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13 Mar 2025, Thu

o que levou à demissão após 25 anos

Cesar Tralli


A demissão de Rodrigo Bocardi da TV Globo, anunciada no dia 30 de janeiro, continua reverberando no meio jornalístico e entre o público. Após 25 anos de uma carreira consolidada na emissora, o ex-apresentador do Bom Dia São Paulo foi desligado por justa causa, acusado de descumprir normas éticas do jornalismo da casa. Nos bastidores, um nome surge como peça-chave nesse episódio: César Tralli, colega de profissão e apresentador do Jornal Hoje, teria sido o responsável por trazer à tona as irregularidades que culminaram na saída de Bocardi. A situação expõe não apenas tensões internas na Globo, mas também os rígidos padrões de compliance que regem a conduta de seus profissionais. O caso, que envolve denúncias graves como recebimento de pagamentos para influenciar pautas, reacende debates sobre ética jornalística e os limites da atuação de profissionais da mídia.

Rapidamente, a Globo agiu para substituir Bocardi no comando do Bom Dia São Paulo. Sabina Simonato, que já atuava como coapresentadora, assumiu interinamente o telejornal a partir do dia 31 de janeiro, enquanto também se prepara para estrear o Bom Dia Sábado ao lado de Marcelo Pereira. A emissora, em comunicado oficial, limitou-se a informar que o desligamento ocorreu por “descumprimento de normas éticas”, sem detalhar as acusações. Nos corredores da redação em São Paulo, o clima é de choque e desconfiança, enquanto o público acompanha o desenrolar de um dos episódios mais polêmicos da história recente do jornalismo da Globo.

Tralli, apontado como o denunciante, já havia enfrentado uma situação semelhante em 2017, quando foi repreendido pela emissora por realizar permutas para seu casamento com Ticiane Pinheiro. O episódio, que resultou em uma proibição geral de divulgação de marcas por jornalistas da Globo em redes sociais, parece ter deixado marcas. Agora, sua suposta denúncia contra Bocardi coloca o apresentador novamente no centro de uma controvérsia, levantando questões sobre lealdade e rivalidade no ambiente altamente competitivo da emissora.

Os bastidores da denúncia: como Tralli revelou as irregularidades

Nos últimos dias de janeiro, a redação da Globo em São Paulo foi pega de surpresa com a notícia da demissão de Rodrigo Bocardi. O jornalista, que apresentou o Bom Dia São Paulo normalmente no dia 30, foi chamado para uma reunião com Ricardo Villela, diretor geral de jornalismo, que veio do Rio de Janeiro especialmente para tratar do caso. Horas depois, o comunicado oficial confirmava seu desligamento. Nos bastidores, circula a informação de que César Tralli foi o responsável por alertar o setor de compliance da emissora sobre atividades paralelas de Bocardi que violavam o código de ética.

De acordo com informações apuradas, Bocardi estaria prestando serviços de comunicação para empresas que atendem contas públicas, como prefeituras da Grande São Paulo, além de oferecer media training a políticos e empresários que, eventualmente, apareciam na própria Globo. Essas práticas, que incluíam a possibilidade de receber pagamentos para evitar críticas no Bom Dia São Paulo, foram consideradas uma infração grave às normas da emissora. Tralli, ciente dessas movimentações, teria levado o caso à alta cúpula, desencadeando uma investigação interna que resultou na saída abrupta de Bocardi.

A denúncia não foi algo isolado. Há indícios de que o clima entre os dois jornalistas já não era dos melhores, alimentado por uma competição velada no ambiente jornalístico da Globo. Tralli, que comanda o Jornal Hoje e é visto como um dos pilares da emissora, teria agido movido tanto por princípios éticos quanto por uma oportunidade de se posicionar como defensor das regras internas. O episódio, contudo, reacende memórias de 2017, quando o próprio Tralli enfrentou advertências por permutas em seu casamento, o que o obrigou a se alinhar rigorosamente às diretrizes da casa desde então.

O que dizem as normas éticas da Globo violadas por Bocardi

Rodrigo Bocardi não é o primeiro jornalista da Globo a enfrentar problemas relacionados ao compliance, mas seu caso se destaca pela gravidade e pela decisão de demissão por justa causa. O código de ética da emissora, implementado em 2015, estabelece regras claras para garantir a isenção e a credibilidade de seus profissionais. Entre os princípios, está a proibição de atividades paralelas que possam gerar conflitos de interesse ou comprometer a imparcialidade jornalística. No caso de Bocardi, as acusações apontam para um esquema em que ele cobrava de empresas de setores como transporte público, coleta de lixo e obras para evitar críticas em seu telejornal matinal.

Além disso, o jornalista foi vinculado a uma agência de relações públicas que trabalha com partidos políticos e empresas prestadoras de serviços a governos. Essa agência, comandada por outro profissional do meio jornalístico, teria usado o nome de Bocardi para negociar vantagens com clientes, muitos dos quais apareciam em reportagens da Globo. A prática de media training, embora comum entre jornalistas, torna-se problemática quando envolve figuras que podem ser beneficiadas diretamente pela cobertura da emissora, configurando um claro desrespeito às diretrizes internas.

A Globo, ao optar pela demissão por justa causa, sinaliza que possui evidências robustas contra Bocardi. Diferentemente de casos anteriores, como o de Dony De Nuccio em 2019, que deixou a emissora após prestar serviços a um banco, Bocardi não recebeu tratamento brando. Enquanto De Nuccio saiu com direitos trabalhistas preservados e um comunicado elogioso, o ex-âncora do Bom Dia São Paulo perdeu benefícios como multa de 40% sobre o FGTS e aviso prévio, indicando a seriedade das acusações.

Cronologia do escândalo: os eventos que culminaram na saída

O caso de Rodrigo Bocardi na Globo seguiu uma sequência de eventos que expôs fragilidades e tensões na redação. Aqui está um panorama dos principais momentos:

  • 1999: Bocardi ingressa na Globo como repórter, iniciando uma trajetória de 25 anos na emissora.
  • 2013: Assume o comando do Bom Dia São Paulo, consolidando-se como um dos rostos mais conhecidos do jornalismo matinal.
  • Janeiro de 2025: César Tralli alerta o setor de compliance sobre atividades suspeitas de Bocardi, desencadeando uma investigação interna.
  • 30 de janeiro: Bocardi apresenta o Bom Dia São Paulo pela última vez e é informado de sua demissão em reunião com Ricardo Villela.
  • 31 de janeiro: Sabina Simonato assume interinamente o telejornal, e Bocardi publica um vídeo nas redes sociais afirmando estar com a “consciência tranquila”.

Essa linha do tempo reflete a rapidez com que a Globo agiu após a denúncia de Tralli. A investigação, conduzida pelo Comitê de Auditoria e Compliance e pela Comissão de Ética e Conduta, concluiu que as infrações eram graves o suficiente para justificar a dispensa imediata.

A reação de Bocardi e os planos contra a Globo

Demitido de forma inesperada, Rodrigo Bocardi não demorou a se pronunciar. Em um vídeo publicado nas redes sociais no dia 31 de janeiro, o jornalista classificou sua saída como um “grande susto” e agradeceu pelos 25 anos na Globo, destacando que sempre atuou com os mesmos princípios. Ele evitou entrar em detalhes sobre as acusações, mas deixou claro que não pretende aceitar a decisão passivamente. Nos bastidores, já se sabe que Bocardi prepara uma ação judicial contra a emissora, buscando reverter a justa causa ou, ao menos, garantir indenizações por danos morais e materiais.

A estratégia de Bocardi deve se basear em dois pontos principais. Primeiro, ele argumenta que não tinha poder de decisão final sobre o conteúdo do Bom Dia São Paulo, já que não era editor do programa, o que limitaria sua capacidade de influenciar pautas em troca de pagamentos. Segundo, o jornalista sugere que seu nome pode ter sido usado por terceiros sem autorização, uma possibilidade que ele não descarta. A batalha judicial promete ser longa, e a Globo terá de apresentar provas concretas para sustentar a demissão por justa causa perante a Justiça.

Enquanto isso, o clima na redação da Globo em São Paulo permanece tenso. Há informações de que outros três profissionais estão sendo monitorados por possíveis envolvimentos em práticas semelhantes às de Bocardi. A emissora, no entanto, planeja lidar com esses casos de forma discreta, evitando que o escândalo ganhe ainda mais proporções na mídia.

O histórico de Tralli: de repreendido a denunciante

César Tralli, agora no centro da polêmica envolvendo Bocardi, tem seu próprio passado de embates com as normas da Globo. Em 2017, o apresentador foi advertido por realizar permutas para seu casamento com Ticiane Pinheiro, prática que incluía a divulgação de marcas em troca de benefícios. O caso gerou um comunicado interno assinado por Ali Kamel, então diretor de jornalismo, reforçando que os jornalistas da emissora deveriam evitar qualquer ação que comprometesse a isenção. Desde então, Tralli se alinhou rigorosamente às regras, o que pode ter influenciado sua decisão de denunciar Bocardi.

Atualmente no comando do Jornal Hoje, Tralli é visto como uma figura de peso na Globo, com uma carreira marcada por coberturas importantes e uma postura discreta fora das telas. Sua denúncia contra Bocardi, contudo, levanta especulações sobre rivalidades internas. Alguns apontam que o gesto pode ter sido uma forma de se fortalecer dentro da emissora, enquanto outros defendem que Tralli agiu por compromisso ético, especialmente após sua própria experiência com o compliance.

A relação entre os dois jornalistas nunca foi publicamente conflituosa, mas o episódio sugere fissuras no ambiente da Globo. Tralli, por ora, mantém silêncio sobre o caso, enquanto Bocardi insinua, em suas declarações, que há mais a ser revelado sobre os bastidores dessa história.

Impactos na Globo: o que muda após a demissão

A saída de Rodrigo Bocardi deixa um vazio no Bom Dia São Paulo, um dos telejornais mais tradicionais da Globo em São Paulo. Sabina Simonato, que assumiu interinamente, traz experiência como coapresentadora e uma postura mais leve, mas ainda enfrenta o desafio de conquistar o público que se acostumou ao estilo direto e por vezes polêmico de Bocardi. A emissora já planeja ajustes na grade matinal, incluindo a estreia do Bom Dia Sábado, que pode ajudar a renovar a audiência na faixa.

Internamente, o caso reforça o papel do compliance como um mecanismo implacável na Globo. A decisão de demitir Bocardi por justa causa, algo raro na história da emissora, envia uma mensagem clara aos funcionários: violações éticas não serão toleradas. Isso ocorre em um momento em que a Globo busca manter sua credibilidade em um mercado midiático cada vez mais competitivo, enfrentando concorrentes como portais de notícias e plataformas digitais.

Para o público, a demissão também gera reações mistas. Nas redes sociais, há quem lamente a saída de Bocardi, destacando seu carisma e proximidade com os telespectadores, enquanto outros aprovam a rigidez da Globo em punir irregularidades. A audiência do Bom Dia São Paulo deve ser acompanhada de perto nas próximas semanas para avaliar os reflexos dessa transição.

Detalhes da acusação: o que Bocardi teria feito

As denúncias contra Rodrigo Bocardi apontam para um esquema que comprometeu sua atuação na Globo. Ele teria usado sua influência como apresentador para negociar vantagens com empresas e políticos, oferecendo proteção contra críticas no Bom Dia São Paulo. Entre os setores citados estão companhias de ônibus, coleta de lixo e obras públicas, muitas delas ligadas a contratos com prefeituras da Grande São Paulo. A prática, conhecida no meio como “vender seguro”, envolve receber pagamentos para evitar menções negativas na mídia.

Outro aspecto levantado é o envolvimento de uma agência de relações públicas, que monitorava o telejornal e fazia pontes entre Bocardi e clientes. Embora o jornalista negue as acusações, afirmando que atuava apenas como palestrante e consultor em comunicação, a Globo considerou as evidências suficientes para agir. A emissora, que raramente detalha decisões de compliance, deve apresentar essas provas na Justiça, caso o processo de Bocardi avance.

A gravidade do caso também é refletida na rapidez da demissão. Em menos de uma semana após a denúncia de Tralli, a Globo concluiu a investigação e encerrou o contrato de um de seus principais apresentadores, mostrando que a tolerância a desvios éticos é cada vez menor na empresa.

Próximos passos: o que esperar do caso

Rodrigo Bocardi já sinaliza que não deixará o caso encerrado com sua saída da Globo. Em suas redes sociais, ele prometeu reaparecer “em outros lugares” e manter contato com o público, sugerindo que pode estar negociando com outras emissoras ou plataformas. Sua ação judicial contra a Globo será um teste para a robustez das provas da emissora e pode abrir precedentes para outros casos de compliance no jornalismo brasileiro.

Enquanto isso, a Globo segue monitorando possíveis cúmplices de Bocardi na redação, com três nomes sob investigação. A emissora planeja tratar essas situações com discrição, evitando novos escândalos públicos. Para Sabina Simonato, o desafio é consolidar sua posição no Bom Dia São Paulo, trazendo estabilidade a um programa que perdeu um de seus maiores símbolos.

O embate entre Bocardi e a Globo, com Tralli como figura central na denúncia, ainda reserva desdobramentos. A batalha judicial e os rumos da carreira do jornalista serão acompanhados de perto, enquanto a emissora tenta virar a página de um dos capítulos mais turbulentos de sua história recente.



A demissão de Rodrigo Bocardi da TV Globo, anunciada no dia 30 de janeiro, continua reverberando no meio jornalístico e entre o público. Após 25 anos de uma carreira consolidada na emissora, o ex-apresentador do Bom Dia São Paulo foi desligado por justa causa, acusado de descumprir normas éticas do jornalismo da casa. Nos bastidores, um nome surge como peça-chave nesse episódio: César Tralli, colega de profissão e apresentador do Jornal Hoje, teria sido o responsável por trazer à tona as irregularidades que culminaram na saída de Bocardi. A situação expõe não apenas tensões internas na Globo, mas também os rígidos padrões de compliance que regem a conduta de seus profissionais. O caso, que envolve denúncias graves como recebimento de pagamentos para influenciar pautas, reacende debates sobre ética jornalística e os limites da atuação de profissionais da mídia.

Rapidamente, a Globo agiu para substituir Bocardi no comando do Bom Dia São Paulo. Sabina Simonato, que já atuava como coapresentadora, assumiu interinamente o telejornal a partir do dia 31 de janeiro, enquanto também se prepara para estrear o Bom Dia Sábado ao lado de Marcelo Pereira. A emissora, em comunicado oficial, limitou-se a informar que o desligamento ocorreu por “descumprimento de normas éticas”, sem detalhar as acusações. Nos corredores da redação em São Paulo, o clima é de choque e desconfiança, enquanto o público acompanha o desenrolar de um dos episódios mais polêmicos da história recente do jornalismo da Globo.

Tralli, apontado como o denunciante, já havia enfrentado uma situação semelhante em 2017, quando foi repreendido pela emissora por realizar permutas para seu casamento com Ticiane Pinheiro. O episódio, que resultou em uma proibição geral de divulgação de marcas por jornalistas da Globo em redes sociais, parece ter deixado marcas. Agora, sua suposta denúncia contra Bocardi coloca o apresentador novamente no centro de uma controvérsia, levantando questões sobre lealdade e rivalidade no ambiente altamente competitivo da emissora.

Os bastidores da denúncia: como Tralli revelou as irregularidades

Nos últimos dias de janeiro, a redação da Globo em São Paulo foi pega de surpresa com a notícia da demissão de Rodrigo Bocardi. O jornalista, que apresentou o Bom Dia São Paulo normalmente no dia 30, foi chamado para uma reunião com Ricardo Villela, diretor geral de jornalismo, que veio do Rio de Janeiro especialmente para tratar do caso. Horas depois, o comunicado oficial confirmava seu desligamento. Nos bastidores, circula a informação de que César Tralli foi o responsável por alertar o setor de compliance da emissora sobre atividades paralelas de Bocardi que violavam o código de ética.

De acordo com informações apuradas, Bocardi estaria prestando serviços de comunicação para empresas que atendem contas públicas, como prefeituras da Grande São Paulo, além de oferecer media training a políticos e empresários que, eventualmente, apareciam na própria Globo. Essas práticas, que incluíam a possibilidade de receber pagamentos para evitar críticas no Bom Dia São Paulo, foram consideradas uma infração grave às normas da emissora. Tralli, ciente dessas movimentações, teria levado o caso à alta cúpula, desencadeando uma investigação interna que resultou na saída abrupta de Bocardi.

A denúncia não foi algo isolado. Há indícios de que o clima entre os dois jornalistas já não era dos melhores, alimentado por uma competição velada no ambiente jornalístico da Globo. Tralli, que comanda o Jornal Hoje e é visto como um dos pilares da emissora, teria agido movido tanto por princípios éticos quanto por uma oportunidade de se posicionar como defensor das regras internas. O episódio, contudo, reacende memórias de 2017, quando o próprio Tralli enfrentou advertências por permutas em seu casamento, o que o obrigou a se alinhar rigorosamente às diretrizes da casa desde então.

O que dizem as normas éticas da Globo violadas por Bocardi

Rodrigo Bocardi não é o primeiro jornalista da Globo a enfrentar problemas relacionados ao compliance, mas seu caso se destaca pela gravidade e pela decisão de demissão por justa causa. O código de ética da emissora, implementado em 2015, estabelece regras claras para garantir a isenção e a credibilidade de seus profissionais. Entre os princípios, está a proibição de atividades paralelas que possam gerar conflitos de interesse ou comprometer a imparcialidade jornalística. No caso de Bocardi, as acusações apontam para um esquema em que ele cobrava de empresas de setores como transporte público, coleta de lixo e obras para evitar críticas em seu telejornal matinal.

Além disso, o jornalista foi vinculado a uma agência de relações públicas que trabalha com partidos políticos e empresas prestadoras de serviços a governos. Essa agência, comandada por outro profissional do meio jornalístico, teria usado o nome de Bocardi para negociar vantagens com clientes, muitos dos quais apareciam em reportagens da Globo. A prática de media training, embora comum entre jornalistas, torna-se problemática quando envolve figuras que podem ser beneficiadas diretamente pela cobertura da emissora, configurando um claro desrespeito às diretrizes internas.

A Globo, ao optar pela demissão por justa causa, sinaliza que possui evidências robustas contra Bocardi. Diferentemente de casos anteriores, como o de Dony De Nuccio em 2019, que deixou a emissora após prestar serviços a um banco, Bocardi não recebeu tratamento brando. Enquanto De Nuccio saiu com direitos trabalhistas preservados e um comunicado elogioso, o ex-âncora do Bom Dia São Paulo perdeu benefícios como multa de 40% sobre o FGTS e aviso prévio, indicando a seriedade das acusações.

Cronologia do escândalo: os eventos que culminaram na saída

O caso de Rodrigo Bocardi na Globo seguiu uma sequência de eventos que expôs fragilidades e tensões na redação. Aqui está um panorama dos principais momentos:

  • 1999: Bocardi ingressa na Globo como repórter, iniciando uma trajetória de 25 anos na emissora.
  • 2013: Assume o comando do Bom Dia São Paulo, consolidando-se como um dos rostos mais conhecidos do jornalismo matinal.
  • Janeiro de 2025: César Tralli alerta o setor de compliance sobre atividades suspeitas de Bocardi, desencadeando uma investigação interna.
  • 30 de janeiro: Bocardi apresenta o Bom Dia São Paulo pela última vez e é informado de sua demissão em reunião com Ricardo Villela.
  • 31 de janeiro: Sabina Simonato assume interinamente o telejornal, e Bocardi publica um vídeo nas redes sociais afirmando estar com a “consciência tranquila”.

Essa linha do tempo reflete a rapidez com que a Globo agiu após a denúncia de Tralli. A investigação, conduzida pelo Comitê de Auditoria e Compliance e pela Comissão de Ética e Conduta, concluiu que as infrações eram graves o suficiente para justificar a dispensa imediata.

A reação de Bocardi e os planos contra a Globo

Demitido de forma inesperada, Rodrigo Bocardi não demorou a se pronunciar. Em um vídeo publicado nas redes sociais no dia 31 de janeiro, o jornalista classificou sua saída como um “grande susto” e agradeceu pelos 25 anos na Globo, destacando que sempre atuou com os mesmos princípios. Ele evitou entrar em detalhes sobre as acusações, mas deixou claro que não pretende aceitar a decisão passivamente. Nos bastidores, já se sabe que Bocardi prepara uma ação judicial contra a emissora, buscando reverter a justa causa ou, ao menos, garantir indenizações por danos morais e materiais.

A estratégia de Bocardi deve se basear em dois pontos principais. Primeiro, ele argumenta que não tinha poder de decisão final sobre o conteúdo do Bom Dia São Paulo, já que não era editor do programa, o que limitaria sua capacidade de influenciar pautas em troca de pagamentos. Segundo, o jornalista sugere que seu nome pode ter sido usado por terceiros sem autorização, uma possibilidade que ele não descarta. A batalha judicial promete ser longa, e a Globo terá de apresentar provas concretas para sustentar a demissão por justa causa perante a Justiça.

Enquanto isso, o clima na redação da Globo em São Paulo permanece tenso. Há informações de que outros três profissionais estão sendo monitorados por possíveis envolvimentos em práticas semelhantes às de Bocardi. A emissora, no entanto, planeja lidar com esses casos de forma discreta, evitando que o escândalo ganhe ainda mais proporções na mídia.

O histórico de Tralli: de repreendido a denunciante

César Tralli, agora no centro da polêmica envolvendo Bocardi, tem seu próprio passado de embates com as normas da Globo. Em 2017, o apresentador foi advertido por realizar permutas para seu casamento com Ticiane Pinheiro, prática que incluía a divulgação de marcas em troca de benefícios. O caso gerou um comunicado interno assinado por Ali Kamel, então diretor de jornalismo, reforçando que os jornalistas da emissora deveriam evitar qualquer ação que comprometesse a isenção. Desde então, Tralli se alinhou rigorosamente às regras, o que pode ter influenciado sua decisão de denunciar Bocardi.

Atualmente no comando do Jornal Hoje, Tralli é visto como uma figura de peso na Globo, com uma carreira marcada por coberturas importantes e uma postura discreta fora das telas. Sua denúncia contra Bocardi, contudo, levanta especulações sobre rivalidades internas. Alguns apontam que o gesto pode ter sido uma forma de se fortalecer dentro da emissora, enquanto outros defendem que Tralli agiu por compromisso ético, especialmente após sua própria experiência com o compliance.

A relação entre os dois jornalistas nunca foi publicamente conflituosa, mas o episódio sugere fissuras no ambiente da Globo. Tralli, por ora, mantém silêncio sobre o caso, enquanto Bocardi insinua, em suas declarações, que há mais a ser revelado sobre os bastidores dessa história.

Impactos na Globo: o que muda após a demissão

A saída de Rodrigo Bocardi deixa um vazio no Bom Dia São Paulo, um dos telejornais mais tradicionais da Globo em São Paulo. Sabina Simonato, que assumiu interinamente, traz experiência como coapresentadora e uma postura mais leve, mas ainda enfrenta o desafio de conquistar o público que se acostumou ao estilo direto e por vezes polêmico de Bocardi. A emissora já planeja ajustes na grade matinal, incluindo a estreia do Bom Dia Sábado, que pode ajudar a renovar a audiência na faixa.

Internamente, o caso reforça o papel do compliance como um mecanismo implacável na Globo. A decisão de demitir Bocardi por justa causa, algo raro na história da emissora, envia uma mensagem clara aos funcionários: violações éticas não serão toleradas. Isso ocorre em um momento em que a Globo busca manter sua credibilidade em um mercado midiático cada vez mais competitivo, enfrentando concorrentes como portais de notícias e plataformas digitais.

Para o público, a demissão também gera reações mistas. Nas redes sociais, há quem lamente a saída de Bocardi, destacando seu carisma e proximidade com os telespectadores, enquanto outros aprovam a rigidez da Globo em punir irregularidades. A audiência do Bom Dia São Paulo deve ser acompanhada de perto nas próximas semanas para avaliar os reflexos dessa transição.

Detalhes da acusação: o que Bocardi teria feito

As denúncias contra Rodrigo Bocardi apontam para um esquema que comprometeu sua atuação na Globo. Ele teria usado sua influência como apresentador para negociar vantagens com empresas e políticos, oferecendo proteção contra críticas no Bom Dia São Paulo. Entre os setores citados estão companhias de ônibus, coleta de lixo e obras públicas, muitas delas ligadas a contratos com prefeituras da Grande São Paulo. A prática, conhecida no meio como “vender seguro”, envolve receber pagamentos para evitar menções negativas na mídia.

Outro aspecto levantado é o envolvimento de uma agência de relações públicas, que monitorava o telejornal e fazia pontes entre Bocardi e clientes. Embora o jornalista negue as acusações, afirmando que atuava apenas como palestrante e consultor em comunicação, a Globo considerou as evidências suficientes para agir. A emissora, que raramente detalha decisões de compliance, deve apresentar essas provas na Justiça, caso o processo de Bocardi avance.

A gravidade do caso também é refletida na rapidez da demissão. Em menos de uma semana após a denúncia de Tralli, a Globo concluiu a investigação e encerrou o contrato de um de seus principais apresentadores, mostrando que a tolerância a desvios éticos é cada vez menor na empresa.

Próximos passos: o que esperar do caso

Rodrigo Bocardi já sinaliza que não deixará o caso encerrado com sua saída da Globo. Em suas redes sociais, ele prometeu reaparecer “em outros lugares” e manter contato com o público, sugerindo que pode estar negociando com outras emissoras ou plataformas. Sua ação judicial contra a Globo será um teste para a robustez das provas da emissora e pode abrir precedentes para outros casos de compliance no jornalismo brasileiro.

Enquanto isso, a Globo segue monitorando possíveis cúmplices de Bocardi na redação, com três nomes sob investigação. A emissora planeja tratar essas situações com discrição, evitando novos escândalos públicos. Para Sabina Simonato, o desafio é consolidar sua posição no Bom Dia São Paulo, trazendo estabilidade a um programa que perdeu um de seus maiores símbolos.

O embate entre Bocardi e a Globo, com Tralli como figura central na denúncia, ainda reserva desdobramentos. A batalha judicial e os rumos da carreira do jornalista serão acompanhados de perto, enquanto a emissora tenta virar a página de um dos capítulos mais turbulentos de sua história recente.



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