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13 Mar 2025, Thu

Baby do Brasil e Renato Ratier no centro de críticas em São Paulo

Lula


Um evento inusitado transformou a tradicional casa de música eletrônica D-Edge, localizada na zona oeste de São Paulo, em palco de uma controvérsia que reverberou nas redes sociais e na imprensa. Na noite de 10 de março, o clube, conhecido por suas festas vibrantes e por atrair um público diverso, incluindo a comunidade LGBTQIAPN+, sediou um culto evangélico idealizado por seu proprietário, Renato Ratier, com a participação da cantora e pastora Baby do Brasil. O que era para ser uma celebração espiritual, porém, acabou gerando indignação devido a declarações polêmicas feitas durante a cerimônia, levando Ratier a se pronunciar publicamente dois dias depois, em 12 de março, para tentar conter a crise.

A iniciativa, batizada de “Frequência com Deus”, reuniu cerca de 150 pessoas em um ambiente adaptado: a pista de dança deu lugar a cadeiras enfileiradas, as luzes de LED coloridas criaram uma atmosfera de louvor e garrafas de água substituíram as bebidas alcoólicas típicas do local. Baby do Brasil, figura icônica da música brasileira e fervorosa evangélica desde 1999, liderou os cânticos gospel, enquanto os pastores Pedro e Samuel Santana compartilharam testemunhos. No entanto, as falas da cantora e de um dos pastores acenderam um debate acalorado sobre temas sensíveis como abuso sexual e diversidade sexual.

Diante da repercussão negativa, Renato Ratier, DJ e empresário que comanda o D-Edge há 25 anos, viu-se obrigado a esclarecer sua posição. Em uma nota oficial, ele afirmou que as declarações feitas no evento não refletem seus valores pessoais nem os da casa noturna, conhecida por ser um espaço de inclusão e liberdade. A polêmica expôs os desafios de conciliar crenças pessoais com a identidade de um estabelecimento historicamente ligado à diversidade e à cultura underground.

O que aconteceu no culto da D-Edge

Cerca de 150 fiéis ocuparam o D-Edge na noite de segunda-feira para um evento que misturou elementos de culto evangélico com a estética de uma balada eletrônica. Renato Ratier, convertido ao cristianismo há quase quatro anos, idealizou a cerimônia como uma forma de compartilhar sua fé em um ambiente fora do convencional. Sem bebidas alcoólicas ou substâncias ilícitas, a programação incluiu louvores como “Ruja o Leão” e “Poderoso Deus”, entoados por Baby do Brasil, que se apresentou com seu característico cabelo azul e roupas brilhantes.

Durante o culto, Baby do Brasil fez uma declaração que rapidamente viralizou. “Perdoa tudo que você tiver de ruim no seu coração, aqui, hoje, nesse lugar, perdoa! Se teve abuso sexual, perdoa! Se foi da família, perdoa!”, disse a cantora, incentivando o público a liberar ressentimentos. A fala, interpretada por muitos como uma minimização da gravidade do abuso sexual, especialmente quando cometido por familiares, gerou uma onda de críticas nas redes sociais. Usuários questionaram como um espaço como o D-Edge, frequentado majoritariamente por um público que valoriza a liberdade e a diversidade, pôde abrigar tal discurso.

Outro momento controverso veio com o testemunho do pastor Pedro Santana. Ele relatou ter sido “travesti, homossexual e garoto de programa” antes de se converter, afirmando que, após “aceitar Jesus”, tornou-se heterossexual e formou uma família tradicional. A narrativa, que ecoa discursos associados à chamada “cura gay” – prática amplamente rejeitada por entidades científicas e de direitos humanos –, chocou parte do público presente e intensificou as críticas ao evento. A combinação dessas falas colocou Ratier e o D-Edge sob escrutínio.

A reação de Renato Ratier à crise

Dois dias após o culto, em 12 de março, Renato Ratier rompeu o silêncio com uma nota oficial. O empresário expressou “profundo respeito” às pessoas afetadas pelas declarações e reiterou que sua intenção nunca foi desrespeitar ou ferir ninguém. “Infelizmente, algumas falas isoladas de convidados vão contra aquilo que acredito”, escreveu, destacando que não teve conhecimento prévio do conteúdo que seria apresentado por Baby do Brasil e pelos pastores.

Ratier também buscou distanciar o D-Edge das polêmicas. Ele afirmou ser “absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação” e defendeu que “todo crime deve ser denunciado e apurado”. Sobre as insinuações de apoio à “cura gay”, foi categórico: “Não acredito nessa ideia – ela não existe e jamais fez parte dos meus valores”. O empresário ressaltou os 25 anos de história do clube como um espaço de apoio à diversidade, especialmente à comunidade LGBTQIAPN+, que sempre encontrou na casa um ambiente acolhedor.

Por fim, ele anunciou que o culto foi um evento isolado e não se repetirá. “A casa continua com suas atividades normais, oferecendo a cada noite um espaço de música eletrônica, como sempre fez”, garantiu. Ratier ainda informou que está em diálogo com Baby do Brasil e os pastores envolvidos, cobrando esclarecimentos públicos sobre as falas. A resposta, porém, não aplacou totalmente as críticas, com muitos questionando como o evento foi permitido sem supervisão do conteúdo.

Baby do Brasil no olho do furacão

Baby do Brasil, ex-vocalista dos Novos Baianos e pastora evangélica há mais de duas décadas, tornou-se o principal alvo das críticas após o culto. Sua declaração sobre perdoar abusos sexuais foi vista como insensível, especialmente em um país onde a violência sexual é uma realidade alarmante. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2022, foram registrados mais de 66 mil casos de estupro no Brasil, sendo 61% das vítimas menores de 14 anos e, em muitos casos, agredidas por familiares.

A cantora, conhecida por sua autenticidade e estilo extravagante, tentou contextualizar sua fala durante o evento, dizendo que a “maior onda de todas é a do Espírito Santo” e que o perdão seria uma forma de libertação espiritual. No entanto, a ausência de uma retratação clara após a repercussão manteve o foco da polêmica sobre ela. A participação no culto marcou mais um capítulo controverso em sua trajetória recente, que já inclui declarações sobre o apocalipse durante o Carnaval de 2024, gerando um embate público com Ivete Sangalo.

Enquanto isso, a presença de Baby no D-Edge foi vista como uma escolha pessoal de Ratier, com quem mantém uma amizade de longa data. A cantora defendeu que não pretendia transformar a balada em um espaço gospel, mas sim apoiar o amigo em sua jornada espiritual. Apesar disso, a reação do público e da mídia colocou em xeque a compatibilidade entre sua mensagem e o histórico do clube.

D-Edge: de ícone da música eletrônica a palco de controvérsia

Inaugurado em 2003 na Barra Funda, o D-Edge é um marco na cena eletrônica brasileira. Fundado por Renato Ratier, o clube se consolidou como referência em techno e house, atraindo DJs renomados e um público fiel, incluindo uma expressiva parcela da comunidade LGBTQIAPN+. Há mais de uma década, a casa figura na lista dos 100 melhores clubes do mundo da revista DJ Mag, um reconhecimento de seu impacto cultural.

O evento de 10 de março, porém, desafiou essa identidade. Para muitos frequentadores, a realização de um culto evangélico em um espaço historicamente associado à liberdade sexual e à diversidade soou como uma contradição. Críticas nas redes sociais destacaram a ironia de um local que celebra a inclusão abrir portas para discursos percebidos como discriminatórios. “Um lugar que promove diversidade permitir isso é assustador”, escreveu um usuário no X, refletindo o sentimento de parte do público.

A transformação temporária da pista em um ambiente de culto não foi a primeira incursão de Ratier na espiritualidade pública. Em fevereiro, ele promoveu um ato religioso durante o festival Surreal Park, em Camboriú, Santa Catarina, mostrando uma crescente influência de sua conversão ao cristianismo, iniciada há cerca de quatro anos. Apesar disso, o D-Edge sempre manteve sua essência ligada à música eletrônica, o que torna o episódio recente uma exceção marcante em sua trajetória.

Cronologia da polêmica em São Paulo

A sequência de eventos que culminou na crise do D-Edge pode ser acompanhada por marcos específicos:

  • Fevereiro de 2024: Renato Ratier promove um ato religioso no festival Surreal Park, em Camboriú, sinalizando sua aproximação com a fé evangélica.
  • 10 de março: O culto “Frequência com Deus” ocorre no D-Edge, com participação de Baby do Brasil e dos pastores Pedro e Samuel Santana.
  • 11 de março: Vídeos das falas de Baby e do pastor Pedro viralizam, gerando críticas nas redes sociais.
  • 12 de março: Ratier publica nota oficial, classificando o evento como isolado e rejeitando as declarações polêmicas.

Esse cronograma evidencia a rapidez com que a situação escalou, forçando uma resposta imediata do empresário. A decisão de não repetir o culto sugere um recuo estratégico diante da pressão pública.

Resposta da comunidade e próximos passos

A comunidade LGBTQIAPN+, um dos pilares do público do D-Edge, reagiu com indignação ao evento. Frequentadores habituais expressaram decepção, alguns prometendo boicotar o clube. “Nunca mais piso lá, virou um lugar de hipocrisia”, declarou um internauta no X. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) foi além, acionando o Ministério Público de São Paulo para investigar possíveis crimes nas falas do culto, como apologia à violência ou discriminação.

Ratier, por sua vez, tenta preservar a reputação do D-Edge. Sua nota reforça o compromisso com a diversidade e a música eletrônica, mas o impacto a longo prazo na imagem do clube ainda é incerto. O empresário, que também enfrenta desafios pessoais com a esposa Sarah Cardoso em coma desde 2023, após complicações em um procedimento estético, destacou que o culto surgiu em um momento de busca por apoio espiritual.

Enquanto isso, Baby do Brasil segue sem se manifestar oficialmente sobre a polêmica. Sua assessoria foi procurada por diversos veículos, mas não houve resposta até o momento. A expectativa é que a cantora aborde o tema em breve, dado o peso das acusações e a visibilidade do caso.

Principais pontos da controvérsia

Para entender o alcance da polêmica, alguns aspectos se destacam:

  • Declaração de Baby: A sugestão de perdoar abusos sexuais, especialmente intrafamiliares, foi vista como uma trivialização de um crime grave.
  • Testemunho do pastor: A narrativa de “conversão” de Pedro Santana reacendeu o debate sobre a “cura gay”, rejeitada por entidades como o Conselho Federal de Psicologia.
  • Identidade do D-Edge: A realização do culto desafiou a percepção do clube como um espaço seguro para a diversidade.
  • Reação de Ratier: A nota oficial buscou conter os danos, mas não silenciou as críticas.

Esses elementos alimentam a discussão sobre os limites entre liberdade religiosa e responsabilidade social em espaços culturais. O caso também reflete a sensibilidade de temas como violência sexual e direitos LGBTQIAPN+ no Brasil.



Um evento inusitado transformou a tradicional casa de música eletrônica D-Edge, localizada na zona oeste de São Paulo, em palco de uma controvérsia que reverberou nas redes sociais e na imprensa. Na noite de 10 de março, o clube, conhecido por suas festas vibrantes e por atrair um público diverso, incluindo a comunidade LGBTQIAPN+, sediou um culto evangélico idealizado por seu proprietário, Renato Ratier, com a participação da cantora e pastora Baby do Brasil. O que era para ser uma celebração espiritual, porém, acabou gerando indignação devido a declarações polêmicas feitas durante a cerimônia, levando Ratier a se pronunciar publicamente dois dias depois, em 12 de março, para tentar conter a crise.

A iniciativa, batizada de “Frequência com Deus”, reuniu cerca de 150 pessoas em um ambiente adaptado: a pista de dança deu lugar a cadeiras enfileiradas, as luzes de LED coloridas criaram uma atmosfera de louvor e garrafas de água substituíram as bebidas alcoólicas típicas do local. Baby do Brasil, figura icônica da música brasileira e fervorosa evangélica desde 1999, liderou os cânticos gospel, enquanto os pastores Pedro e Samuel Santana compartilharam testemunhos. No entanto, as falas da cantora e de um dos pastores acenderam um debate acalorado sobre temas sensíveis como abuso sexual e diversidade sexual.

Diante da repercussão negativa, Renato Ratier, DJ e empresário que comanda o D-Edge há 25 anos, viu-se obrigado a esclarecer sua posição. Em uma nota oficial, ele afirmou que as declarações feitas no evento não refletem seus valores pessoais nem os da casa noturna, conhecida por ser um espaço de inclusão e liberdade. A polêmica expôs os desafios de conciliar crenças pessoais com a identidade de um estabelecimento historicamente ligado à diversidade e à cultura underground.

O que aconteceu no culto da D-Edge

Cerca de 150 fiéis ocuparam o D-Edge na noite de segunda-feira para um evento que misturou elementos de culto evangélico com a estética de uma balada eletrônica. Renato Ratier, convertido ao cristianismo há quase quatro anos, idealizou a cerimônia como uma forma de compartilhar sua fé em um ambiente fora do convencional. Sem bebidas alcoólicas ou substâncias ilícitas, a programação incluiu louvores como “Ruja o Leão” e “Poderoso Deus”, entoados por Baby do Brasil, que se apresentou com seu característico cabelo azul e roupas brilhantes.

Durante o culto, Baby do Brasil fez uma declaração que rapidamente viralizou. “Perdoa tudo que você tiver de ruim no seu coração, aqui, hoje, nesse lugar, perdoa! Se teve abuso sexual, perdoa! Se foi da família, perdoa!”, disse a cantora, incentivando o público a liberar ressentimentos. A fala, interpretada por muitos como uma minimização da gravidade do abuso sexual, especialmente quando cometido por familiares, gerou uma onda de críticas nas redes sociais. Usuários questionaram como um espaço como o D-Edge, frequentado majoritariamente por um público que valoriza a liberdade e a diversidade, pôde abrigar tal discurso.

Outro momento controverso veio com o testemunho do pastor Pedro Santana. Ele relatou ter sido “travesti, homossexual e garoto de programa” antes de se converter, afirmando que, após “aceitar Jesus”, tornou-se heterossexual e formou uma família tradicional. A narrativa, que ecoa discursos associados à chamada “cura gay” – prática amplamente rejeitada por entidades científicas e de direitos humanos –, chocou parte do público presente e intensificou as críticas ao evento. A combinação dessas falas colocou Ratier e o D-Edge sob escrutínio.

A reação de Renato Ratier à crise

Dois dias após o culto, em 12 de março, Renato Ratier rompeu o silêncio com uma nota oficial. O empresário expressou “profundo respeito” às pessoas afetadas pelas declarações e reiterou que sua intenção nunca foi desrespeitar ou ferir ninguém. “Infelizmente, algumas falas isoladas de convidados vão contra aquilo que acredito”, escreveu, destacando que não teve conhecimento prévio do conteúdo que seria apresentado por Baby do Brasil e pelos pastores.

Ratier também buscou distanciar o D-Edge das polêmicas. Ele afirmou ser “absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação” e defendeu que “todo crime deve ser denunciado e apurado”. Sobre as insinuações de apoio à “cura gay”, foi categórico: “Não acredito nessa ideia – ela não existe e jamais fez parte dos meus valores”. O empresário ressaltou os 25 anos de história do clube como um espaço de apoio à diversidade, especialmente à comunidade LGBTQIAPN+, que sempre encontrou na casa um ambiente acolhedor.

Por fim, ele anunciou que o culto foi um evento isolado e não se repetirá. “A casa continua com suas atividades normais, oferecendo a cada noite um espaço de música eletrônica, como sempre fez”, garantiu. Ratier ainda informou que está em diálogo com Baby do Brasil e os pastores envolvidos, cobrando esclarecimentos públicos sobre as falas. A resposta, porém, não aplacou totalmente as críticas, com muitos questionando como o evento foi permitido sem supervisão do conteúdo.

Baby do Brasil no olho do furacão

Baby do Brasil, ex-vocalista dos Novos Baianos e pastora evangélica há mais de duas décadas, tornou-se o principal alvo das críticas após o culto. Sua declaração sobre perdoar abusos sexuais foi vista como insensível, especialmente em um país onde a violência sexual é uma realidade alarmante. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2022, foram registrados mais de 66 mil casos de estupro no Brasil, sendo 61% das vítimas menores de 14 anos e, em muitos casos, agredidas por familiares.

A cantora, conhecida por sua autenticidade e estilo extravagante, tentou contextualizar sua fala durante o evento, dizendo que a “maior onda de todas é a do Espírito Santo” e que o perdão seria uma forma de libertação espiritual. No entanto, a ausência de uma retratação clara após a repercussão manteve o foco da polêmica sobre ela. A participação no culto marcou mais um capítulo controverso em sua trajetória recente, que já inclui declarações sobre o apocalipse durante o Carnaval de 2024, gerando um embate público com Ivete Sangalo.

Enquanto isso, a presença de Baby no D-Edge foi vista como uma escolha pessoal de Ratier, com quem mantém uma amizade de longa data. A cantora defendeu que não pretendia transformar a balada em um espaço gospel, mas sim apoiar o amigo em sua jornada espiritual. Apesar disso, a reação do público e da mídia colocou em xeque a compatibilidade entre sua mensagem e o histórico do clube.

D-Edge: de ícone da música eletrônica a palco de controvérsia

Inaugurado em 2003 na Barra Funda, o D-Edge é um marco na cena eletrônica brasileira. Fundado por Renato Ratier, o clube se consolidou como referência em techno e house, atraindo DJs renomados e um público fiel, incluindo uma expressiva parcela da comunidade LGBTQIAPN+. Há mais de uma década, a casa figura na lista dos 100 melhores clubes do mundo da revista DJ Mag, um reconhecimento de seu impacto cultural.

O evento de 10 de março, porém, desafiou essa identidade. Para muitos frequentadores, a realização de um culto evangélico em um espaço historicamente associado à liberdade sexual e à diversidade soou como uma contradição. Críticas nas redes sociais destacaram a ironia de um local que celebra a inclusão abrir portas para discursos percebidos como discriminatórios. “Um lugar que promove diversidade permitir isso é assustador”, escreveu um usuário no X, refletindo o sentimento de parte do público.

A transformação temporária da pista em um ambiente de culto não foi a primeira incursão de Ratier na espiritualidade pública. Em fevereiro, ele promoveu um ato religioso durante o festival Surreal Park, em Camboriú, Santa Catarina, mostrando uma crescente influência de sua conversão ao cristianismo, iniciada há cerca de quatro anos. Apesar disso, o D-Edge sempre manteve sua essência ligada à música eletrônica, o que torna o episódio recente uma exceção marcante em sua trajetória.

Cronologia da polêmica em São Paulo

A sequência de eventos que culminou na crise do D-Edge pode ser acompanhada por marcos específicos:

  • Fevereiro de 2024: Renato Ratier promove um ato religioso no festival Surreal Park, em Camboriú, sinalizando sua aproximação com a fé evangélica.
  • 10 de março: O culto “Frequência com Deus” ocorre no D-Edge, com participação de Baby do Brasil e dos pastores Pedro e Samuel Santana.
  • 11 de março: Vídeos das falas de Baby e do pastor Pedro viralizam, gerando críticas nas redes sociais.
  • 12 de março: Ratier publica nota oficial, classificando o evento como isolado e rejeitando as declarações polêmicas.

Esse cronograma evidencia a rapidez com que a situação escalou, forçando uma resposta imediata do empresário. A decisão de não repetir o culto sugere um recuo estratégico diante da pressão pública.

Resposta da comunidade e próximos passos

A comunidade LGBTQIAPN+, um dos pilares do público do D-Edge, reagiu com indignação ao evento. Frequentadores habituais expressaram decepção, alguns prometendo boicotar o clube. “Nunca mais piso lá, virou um lugar de hipocrisia”, declarou um internauta no X. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) foi além, acionando o Ministério Público de São Paulo para investigar possíveis crimes nas falas do culto, como apologia à violência ou discriminação.

Ratier, por sua vez, tenta preservar a reputação do D-Edge. Sua nota reforça o compromisso com a diversidade e a música eletrônica, mas o impacto a longo prazo na imagem do clube ainda é incerto. O empresário, que também enfrenta desafios pessoais com a esposa Sarah Cardoso em coma desde 2023, após complicações em um procedimento estético, destacou que o culto surgiu em um momento de busca por apoio espiritual.

Enquanto isso, Baby do Brasil segue sem se manifestar oficialmente sobre a polêmica. Sua assessoria foi procurada por diversos veículos, mas não houve resposta até o momento. A expectativa é que a cantora aborde o tema em breve, dado o peso das acusações e a visibilidade do caso.

Principais pontos da controvérsia

Para entender o alcance da polêmica, alguns aspectos se destacam:

  • Declaração de Baby: A sugestão de perdoar abusos sexuais, especialmente intrafamiliares, foi vista como uma trivialização de um crime grave.
  • Testemunho do pastor: A narrativa de “conversão” de Pedro Santana reacendeu o debate sobre a “cura gay”, rejeitada por entidades como o Conselho Federal de Psicologia.
  • Identidade do D-Edge: A realização do culto desafiou a percepção do clube como um espaço seguro para a diversidade.
  • Reação de Ratier: A nota oficial buscou conter os danos, mas não silenciou as críticas.

Esses elementos alimentam a discussão sobre os limites entre liberdade religiosa e responsabilidade social em espaços culturais. O caso também reflete a sensibilidade de temas como violência sexual e direitos LGBTQIAPN+ no Brasil.



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