem tempo de me assustar muito”, diz.
Ao comentar o fim do casamento de 30 anos, a atriz fala com naturalidade. “Acho que ele veio acabando e deteriorando com o tempo. Eu me separei depois de 30 anos de casada. Estou refazendo a minha vida. Tenho netos maravilhosos. Não imaginava que ser avó pudesse ser uma das melhores coisas da vida”, afirma a atriz, que é mãe de três filhos, Yuri, Kauê e Daniel. “A única coisa que não gosto é de sentir dor. Dor no ombro, dor no joelho… Essas coisas que incomodam, mas a vida é assim. A gente tem que saber que cada momento é um ciclo.”
Quem: Você estreia Moderninha, monólogo com texto inédito. Era um desejo profissional?
Rosane Gofman: Completei 50 anos de carreira e queria que o Paulo Fontenelle escrevesse um texto para mim. Ele é meu amigão e o texto é uma comédia, fala sobre a terceira idade. É uma crítica divertida, de forma alto astral. A personagem é divertida, de uma forma como quem diz: ‘Agora sou velha, ninguém manda em mim, para de dizer o que eu tenho que fazer’. Isso é colocado de forma leve no texto. Estou bem feliz em fazer essa peça com um assunto que tanto vale a pena falar. Vivemos uma sociedade etarista, sempre foi. A gente vai ficando mais velha e percebe o quanto é importante a sabedoria.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli
Você citou o etarismo e os 50 anos de carreira. Levou um susto ao fazer essa conta?
Não me assustou, realmente não me assusta. Nos 50 anos de carreira, estreio o monólogo Moderninha e tenho ainda o espetáculo Eu Sempre Soube para excursionar. Essas peças chegam em um momento da minha carreira que me fazem lembrar muito do meu início na profissão. Quando comecei, eu queria falar apenas sobre temas polêmicos e que propusessem reflexões. Depois, ao ficar mais velha e ter filhos para sustentar, eu não podia escolher tanto, sabe? Escolher no que iria trabalhar. Estar neste momento em que, de fato, posso escolher no que eu quero trabalhar, escolho assuntos — mães de filhos LGBT+ e etarismo — que vão de acordo com aquela minha vontade de jovem, quando eu queria ‘mudar o mundo’, causar reflexão e polêmica, fazer a pessoa olhar para o próximo. Nesses 50 anos de carreira, vivo um momento parecido com o início da minha carreira. Minha proposta, como atriz, era ter o meu papel social no mundo. Sou muito realista com a questão da idade. A única coisa que não gosto é de sentir dor. Dor no ombro, dor no joelho… Essas coisas que incomodam, mas a vida é assim. A gente tem que saber que cada momento é um ciclo. Os 50 anos de carreira chegaram em um momento muito especial da minha vida. Eu me separei depois de 30 anos de casada.
E isso trouxe muitas mudanças?
Estou refazendo a minha vida. Tenho netos maravilhosos. Não imaginava que ser avó pudesse ser uma das melhores coisas da vida. Eles têm idades próximas. No ano que fiz 60 anos, fui avó de três: Miguel e os gêmeos Antonio e Benjamim. Eles farão 8 anos em 2025. Depois, vieram Arthur, 6, Pedro, 5, Marina, 2. Além deles, tenho uma ‘netenteada’, a Maju, a enteada do meu filho, que já é adolescente. Meus netos se amam muito. É muito gostoso ver o abraço entre eles. O mais importante na vida é amar e entregar esse amor. Tenho a escola de teatro (TERG – Teatro Escola Rosane Gofman) há 37 anos. Kauê, meu filho do meio, é o CEO da escola. Ele deu um up na escola, temos 300 alunos.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli
Seu 2024 foi delicado. Você citou o fim do casamento, teve o diagnóstico de um câncer… De alguma forma, essas situações te impulsionaram?
Foi difícil, foi sofrido, mas foi um baita aprendizado. Na questão de saúde, tive um câncer de endométrio — era pequeno e com baixíssima malignidade. Assim que recebi o resultado da biópsia, falei com minha médica. Estava viajando com a peça e fiz ainda mais duas apresentações. Quando voltei ao Rio, a minha irmã, Betty (Gofman, atriz), já tinha esquematizado tudo. Cheguei ao Rio e fui para a Clínica São Vicente. Já fiz todos os exames para operar. Na operação, tirei tudo — ovário, útero e trompas — e ficou tudo certo. Não tive nem tempo de me assustar muito. Sobre a questão do casamento, acho que ele veio acabando e deteriorando com o tempo.
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Não foi uma decisão de uma hora para outra?
Não, não foi de uma hora para outra. É que a gente tem preguiça, não tem coragem… Fica pensando ‘vou ficar sozinha?’. Não sei exatamente o que passa na cabeça da gente. No meu caso, particularmente, acho que foi uma acomodação mesmo. Se eu me separei com 30 anos de casada, já era pra eu ter separado antes. Não foi de uma hora pra outra. Era algo que já vinha acabando. E é claro que não é fácil. É luto, é dor, é tristeza, mas tudo passa. Não tenho dúvida de que tudo passa mesmo. Agora, eu estou ótima. Meu ex-marido nem está mais morando no Rio de Janeiro. Ele se mudou para Porto Alegre e a gente até se fala. Ele é pai do meu filho mais novo, Daniel, avô dos meus netos e pai ainda dos nossos quatro cachorros — buldogues franceses — que ficaram aqui. Nossas conversas são basicamente sobre os cachorros, porque com o filho ele fala diretamente. Está tudo ok.
E está aberta a um novo amor?
Não quero namorar, não quero casar, não quero nada disso neste momento da minha vida. Quero me apaixonar cada vez mais por mim e acho que isso está acontecendo.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli
Você sempre foi de se colocar em primeiro lugar, ou teve fases em que ficava em segundo ou terceiro plano?
Nunca me coloquei em primeiro lugar. Sou uterina, absolutamente mãe. Ver filho doente era a morte para mim. Sou uma mãe muito preocupada. Meu filho mais velho sofreu um acidente muito grave quando tinha 22 anos. Foi um acidente dentro da Fundição Progresso, quando uma barra de ferro atingiu a cabeça dele. Naquele momento, minha vida teve uma mudança drástica. Ele ficou com um lado do corpo paralisado e demorou a voltar a falar direito. Passei um ano bem dedicada à vida do meu filho, até que ele conseguisse refazer a vida dele. Depois, tive uma depressão muito séria. Precisei tomar remédios três vezes por dia. Depois que meu filho voltou à vida, eu me afundei. Percebi que tinha colocado toda minha energia na recuperação dele. Tive mais um recomeço de vida. Essa situação foi um pouco antes de fazer O Beijo do Vampiro. Quando soube que o Calmon estava escrevendo uma novela, falei com ele. Ele disse que escreveria um personagem para mim. Fiz a Dra. Vanpreta e foi muito legal. O trabalho me salvou em um momento que estava tudo muito difícil para mim e acho que, hoje, vivo um momento que vou poder me colocar em primeiro lugar.
A maternidade e a profissão sempre foram conciliadas?
Nunca parei, nunca parei. Primeiro porque não podia. Tinha que ralar muito. Nunca parei de trabalhar e nem sei se gostaria disso. Meus filhos sempre estiveram comigo, mas a minha carreira caminhou junto. Quando conquistei meu primeiro trabalho na TV, Louco Amor (Globo, 1983), eu já tinha uma boa experiência no teatro. Tieta (Globo, 1989), que atualmente está sendo reprisada, mudou a minha vida mesmo. Chocolate com Pimenta foi outro presentão. A personagem bombou e me abriu várias portas. Não tenho do que reclamar.
Rosane Gofman, como Roseli, em ‘Chocolate com Pimenta’ (Globo, 2003), novela em que atuou após momento delicado em vida pessoal
TV Globo
Chocolate com Pimenta era uma novela do Walcyr Carrasco, com quem você vai voltar a trabalhar em breve, né? O que pode adiantar?
Estou confirmada em Êta Mundo Melhor!. Começaremos a gravar em abril. Quando fiz Êta Mundo Bom!, eu não tinha ideia que a novela poderia ganhar uma continuação e que fosse voltar a viver a Olímpia. A TV Globo tem feito alguns movimentos na dramaturgia. Perceberam que novela tem que ter cara de novela.
Muitas vezes, imagina-se que a carreira é marcada por glamour, luxo, contrato de estrela… Passou por altos e baixos?
Nunca tive esse contrato de estrela, o que pode até ser injusto, mas consegui viver a vida com a minha família. Tive altos e baixos? Sim. Alguns bem baixos, mas pouco. Nunca fui uma pessoa do glamour, do corpão, da cara linda… Então, chegar aos 67, não é desesperador. Tive a minha carreira construída com meu trabalho.
Embora a maior parte das suas novelas tenha sido na TV Globo, você fez Brida, na Manchete, que ficou marcada por não ter um final, uma vez que a emissora acabou entrando em processo de falência. Como foi essa época?
Foi muito difícil. A gente estava contratado e, de repente, ninguém tinha mais contrato, ninguém tinha mais salário. Foi desesperador, muito desesperador. E também foi triste, afinal a gente estava perdendo um veículo de trabalho. Foi um momento, mas não fico remoendo. Passou.
Você citou que a idade não é motivo para desespero. Sente o etarismo presente no dia a dia?
Faz parte do cotidiano. Por exemplo, passeando em um shopping, eu vejo pessoas mais jovens entrando no elevador antes de pessoas mais velhas. Acho que muitos jovens não se dão conta de tudo o que os mais velhos podem oferecer. Penso que os idosos deveriam ter mais companhia, ser mais ouvidos… Na profissão, também há o etarismo. Em televisão, especialmente. No teatro, nem tanto.
Entre as várias novelas que fez, você tem algum carinho especial por alguma?
Gosto de muitas, mas tenho um carinho especial por Tieta e Chocolate com Pimenta, elas tiveram significados especiais na minha trajetória. A primeira novela que fiz foi Louco Amor, do Gilberto Braga. A oportunidade veio pelo Cazuza — que era ator também, além de cantor. Fiz a peça Parabéns pra você com ele — Cazuza interpretava o aniversariante, meu filho. Quando acabou a peça, eu estava grávida, tive meu filho e ele estourou com o Barão Vermelho. Fui assistir a um show da banda e encontrei a mãe dele, Lucinha Araújo. Ela falou: ‘Nossa! Você está tão bem. Nem parece que teve filho’. Disse que estava dura, precisando trabalhar… Ela respondeu: ‘Você vai fazer a próxima novela das 8. Gilberto Braga é como se fosse meu irmão, vou falar com ele…’ No Natal daquele ano de 1982, o Cazuza passou a noite me ligando, dizendo que a mãe dele estava conversando com o Gilberto Braga… Cazuza foi meu grande padrinho e a quem sou muito grata. E, claro, tenho muita gratidão ao Gilberto Braga, autor da primeira novela que fiz. Meu carinho por ele é muito grande, assim como pelo Aguinaldo Silva, Walcyr Carrasco e Antonio Calmon. Tenho pessoas muito especiais na minha vida. Gratidão é coisa séria. Sou muito grata a todo mundo que me ajudou.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli


Confirmada no elenco da novela ‘Êta Mundo Melhor’, atriz estreia o monólogo ‘Moderninha’, fala sobre relação com filhos, netos, fim de casamento, trabalho com Cazuza e conta como lidou com diagnóstico de câncer Rosane Gofman, 67 anos de idade, celebra o retorno aos palcos com o inédito espetáculo Moderninha, no Teatro Ziembinski, no Rio de Janeiro, neste sábado (15). No monólogo, a atriz debate o etarismo e celebra seus 50 anos de carreira. “Sou muito realista com a questão da idade. Os 50 anos de carreira chegaram em um momento muito especial da minha vida”, diz.
Saiba-mais taboola
Em conversa com Quem, ela reflete sobre a idade, carreira, saúde e fim de casamento. Reservada para o elenco de Êta Mundo Melhor, próxima novela das 6, Rosane conta que passou por um 2024 delicado, mas deu a volta por cima. “Foi difícil, foi sofrido, mas foi um baita aprendizado. Na questão de saúde, tive um câncer de endométrio — era pequeno e com baixíssima malignidade. Assim que recebi o resultado da biópsia, falei com minha médica. Estava viajando com uma peça e fiz ainda mais duas apresentações. Quando voltei ao Rio, a minha irmã, Betty (Gofman, atriz), já tinha esquematizado tudo. Cheguei ao Rio e fui para a Clínica São Vicente. Já fiz todos os exames para operar. Na operação, tirei tudo — ovário, útero e trompas — e ficou tudo certo. Não tive nem tempo de me assustar muito”, diz.
Ao comentar o fim do casamento de 30 anos, a atriz fala com naturalidade. “Acho que ele veio acabando e deteriorando com o tempo. Eu me separei depois de 30 anos de casada. Estou refazendo a minha vida. Tenho netos maravilhosos. Não imaginava que ser avó pudesse ser uma das melhores coisas da vida”, afirma a atriz, que é mãe de três filhos, Yuri, Kauê e Daniel. “A única coisa que não gosto é de sentir dor. Dor no ombro, dor no joelho… Essas coisas que incomodam, mas a vida é assim. A gente tem que saber que cada momento é um ciclo.”
Quem: Você estreia Moderninha, monólogo com texto inédito. Era um desejo profissional?
Rosane Gofman: Completei 50 anos de carreira e queria que o Paulo Fontenelle escrevesse um texto para mim. Ele é meu amigão e o texto é uma comédia, fala sobre a terceira idade. É uma crítica divertida, de forma alto astral. A personagem é divertida, de uma forma como quem diz: ‘Agora sou velha, ninguém manda em mim, para de dizer o que eu tenho que fazer’. Isso é colocado de forma leve no texto. Estou bem feliz em fazer essa peça com um assunto que tanto vale a pena falar. Vivemos uma sociedade etarista, sempre foi. A gente vai ficando mais velha e percebe o quanto é importante a sabedoria.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli
Você citou o etarismo e os 50 anos de carreira. Levou um susto ao fazer essa conta?
Não me assustou, realmente não me assusta. Nos 50 anos de carreira, estreio o monólogo Moderninha e tenho ainda o espetáculo Eu Sempre Soube para excursionar. Essas peças chegam em um momento da minha carreira que me fazem lembrar muito do meu início na profissão. Quando comecei, eu queria falar apenas sobre temas polêmicos e que propusessem reflexões. Depois, ao ficar mais velha e ter filhos para sustentar, eu não podia escolher tanto, sabe? Escolher no que iria trabalhar. Estar neste momento em que, de fato, posso escolher no que eu quero trabalhar, escolho assuntos — mães de filhos LGBT+ e etarismo — que vão de acordo com aquela minha vontade de jovem, quando eu queria ‘mudar o mundo’, causar reflexão e polêmica, fazer a pessoa olhar para o próximo. Nesses 50 anos de carreira, vivo um momento parecido com o início da minha carreira. Minha proposta, como atriz, era ter o meu papel social no mundo. Sou muito realista com a questão da idade. A única coisa que não gosto é de sentir dor. Dor no ombro, dor no joelho… Essas coisas que incomodam, mas a vida é assim. A gente tem que saber que cada momento é um ciclo. Os 50 anos de carreira chegaram em um momento muito especial da minha vida. Eu me separei depois de 30 anos de casada.
E isso trouxe muitas mudanças?
Estou refazendo a minha vida. Tenho netos maravilhosos. Não imaginava que ser avó pudesse ser uma das melhores coisas da vida. Eles têm idades próximas. No ano que fiz 60 anos, fui avó de três: Miguel e os gêmeos Antonio e Benjamim. Eles farão 8 anos em 2025. Depois, vieram Arthur, 6, Pedro, 5, Marina, 2. Além deles, tenho uma ‘netenteada’, a Maju, a enteada do meu filho, que já é adolescente. Meus netos se amam muito. É muito gostoso ver o abraço entre eles. O mais importante na vida é amar e entregar esse amor. Tenho a escola de teatro (TERG – Teatro Escola Rosane Gofman) há 37 anos. Kauê, meu filho do meio, é o CEO da escola. Ele deu um up na escola, temos 300 alunos.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli
Seu 2024 foi delicado. Você citou o fim do casamento, teve o diagnóstico de um câncer… De alguma forma, essas situações te impulsionaram?
Foi difícil, foi sofrido, mas foi um baita aprendizado. Na questão de saúde, tive um câncer de endométrio — era pequeno e com baixíssima malignidade. Assim que recebi o resultado da biópsia, falei com minha médica. Estava viajando com a peça e fiz ainda mais duas apresentações. Quando voltei ao Rio, a minha irmã, Betty (Gofman, atriz), já tinha esquematizado tudo. Cheguei ao Rio e fui para a Clínica São Vicente. Já fiz todos os exames para operar. Na operação, tirei tudo — ovário, útero e trompas — e ficou tudo certo. Não tive nem tempo de me assustar muito. Sobre a questão do casamento, acho que ele veio acabando e deteriorando com o tempo.
Initial plugin text
Não foi uma decisão de uma hora para outra?
Não, não foi de uma hora para outra. É que a gente tem preguiça, não tem coragem… Fica pensando ‘vou ficar sozinha?’. Não sei exatamente o que passa na cabeça da gente. No meu caso, particularmente, acho que foi uma acomodação mesmo. Se eu me separei com 30 anos de casada, já era pra eu ter separado antes. Não foi de uma hora pra outra. Era algo que já vinha acabando. E é claro que não é fácil. É luto, é dor, é tristeza, mas tudo passa. Não tenho dúvida de que tudo passa mesmo. Agora, eu estou ótima. Meu ex-marido nem está mais morando no Rio de Janeiro. Ele se mudou para Porto Alegre e a gente até se fala. Ele é pai do meu filho mais novo, Daniel, avô dos meus netos e pai ainda dos nossos quatro cachorros — buldogues franceses — que ficaram aqui. Nossas conversas são basicamente sobre os cachorros, porque com o filho ele fala diretamente. Está tudo ok.
E está aberta a um novo amor?
Não quero namorar, não quero casar, não quero nada disso neste momento da minha vida. Quero me apaixonar cada vez mais por mim e acho que isso está acontecendo.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli
Você sempre foi de se colocar em primeiro lugar, ou teve fases em que ficava em segundo ou terceiro plano?
Nunca me coloquei em primeiro lugar. Sou uterina, absolutamente mãe. Ver filho doente era a morte para mim. Sou uma mãe muito preocupada. Meu filho mais velho sofreu um acidente muito grave quando tinha 22 anos. Foi um acidente dentro da Fundição Progresso, quando uma barra de ferro atingiu a cabeça dele. Naquele momento, minha vida teve uma mudança drástica. Ele ficou com um lado do corpo paralisado e demorou a voltar a falar direito. Passei um ano bem dedicada à vida do meu filho, até que ele conseguisse refazer a vida dele. Depois, tive uma depressão muito séria. Precisei tomar remédios três vezes por dia. Depois que meu filho voltou à vida, eu me afundei. Percebi que tinha colocado toda minha energia na recuperação dele. Tive mais um recomeço de vida. Essa situação foi um pouco antes de fazer O Beijo do Vampiro. Quando soube que o Calmon estava escrevendo uma novela, falei com ele. Ele disse que escreveria um personagem para mim. Fiz a Dra. Vanpreta e foi muito legal. O trabalho me salvou em um momento que estava tudo muito difícil para mim e acho que, hoje, vivo um momento que vou poder me colocar em primeiro lugar.
A maternidade e a profissão sempre foram conciliadas?
Nunca parei, nunca parei. Primeiro porque não podia. Tinha que ralar muito. Nunca parei de trabalhar e nem sei se gostaria disso. Meus filhos sempre estiveram comigo, mas a minha carreira caminhou junto. Quando conquistei meu primeiro trabalho na TV, Louco Amor (Globo, 1983), eu já tinha uma boa experiência no teatro. Tieta (Globo, 1989), que atualmente está sendo reprisada, mudou a minha vida mesmo. Chocolate com Pimenta foi outro presentão. A personagem bombou e me abriu várias portas. Não tenho do que reclamar.
Rosane Gofman, como Roseli, em ‘Chocolate com Pimenta’ (Globo, 2003), novela em que atuou após momento delicado em vida pessoal
TV Globo
Chocolate com Pimenta era uma novela do Walcyr Carrasco, com quem você vai voltar a trabalhar em breve, né? O que pode adiantar?
Estou confirmada em Êta Mundo Melhor!. Começaremos a gravar em abril. Quando fiz Êta Mundo Bom!, eu não tinha ideia que a novela poderia ganhar uma continuação e que fosse voltar a viver a Olímpia. A TV Globo tem feito alguns movimentos na dramaturgia. Perceberam que novela tem que ter cara de novela.
Muitas vezes, imagina-se que a carreira é marcada por glamour, luxo, contrato de estrela… Passou por altos e baixos?
Nunca tive esse contrato de estrela, o que pode até ser injusto, mas consegui viver a vida com a minha família. Tive altos e baixos? Sim. Alguns bem baixos, mas pouco. Nunca fui uma pessoa do glamour, do corpão, da cara linda… Então, chegar aos 67, não é desesperador. Tive a minha carreira construída com meu trabalho.
Embora a maior parte das suas novelas tenha sido na TV Globo, você fez Brida, na Manchete, que ficou marcada por não ter um final, uma vez que a emissora acabou entrando em processo de falência. Como foi essa época?
Foi muito difícil. A gente estava contratado e, de repente, ninguém tinha mais contrato, ninguém tinha mais salário. Foi desesperador, muito desesperador. E também foi triste, afinal a gente estava perdendo um veículo de trabalho. Foi um momento, mas não fico remoendo. Passou.
Você citou que a idade não é motivo para desespero. Sente o etarismo presente no dia a dia?
Faz parte do cotidiano. Por exemplo, passeando em um shopping, eu vejo pessoas mais jovens entrando no elevador antes de pessoas mais velhas. Acho que muitos jovens não se dão conta de tudo o que os mais velhos podem oferecer. Penso que os idosos deveriam ter mais companhia, ser mais ouvidos… Na profissão, também há o etarismo. Em televisão, especialmente. No teatro, nem tanto.
Entre as várias novelas que fez, você tem algum carinho especial por alguma?
Gosto de muitas, mas tenho um carinho especial por Tieta e Chocolate com Pimenta, elas tiveram significados especiais na minha trajetória. A primeira novela que fiz foi Louco Amor, do Gilberto Braga. A oportunidade veio pelo Cazuza — que era ator também, além de cantor. Fiz a peça Parabéns pra você com ele — Cazuza interpretava o aniversariante, meu filho. Quando acabou a peça, eu estava grávida, tive meu filho e ele estourou com o Barão Vermelho. Fui assistir a um show da banda e encontrei a mãe dele, Lucinha Araújo. Ela falou: ‘Nossa! Você está tão bem. Nem parece que teve filho’. Disse que estava dura, precisando trabalhar… Ela respondeu: ‘Você vai fazer a próxima novela das 8. Gilberto Braga é como se fosse meu irmão, vou falar com ele…’ No Natal daquele ano de 1982, o Cazuza passou a noite me ligando, dizendo que a mãe dele estava conversando com o Gilberto Braga… Cazuza foi meu grande padrinho e a quem sou muito grata. E, claro, tenho muita gratidão ao Gilberto Braga, autor da primeira novela que fiz. Meu carinho por ele é muito grande, assim como pelo Aguinaldo Silva, Walcyr Carrasco e Antonio Calmon. Tenho pessoas muito especiais na minha vida. Gratidão é coisa séria. Sou muito grata a todo mundo que me ajudou.
Rosane Gofman
Priscila Nicheli



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