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12 Mar 2025, Wed

“Ainda Estou Aqui” Eunice Paiva obtém certidão de óbito de Rubens Paiva após 25 anos

Fernanda Torres em cena como Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui


Em 23 de fevereiro de 1996, Eunice Paiva finalmente obteve a certidão de óbito de seu marido, Rubens Paiva, encerrando uma espera angustiante de 25 anos. O documento, emitido pelo 1º Cartório de Registro Civil de São Paulo, representou um reconhecimento oficial da morte do ex-deputado federal, desaparecido desde 1971, durante o regime militar brasileiro. A obtenção do documento foi um dos marcos na luta pela verdade histórica e justiça para as vítimas da repressão política. Durante mais de duas décadas, a família enfrentou incertezas, investigações paralisadas e a ausência de respostas concretas sobre o paradeiro do político. Mesmo diante de um cenário de censura e perseguição, Eunice persistiu, buscando incessantemente o reconhecimento da morte do marido e a responsabilização dos envolvidos. Seu esforço incansável ajudou a trazer visibilidade ao caso e reforçou o debate sobre os desaparecidos políticos no Brasil.

O desaparecimento de Rubens Paiva tornou-se um dos casos mais emblemáticos da repressão estatal. Após ser preso por agentes do DOI-CODI no Rio de Janeiro em janeiro de 1971, ele nunca mais foi visto. O governo, por anos, sustentou versões contraditórias sobre seu paradeiro, dificultando a busca por justiça.

A obtenção da certidão de óbito não apenas formalizou a perda da família, mas também representou um passo crucial na luta pelos direitos humanos e pela responsabilização do Estado nos crimes cometidos durante o regime militar.

Rubens Paiva: do Congresso Nacional ao desaparecimento forçado

Rubens Paiva foi eleito deputado federal em 1962 pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com a instauração do regime militar em 1964, teve seu mandato cassado e passou a viver sob constante vigilância. Durante anos, manteve-se ativo politicamente nos bastidores, até ser preso em 1971 por militares que alegavam envolvimento em atividades subversivas. A partir desse momento, sua história foi marcada por desinformação e tentativas do governo de apagar sua existência.

O regime militar negou envolvimento direto no desaparecimento de Paiva e sustentou diferentes versões, como a alegação de que ele havia fugido da prisão. No entanto, investigações posteriores comprovaram que ele foi torturado e morto sob custódia do Estado. Durante anos, documentos oficiais omitiram sua morte, contribuindo para a longa batalha da família por respostas.

A luta de Eunice Paiva por reconhecimento e justiça

Desde o desaparecimento do marido, Eunice Paiva dedicou sua vida à busca por justiça. Sem apoio do governo e enfrentando forte repressão, ela persistiu na luta pela verdade, tornando-se um símbolo da resistência contra os abusos do regime. Decidiu estudar Direito e se tornou uma defensora ativa dos direitos humanos, especialmente na defesa de comunidades indígenas e vítimas da ditadura.

A obtenção da certidão de óbito foi resultado de anos de luta e pressão sobre as autoridades. O documento, no entanto, não indicava a real causa da morte, omissão que só foi corrigida décadas depois, quando a Comissão Nacional da Verdade revisou documentos e determinou a retificação de registros de vítimas do regime.

Impacto da certidão de óbito e o reconhecimento oficial

O reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva foi um marco para outras famílias de desaparecidos políticos. O Brasil registrou centenas de casos semelhantes, em que presos políticos foram mortos e tiveram seus corpos ocultados pelo Estado. A entrega da certidão de óbito para Eunice simbolizou um avanço no reconhecimento das vítimas da ditadura e na reparação histórica.

Ao longo dos anos, diversos órgãos passaram a reavaliar documentos e investigar crimes cometidos no período militar. A pressão de grupos de direitos humanos levou à revisão de certidões de óbito de outros desaparecidos, garantindo que o Estado reconhecesse oficialmente sua responsabilidade.

Revisão e retificação da certidão de óbito de Rubens Paiva

Em 2025, a certidão de óbito de Rubens Paiva foi oficialmente retificada. O novo documento passou a indicar a causa da morte como “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”. A retificação seguiu diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determinou a correção das certidões de óbito de vítimas da ditadura militar.

A decisão foi considerada um avanço no processo de reconhecimento e responsabilização estatal. A inclusão da real causa da morte de Rubens Paiva foi um passo crucial para reforçar a memória histórica do período e dar visibilidade à gravidade dos crimes cometidos.

Lista de desaparecidos políticos reconhecidos oficialmente

  1. Rubens Paiva – ex-deputado federal, desaparecido em 1971
  2. Vladimir Herzog – jornalista, morto sob tortura em 1975
  3. Stuart Angel – militante estudantil, desaparecido em 1971
  4. Frei Tito – religioso perseguido e torturado, morreu em exílio
  5. Carlos Marighella – ex-deputado e líder guerrilheiro, assassinado em 1969
  6. Alexandre Vannucchi – estudante morto sob tortura em 1973
  7. Honestino Guimarães – líder estudantil, desaparecido em 1973

Repercussão cultural: do livro ao cinema

A história de Eunice e Rubens Paiva ganhou projeção nacional e internacional através do livro “Ainda Estou Aqui”, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do casal. A obra, publicada em 2015, detalha a luta da família pela verdade e pela memória do pai. O relato se tornou referência sobre os impactos da ditadura militar nas famílias dos desaparecidos políticos.

Em 2024, o livro foi adaptado para o cinema sob direção de Walter Salles. O filme “Ainda Estou Aqui” trouxe Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva e obteve reconhecimento internacional. A produção foi indicada a três categorias do Oscar em 2025, incluindo Melhor Filme Internacional.

Dados históricos sobre a ditadura militar no Brasil

  • O regime militar brasileiro durou de 1964 a 1985.
  • Mais de 400 pessoas foram mortas ou desapareceram por perseguição política.
  • Cerca de 50 mil pessoas foram presas arbitrariamente entre 1964 e 1979.
  • A Lei da Anistia de 1979 impediu a responsabilização de militares envolvidos em tortura e desaparecimentos.
  • A Comissão Nacional da Verdade, criada em 2011, investigou crimes do período e reconheceu a responsabilidade do Estado em centenas de casos.

Memória e continuidade da luta pelos direitos humanos

A luta de Eunice Paiva e de outras famílias de desaparecidos políticos contribuiu para a criação de políticas de reparação e para a preservação da memória histórica. A busca por justiça continua através de organizações e comissões que atuam para responsabilizar os agentes do Estado envolvidos em crimes da ditadura.

O reconhecimento das violações cometidas entre 1964 e 1985 é essencial para impedir que episódios semelhantes se repitam. Iniciativas como a revisão de certidões de óbito, a produção de filmes e livros sobre o tema e a inclusão da história da ditadura nos currículos escolares são fundamentais para a construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a democracia e os direitos humanos.



Em 23 de fevereiro de 1996, Eunice Paiva finalmente obteve a certidão de óbito de seu marido, Rubens Paiva, encerrando uma espera angustiante de 25 anos. O documento, emitido pelo 1º Cartório de Registro Civil de São Paulo, representou um reconhecimento oficial da morte do ex-deputado federal, desaparecido desde 1971, durante o regime militar brasileiro. A obtenção do documento foi um dos marcos na luta pela verdade histórica e justiça para as vítimas da repressão política. Durante mais de duas décadas, a família enfrentou incertezas, investigações paralisadas e a ausência de respostas concretas sobre o paradeiro do político. Mesmo diante de um cenário de censura e perseguição, Eunice persistiu, buscando incessantemente o reconhecimento da morte do marido e a responsabilização dos envolvidos. Seu esforço incansável ajudou a trazer visibilidade ao caso e reforçou o debate sobre os desaparecidos políticos no Brasil.

O desaparecimento de Rubens Paiva tornou-se um dos casos mais emblemáticos da repressão estatal. Após ser preso por agentes do DOI-CODI no Rio de Janeiro em janeiro de 1971, ele nunca mais foi visto. O governo, por anos, sustentou versões contraditórias sobre seu paradeiro, dificultando a busca por justiça.

A obtenção da certidão de óbito não apenas formalizou a perda da família, mas também representou um passo crucial na luta pelos direitos humanos e pela responsabilização do Estado nos crimes cometidos durante o regime militar.

Rubens Paiva: do Congresso Nacional ao desaparecimento forçado

Rubens Paiva foi eleito deputado federal em 1962 pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Com a instauração do regime militar em 1964, teve seu mandato cassado e passou a viver sob constante vigilância. Durante anos, manteve-se ativo politicamente nos bastidores, até ser preso em 1971 por militares que alegavam envolvimento em atividades subversivas. A partir desse momento, sua história foi marcada por desinformação e tentativas do governo de apagar sua existência.

O regime militar negou envolvimento direto no desaparecimento de Paiva e sustentou diferentes versões, como a alegação de que ele havia fugido da prisão. No entanto, investigações posteriores comprovaram que ele foi torturado e morto sob custódia do Estado. Durante anos, documentos oficiais omitiram sua morte, contribuindo para a longa batalha da família por respostas.

A luta de Eunice Paiva por reconhecimento e justiça

Desde o desaparecimento do marido, Eunice Paiva dedicou sua vida à busca por justiça. Sem apoio do governo e enfrentando forte repressão, ela persistiu na luta pela verdade, tornando-se um símbolo da resistência contra os abusos do regime. Decidiu estudar Direito e se tornou uma defensora ativa dos direitos humanos, especialmente na defesa de comunidades indígenas e vítimas da ditadura.

A obtenção da certidão de óbito foi resultado de anos de luta e pressão sobre as autoridades. O documento, no entanto, não indicava a real causa da morte, omissão que só foi corrigida décadas depois, quando a Comissão Nacional da Verdade revisou documentos e determinou a retificação de registros de vítimas do regime.

Impacto da certidão de óbito e o reconhecimento oficial

O reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva foi um marco para outras famílias de desaparecidos políticos. O Brasil registrou centenas de casos semelhantes, em que presos políticos foram mortos e tiveram seus corpos ocultados pelo Estado. A entrega da certidão de óbito para Eunice simbolizou um avanço no reconhecimento das vítimas da ditadura e na reparação histórica.

Ao longo dos anos, diversos órgãos passaram a reavaliar documentos e investigar crimes cometidos no período militar. A pressão de grupos de direitos humanos levou à revisão de certidões de óbito de outros desaparecidos, garantindo que o Estado reconhecesse oficialmente sua responsabilidade.

Revisão e retificação da certidão de óbito de Rubens Paiva

Em 2025, a certidão de óbito de Rubens Paiva foi oficialmente retificada. O novo documento passou a indicar a causa da morte como “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”. A retificação seguiu diretrizes estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que determinou a correção das certidões de óbito de vítimas da ditadura militar.

A decisão foi considerada um avanço no processo de reconhecimento e responsabilização estatal. A inclusão da real causa da morte de Rubens Paiva foi um passo crucial para reforçar a memória histórica do período e dar visibilidade à gravidade dos crimes cometidos.

Lista de desaparecidos políticos reconhecidos oficialmente

  1. Rubens Paiva – ex-deputado federal, desaparecido em 1971
  2. Vladimir Herzog – jornalista, morto sob tortura em 1975
  3. Stuart Angel – militante estudantil, desaparecido em 1971
  4. Frei Tito – religioso perseguido e torturado, morreu em exílio
  5. Carlos Marighella – ex-deputado e líder guerrilheiro, assassinado em 1969
  6. Alexandre Vannucchi – estudante morto sob tortura em 1973
  7. Honestino Guimarães – líder estudantil, desaparecido em 1973

Repercussão cultural: do livro ao cinema

A história de Eunice e Rubens Paiva ganhou projeção nacional e internacional através do livro “Ainda Estou Aqui”, escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do casal. A obra, publicada em 2015, detalha a luta da família pela verdade e pela memória do pai. O relato se tornou referência sobre os impactos da ditadura militar nas famílias dos desaparecidos políticos.

Em 2024, o livro foi adaptado para o cinema sob direção de Walter Salles. O filme “Ainda Estou Aqui” trouxe Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva e obteve reconhecimento internacional. A produção foi indicada a três categorias do Oscar em 2025, incluindo Melhor Filme Internacional.

Dados históricos sobre a ditadura militar no Brasil

  • O regime militar brasileiro durou de 1964 a 1985.
  • Mais de 400 pessoas foram mortas ou desapareceram por perseguição política.
  • Cerca de 50 mil pessoas foram presas arbitrariamente entre 1964 e 1979.
  • A Lei da Anistia de 1979 impediu a responsabilização de militares envolvidos em tortura e desaparecimentos.
  • A Comissão Nacional da Verdade, criada em 2011, investigou crimes do período e reconheceu a responsabilidade do Estado em centenas de casos.

Memória e continuidade da luta pelos direitos humanos

A luta de Eunice Paiva e de outras famílias de desaparecidos políticos contribuiu para a criação de políticas de reparação e para a preservação da memória histórica. A busca por justiça continua através de organizações e comissões que atuam para responsabilizar os agentes do Estado envolvidos em crimes da ditadura.

O reconhecimento das violações cometidas entre 1964 e 1985 é essencial para impedir que episódios semelhantes se repitam. Iniciativas como a revisão de certidões de óbito, a produção de filmes e livros sobre o tema e a inclusão da história da ditadura nos currículos escolares são fundamentais para a construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a democracia e os direitos humanos.



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